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Quem a Rússia apoia no conflito Israel-Palestina?
Quem a Rússia apoia no conflito Israel-Palestina?
Sputnik Brasil
Moscou expressou prontidão para ajudar na mediação de um acordo negociado para a crise entre palestinos e israelenses. Mas onde estão as verdadeiras simpatias... 13.10.2023, Sputnik Brasil
2023-10-13T19:50-0300
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2023-10-16T23:00-0300
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"Gostaria de enfatizar que a Rússia está pronta para coordenar com todos os parceiros de mente construtiva. Partimos da visão de que não há alternativa para resolver o conflito palestino-israelense a não ser por meio de negociações", acrescentou Putin, afirmando que uma ofensiva terrestre israelense em Gaza resultaria em baixas civis "absolutamente inaceitáveis".O objetivo das negociações "deveria ser a implementação da fórmula de dois Estados da ONU, que prevê a criação de um Estado palestino independente com capital em Jerusalém Oriental, coexistindo em paz e segurança com Israel", disse o presidente russo. "Precisamos nos preocupar em resolver esse problema por meios pacíficos. Na situação atual, não há alternativa", enfatizou.Reiterando sua posição anterior de que a crise resulta da política regional fracassada de Washington, Putin apontou que o chamado Quarteto do Oriente Médio, composto pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela Rússia, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, não foi ativado para tentar acalmar as tensões.Na fala, o presidente se referiu ao plano de paz palestino-israelense apresentado no início de 2020 pela administração Trump, que propunha grandes concessões territoriais palestinas em troca de auxílio financeiro. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou o plano na época, afirmando que ele pertencia à "lata de lixo da história".Os esforços da Rússia para adotar uma abordagem equilibrada para a crise palestino-israelense têm provocado alarme nos círculos do establishment dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a mídia ocidental produzindo artigos sobre como Moscou poderia "se beneficiar" ou "tirar vantagem" do conflito e tentando distorcer a narrativa para encontrar um suposto traço de influência russa na escalada da violência.A campanha de propaganda decorre da decisão de Putin de não se juntar aos líderes ocidentais em oferecer total apoio a Israel e, em vez disso, mergulhar na história para destacar que a "raiz de todos os problemas" da crise é o fracasso na criação de um Estado palestino ao lado de um Estado judeu, conforme estipulado pela ONU em 1947.O problema palestino "toca o coração" de todos os habitantes do Oriente Médio e de todos os muçulmanos em geral, disse Putin, acrescentando que a posição da Rússia no conflito "é bem conhecida tanto pelo lado israelense quanto pelos nossos amigos na Palestina".Posição forjada ao longo de décadasA postura atual de Moscou em relação à questão palestino-israelense, que busca alcançar o máximo equilíbrio, segue décadas de posições que mudaram drasticamente com base em considerações geopolíticas e ideológicas, remontando ao início da crise, no final da década de 1940.Como membro fundador do sistema da ONU que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética apoiou a criação de dois Estados, um palestino e um judeu, separados. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se tornou o primeiro país do mundo a reconhecer Israel, em 1948, e chegou ao ponto de aprovar vendas de armas pela Tchecoslováquia, um país do bloco soviético, a Tel Aviv durante a guerra árabe-israelense de 1948–1949.No entanto, as relações entre a União Soviética e Israel logo se deterioraram, devido ao não cumprimento da prometida criação do Estado palestino, com Tel Aviv agravando a situação ao ignorar a proposta de Moscou de tutela do Conselho de Segurança da ONU sobre a cidade de Jerusalém.Demandas israelenses para que a URSS permitisse a imigração de judeus soviéticos, além dos esforços graduais de Tel Aviv para se aproximar do Ocidente, levaram Moscou a romper as relações comerciais em 1949 e, posteriormente, as relações diplomáticas por completo no início de 1953, após um ataque terrorista na missão diplomática soviética em Israel, que Moscou atribuiu ao governo israelense.As relações foram restauradas pouco depois da morte de Joseph Stalin, em meados de 1953, mas permaneceram tensas, com o apoio soviético a movimentos de libertação nacional em todo o Oriente Médio, incluindo o Egito de Gamal Abdel Nasser, que se recusou a reconhecer o direito de existência de Israel, naturalmente tensionando os laços.Em junho de 1967, depois que Israel lançou ataques aéreos preventivos contra os egípcios e desencadeou uma nova guerra regional com Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Argélia, Moscou rompeu novamente relações com Tel Aviv.Os laços começaram a ser restabelecidos gradualmente nos anos 1980, depois que Mikhail Gorbachev lançou sua perestroika e as reformas do novo pensamento político, destinadas a encerrar a Guerra Fria. Os contatos consulares soviético-israelenses foram retomados em 1987, e as relações diplomáticas foram completamente restabelecidas em outubro de 1991, meses antes do colapso da União Soviética.No período pós-soviético, os laços entre Rússia e Israel se aqueceram rapidamente, incluindo contatos diplomáticos, econômicos, culturais e até militares próximos, complementados pela migração de centenas de milhares de judeus da Rússia para Israel, com um regime de viagens sem visto acordado em 2008. Politicamente, apesar da aliança de Israel com os EUA, Moscou encontrou maneiras de encontrar pontos em comum com Tel Aviv, concentrando-se fortemente na cooperação contra o terrorismo (mas sem concordar em categorizar formalmente certos inimigos de Israel, incluindo o Hamas e o Hezbollah, como "grupos terroristas").Durante o período pós-soviético, a Rússia também continuou a apoiar a Palestina em sua busca pelo reconhecimento do Estado soberano, juntando-se a outros 137 membros da ONU que concordam com a reivindicação, e oficiais russos, incluindo o presidente Putin, se reuniram regularmente com representantes do Hamas e da Autoridade Nacional Palestina.Durante cada surto subsequente de violência, a Rússia pediu um rápido fim dos combates. Em 2012, Moscou votou a favor da resolução da Assembleia Geral que concedeu à Palestina o status de observador não membro na ONU.A escalada da crise ucraniana em uma guerra de procuração da OTAN contra a Rússia em 2022 aumentou ligeiramente as tensões bilaterais com Israel, com o apoio limitado de Tel Aviv a Kiev, combinado com uma polêmica sobre comentários feitos pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, sobre o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky.No entanto, mesmo durante a crise, as conversas nos bastidores continuaram, com o então primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, revelando em fevereiro deste ano que ofereceu seus serviços como mediador indireto e que Rússia e Ucrânia aparentemente estavam à beira de um acordo, até os EUA e seus aliados intervirem para matar as negociações.Então quem a Rússia apoia?A resposta à pergunta feita no título deste artigo, ou seja, quem a Rússia apoia, é: ambos os lados. Moscou deseja ver uma solução pacífica para a crise a partir da qual os interesses de ambos os lados sejam atendidos. A busca de décadas da Rússia para tentar encontrar um equilíbrio nas relações com Israel e com a Palestina (cuja independência a Rússia realmente reconhece, ao contrário dos EUA, por exemplo), e seu esforço mais amplo para estabelecer laços estreitos com outros atores-chave, como o inimigo jurado de Israel, o Irã, faz com que Moscou ocupe uma posição de mediação potencialmente ideal e natural.Se israelenses e palestinos concordam com tal mediação, é algo que eles e seus aliados e parceiros regionais e internacionais terão que dizer.
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"No momento, a coisa mais importante [na crise palestino-israelense] é parar o derramamento de sangue. Esforços coletivos são mais do que necessários em prol de um cessar-fogo imediato e da estabilização da situação no terreno", disse o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (13), em uma reunião de chefes de Estado em Bishkek, Quirguistão.
"Gostaria de enfatizar que a Rússia está pronta para coordenar com todos os parceiros de mente construtiva. Partimos da visão de que
não há alternativa para resolver o conflito palestino-israelense a não ser por meio de negociações", acrescentou Putin, afirmando que uma
ofensiva terrestre israelense em Gaza resultaria em baixas civis "absolutamente inaceitáveis".
O objetivo das negociações "deveria ser a implementação da fórmula de dois Estados da ONU, que prevê a criação de um Estado palestino independente com capital em Jerusalém Oriental, coexistindo em paz e segurança com Israel", disse o presidente russo. "Precisamos nos preocupar em resolver esse problema por meios pacíficos. Na situação atual, não há alternativa", enfatizou.
Reiterando sua posição anterior de que a crise resulta da política regional fracassada de Washington, Putin apontou que o chamado Quarteto do Oriente Médio, composto pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela Rússia, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, não foi ativado para tentar acalmar as tensões.
"Sob pretextos infundados, os EUA bloquearam factualmente esse formato, que era único e, a propósito, tinha um mandato aprovado por uma resolução relevante da ONU. Tentou-se resolver um problema político, um problema profundo, ou seja, a criação de um Estado palestino independente, com a ajuda de incentivos econômicos específicos", disse Putin.
Na fala, o presidente se referiu ao plano de paz palestino-israelense apresentado no início de 2020 pela administração Trump, que propunha grandes concessões territoriais palestinas em troca de auxílio financeiro. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou o plano na época, afirmando que ele pertencia à "lata de lixo da história".
13 de outubro 2023, 17:57
Os esforços da Rússia para adotar uma abordagem equilibrada para a
crise palestino-israelense têm provocado alarme nos círculos do establishment dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN),
com a mídia ocidental produzindo artigos sobre como Moscou poderia "se beneficiar" ou "tirar vantagem" do conflito e tentando distorcer a narrativa para encontrar um suposto traço de influência russa na escalada da violência.
A campanha de propaganda decorre da decisão de Putin de não se juntar aos líderes ocidentais em oferecer total apoio a Israel e, em vez disso, mergulhar na história para destacar que a "raiz de todos os problemas" da crise é o fracasso na criação de um Estado palestino ao lado de um Estado judeu, conforme estipulado pela ONU em 1947.
O problema palestino "toca o coração" de todos os habitantes do Oriente Médio e de todos os muçulmanos em geral, disse Putin, acrescentando que a posição da Rússia no conflito "é bem conhecida tanto pelo lado israelense quanto pelos nossos amigos na Palestina".
Posição forjada ao longo de décadas
A postura atual de Moscou em relação à
questão palestino-israelense, que busca alcançar o máximo equilíbrio, segue décadas de posições que mudaram drasticamente com base em considerações geopolíticas e ideológicas, remontando ao início da crise, no final da década de 1940.
Como membro fundador do sistema da ONU que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética apoiou a criação de dois Estados, um palestino e um judeu, separados. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se tornou o primeiro país do mundo a reconhecer Israel, em 1948, e chegou ao ponto de aprovar vendas de armas pela Tchecoslováquia, um país do bloco soviético, a Tel Aviv durante a guerra árabe-israelense de 1948–1949.
No entanto, as relações entre a União Soviética e Israel logo se deterioraram, devido ao não cumprimento da prometida criação do Estado palestino, com Tel Aviv agravando a situação ao ignorar a proposta de Moscou de tutela do Conselho de Segurança da ONU sobre a cidade de Jerusalém.
13 de outubro 2023, 16:39
Demandas israelenses para que a URSS permitisse a imigração de judeus soviéticos, além dos esforços graduais de Tel Aviv para se aproximar do Ocidente, levaram Moscou a romper as relações comerciais em 1949 e, posteriormente, as relações diplomáticas por completo no início de 1953, após um ataque terrorista na missão diplomática soviética em Israel, que Moscou atribuiu ao governo israelense.
As relações foram restauradas pouco depois da morte de Joseph Stalin, em meados de 1953, mas permaneceram tensas, com o apoio soviético a movimentos de libertação nacional em todo o Oriente Médio, incluindo o Egito de Gamal Abdel Nasser, que se recusou a reconhecer o direito de existência de Israel, naturalmente tensionando os laços.
Em junho de 1967, depois que Israel lançou ataques aéreos preventivos contra os egípcios e desencadeou uma nova guerra regional com Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Argélia, Moscou rompeu novamente relações com Tel Aviv.
De 1967 a 1985, Israel e a URSS não mantiveram nenhum contato, com agências de inteligência soviéticas e israelenses conflitando em pontos da Guerra Fria em todo o mundo, da África à América Latina, e Moscou enviando bilhões de dólares em armamentos cada vez mais avançados para seus aliados no Oriente Médio. Ao longo desse período, a URSS expressou total apoio à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a seu líder de longa data, Yasser Arafat.
Os laços começaram a ser restabelecidos gradualmente nos anos 1980, depois que Mikhail Gorbachev lançou sua perestroika e as reformas do novo pensamento político, destinadas a encerrar a Guerra Fria. Os contatos consulares soviético-israelenses foram retomados em 1987, e as relações diplomáticas foram completamente restabelecidas em outubro de 1991, meses antes do colapso da União Soviética.
No período pós-soviético, os laços entre Rússia e Israel se aqueceram rapidamente, incluindo contatos diplomáticos, econômicos, culturais e até militares próximos, complementados pela migração de centenas de milhares de judeus da Rússia para Israel, com um regime de viagens sem visto acordado em 2008.
Politicamente, apesar da aliança de Israel com os EUA, Moscou encontrou maneiras de encontrar pontos em comum com Tel Aviv, concentrando-se fortemente na cooperação contra o terrorismo (mas sem concordar em categorizar formalmente certos
inimigos de Israel, incluindo o Hamas e o Hezbollah, como "grupos terroristas").
Durante o período pós-soviético, a Rússia também continuou a apoiar a Palestina em sua busca pelo reconhecimento do Estado soberano, juntando-se a outros 137 membros da ONU que concordam com a reivindicação, e oficiais russos, incluindo o presidente Putin, se reuniram regularmente com representantes do Hamas e da Autoridade Nacional Palestina.
Durante cada surto subsequente de violência, a Rússia pediu um rápido fim dos combates. Em 2012, Moscou votou a favor da resolução da Assembleia Geral que concedeu à Palestina o status de observador não membro na ONU.
A escalada da crise ucraniana em uma guerra de procuração da OTAN contra a Rússia em 2022 aumentou ligeiramente as tensões bilaterais com Israel, com o apoio limitado de Tel Aviv a Kiev, combinado com uma polêmica sobre comentários feitos pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, sobre o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky.
No entanto, mesmo durante a crise, as conversas nos bastidores continuaram, com o então primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, revelando em fevereiro deste ano que ofereceu seus serviços como mediador indireto e que Rússia e Ucrânia aparentemente estavam à beira de um acordo, até os EUA e seus aliados intervirem para matar as negociações.
13 de outubro 2023, 06:21
Então quem a Rússia apoia?
A resposta à pergunta feita no título deste artigo, ou seja, quem a Rússia apoia, é: ambos os lados. Moscou deseja ver uma solução pacífica para a crise a partir da qual os interesses de ambos os lados sejam atendidos.
A busca de décadas da Rússia para tentar encontrar um equilíbrio nas relações com Israel e com a Palestina (cuja independência a Rússia realmente reconhece, ao contrário dos EUA, por exemplo), e seu
esforço mais amplo para estabelecer laços estreitos com outros atores-chave, como o inimigo jurado de Israel, o Irã, faz com que Moscou ocupe uma posição de mediação potencialmente ideal e natural.
Se israelenses e palestinos concordam com tal mediação, é algo que eles e seus aliados e parceiros regionais e internacionais terão que dizer.