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Suspeito de mandar matar ex-esposa, ex-senador Telmário Mota é procurado pela Polícia Civil de RR

© Foto / Antonio Cruz / Agência BrasilTelmário Mota durante sessão no Senado. Brasília (DF), 9 de agosto de 2016
Telmário Mota durante sessão no Senado. Brasília (DF), 9 de agosto de 2016 - Sputnik Brasil, 1920, 30.10.2023
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Telmário é acusado de planejar o assassinato da ex-esposa Antônia Araújo de Souza, morta em setembro. Ela era mãe da filha do ex-senador que acusa o pai de abuso sexual e foi morta três dias antes de depor sobre o caso.
A Polícia Civil de Roraima está tentando cumprir um mandado de prisão contra o ex-senador Telmário Mota, suspeito de encomendar o assassinato de Antônia Araújo de Souza, de 52 anos, ex-esposa e mãe de uma das filhas do ex-parlamentar. Ele é alvo da operação Caçada Real, deflagrada nesta segunda-feira (30), e está foragido.
Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro, em Boa Vista. Segundo a investigação, o crime teria sido motivado por disputas judiciais entre o ex-casal e por uma ação na qual Telmário é acusado de abuso sexual, protocolada na Justiça em 2022, pela filha do ex-senador e de Antônia, que estava para prestar depoimento sobre o caso.
Em coletiva à imprensa nesta segunda-feira, João Evangelista, delegado da Polícia Civil responsável pelas investigações, informou que Telmário contou com a ajuda da ex-assessora Cleidiane Gomes da Costa, que monitorou a rotina de Antônia e repassou as informações ao ex-senador. Segundo a polícia, Cleidiane é considerada pessoa de confiança de Telmário, tendo trabalhado com o ex-senador por 20 anos.
"Ela [assessora] foi inserida na condição de interrogatório, termo de qualificação de interrogatório. O que significa isso? Ela tem relação, ela tem participação, ela confirmou que monitorou a vítima nos dias que antecederam o fato, ela confirmou que utilizou um veículo específico e locado para o senador. Ela confirmou que passava informações diretamente ao senador, acerca não apenas do monitoramento, mas do cotidiano da vítima e da filha da vítima", disse o delegado.
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As investigações apontam que o assassinato de Antônia foi planejado em uma reunião na fazenda Caçada Real, em Boa Vista, de propriedade de Telmário Mota. Na reunião, ficou acertado que o sobrinho de Telmário, Harrison Nei Correa Mota, seria o encarregado da execução. Leandro Luz foi apontado como autor do disparo que acertou a vítima.
"Muitos elementos de informação indicando que houve um planejamento da execução, houve uma logística necessária, o nome da operação se reporta a um local onde houve não apenas o planejamento, não apenas reunião do grupo, como também até um treinamento antes da execução. Então 'Caçada Real' na verdade diz respeito à fazenda do ex-senador Telmário Mota, hoje na condição de foragido", afirmou o delegado.
Antônia foi morta três dias antes de prestar depoimento no processo que acusa Telmário de abuso sexual. Ela era considerada testemunha-chave no processo.

"Há muitos indícios indicando que a vítima já tinha uma relação com o provável mandante. Essa relação passou a ser desastrosa nos últimos 12 meses, onde temos uma circunstância que envolve um processo criminal que iniciou em 2022, onde o ex-senador responde a um crime. A vítima desse crime de execução era uma testemunha importante para aquele outro processo, e alguns dias antes de ela ser ouvida ela foi executada", disse o delegado João Evangelista.

Trajetória política

Telmário iniciou sua carreira política em 2004, quando tentou se eleger vereador em Boa Vista, concorrendo pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC). Ele não obteve votos suficientes para ser eleito, mas assumiu como suplente em 2005 e migrou para o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em 2008, ainda no PDT, ele disputou o cargo novamente, desta vez sendo eleito o terceiro vereador mais votado de Boa Vista.
Em 2010, ele tentou se eleger senador pela primeira vez, não angariando votos suficientes. Em 2012, tentou se eleger prefeito de Boa Vista, ficando em terceiro lugar no pleito. Telmário conseguiu se eleger senador em 2014. Em 2018, concorreu ao governo de Roraima, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas foi derrotado, recebendo apenas 3,45% dos votos. Ele retomou seu cargo de senador no ano seguinte.
Em 2020, Telmário migrou para o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e passou a integrar a base aliada do governo Jair Bolsonaro no Senado. Em 2022, com a imagem abalada pela acusação de abuso sexual contra a filha, tentou concorrer novamente ao Senado, mas não conseguiu se reeleger, terminando o mandato no início de 2023.
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