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A hora é agora: relação da Índia com o Brasil está no auge e com crescimento 'exponencial'
A hora é agora: relação da Índia com o Brasil está no auge e com crescimento 'exponencial'
Sputnik Brasil
O Brasil está no 'caminho certo' para incrementar as trocas comerciais com a Índia, mas é fundamental romper com a lógica tradicional de fazer negócios e... 03.11.2023, Sputnik Brasil
2023-11-03T22:10-0300
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Com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola mundial e maior população do planeta, a Índia é o principal parceiro comercial asiático do Brasil, mas representa apenas 2% das exportações brasileiras e 3,3% das importações.A parceria subaproveitada deve-se sobretudo ao desconhecimento mútuo sobre potenciais setores e produtos que possam incrementar o comércio entre os dois países, de acordo com o economista Fábio Sobral, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), e o presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB), Leonardo Ananda Gomes, ouvidos pela Sputnik Brasil.Apesar das dificuldades e obstáculos, o Brasil está no "caminho certo" na busca de aumentar as trocas comerciais com o gigante asiático, para Ananda Gomes. O empresário participou da delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária e de empresários brasileiros que esteve na Índia nesta semana com extensa agenda bilateral."Temos uma delegação empresarial acompanhando, porque aí sim viabiliza os negócios. Os ministros, os chefes de Estado viabilizam um cenário propício, mas os homens de negócio é que fazem de fato a relação comercial acontecer e a balança se fortalecer."Ele lembra que nos últimos anos, a relação comercial entre os dois países ultrapassou US$ 15 bilhões (R$ 78,6 bilhões), com crescimento de 106% na exportação de commodities do Brasil para o continente indiano, entre 2022 e 2023, e a perspectiva é que se intensifique ainda mais nos próximos meses.Segundo ele, o momento atual representa "a pontinha do iceberg" na relação bilateral entre os dois países, não apenas do ponto de vista do comércio, como também na atração de investimentos:O que a Índia importa do Brasil? Atualmente apenas três produtos (óleo de soja, petróleo bruto e ouro) representaram 80% das exportações para o mercado indiano, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.Sobral concorda que o momento é positivo para a parceria bilateral entre as duas nações, mas os resultados serão sentidos no longo prazo e se forem implementadas estratégias inovadoras para responder aos enormes desafios da sociedade indiana e da sociedade brasileira:Índia, a parceira estratégica do Brasil no Sul GlobalO professor da UFC considera que ainda falta inteligência estratégica que permita que os países deem um salto com uma lógica não tradicional, e que tire a economia brasileira do patamar de "mero exportador de commodities, com parceria mais voltada para a agregação de valor industrial".Para Sobral, o fato de as duas economias ocuparem nichos de mercados muito semelhantes (agricultura, têxtil, calçados, automóveis) exige das duas nações investimentos na diversificação e estudo para que mais oportunidades sejam identificadas e os números correspondam ao potencial dessa relação:A parceria conjunta deve priorizar o intercâmbio tecnológico, ressalta o professor, como desenvolvimento de semicondutores, de microchips para os dois países, "áreas em que estão atrasados, embora o setor de informática da Índia estar incomparavelmente mais mais avançado que o do Brasil", argumenta o estudioso. Qual a importância da relação entre Brasil e Índia?O docente da UFC avalia que a atual ausência da Organização das Nações Unidas (ONU), faz com que iniciativas como a iniciativa trilateral entre Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) e o bloco dos Brics e do G20 tenham papel fundamental nesse processo de articulação política dos países para se contraporem ao domínio das grandes potências, mas que as iniciativas de integração "ainda estão muito incipientes".O fato de a Índia ter presidido o G20 neste último ano e estar passando a presidência para o Brasil também foi crucial nesse processo, pois proporcionou encontros bilaterais importantes entre ministros brasileiros e ministros indianos de diversos setores e áreas, assim como encontros dos chefes de Estado.Mercosul e ÍndiaO acordo entre Índia e Mercosul, que está sendo revisado, poderá ampliar ainda mais o número de produtos com preferências tarifárias e contribuir muito para o fortalecimento da relação, segundo os especialistas, priorizando as complementaridades importantes.As tratativas, que estavam paradas há dez anos, podem dobrar o atual fluxo de comércio brasileiro com os indianos para US$ 30 bilhões (R$ 153 bilhões) até 2030. A soma pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 255 bilhões), se for incluído o comércio de serviços.Em um levantamento feito pelo governo brasileiro, ficou claro o largo tamanho das barreiras para as exportações de produtos brasileiros que têm a Índia como destino. A tarifa de importação de frango, por exemplo, é de 100%. De carne suína 30%, de milho 50% e de café de 53% a 100%.
https://noticiabrasil.net.br/20230901/brasil-pode-usar-cooperacao-com-india-para-modernizar-defesa-com-sistemas-de-misseis-e-artilharia-30137951.html
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A hora é agora: relação da Índia com o Brasil está no auge e com crescimento 'exponencial'
Especiais
O Brasil está no 'caminho certo' para incrementar as trocas comerciais com a Índia, mas é fundamental romper com a lógica tradicional de fazer negócios e investir na complementariedade, segundo os entrevistados ouvidos pela Sputnik Brasil.
Com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola mundial e maior população do planeta, a Índia é o principal parceiro comercial asiático do Brasil, mas representa apenas 2% das exportações brasileiras e 3,3% das importações.
A parceria subaproveitada deve-se sobretudo ao desconhecimento mútuo sobre potenciais setores e produtos que possam incrementar o comércio entre os dois países, de acordo com o economista Fábio Sobral, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), e o presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB), Leonardo Ananda Gomes, ouvidos pela Sputnik Brasil.
Apesar das dificuldades e obstáculos, o Brasil está no "caminho certo" na busca de aumentar as trocas comerciais com o gigante asiático, para Ananda Gomes.
O empresário participou da
delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária e de empresários brasileiros que
esteve na Índia nesta semana com extensa agenda bilateral.
"Sem dúvida, estamos vivenciando o melhor momento da relação entre os dois países. Os governos estão alinhados, existe uma relação forte, laços de amizade entre as duas nações", opina o presidente da CCIB.
"Temos uma delegação empresarial acompanhando, porque aí sim viabiliza os negócios. Os ministros, os chefes de Estado viabilizam um cenário propício, mas os homens de negócio é que fazem de fato a relação comercial acontecer e a balança se fortalecer."
Ele lembra que nos últimos anos, a relação comercial entre os dois países ultrapassou US$ 15 bilhões (R$ 78,6 bilhões), com crescimento de 106% na exportação de commodities do Brasil para o continente indiano, entre 2022 e 2023, e a perspectiva é que se intensifique ainda mais nos próximos meses.
"É um crescimento exponencial. A previsão é que em pouco tempo, talvez em cinco, seis anos, a gente atinja US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões) em trocas comerciais, aproximando-se dos números da relação bilateral comercial entre Brasil e China", afirma o empresário.
Segundo ele, o momento atual representa
"a pontinha do iceberg" na relação bilateral entre os dois países, não apenas do ponto de vista do
comércio, como também na atração de investimentos:
"Os indianos ainda não conhecem o Brasil, não conhecem o potencial brasileiro, os principais setores do país, assim como os brasileiros não conhecem a Índia. Não sabem que é um dos maiores mercados consumidores do mundo, que já é a maior população do mundo, que é o país que mais cresce no mundo há muitos anos e a quinta maior economia do mundo", comenta Ananda Gomes.
O que a Índia importa do Brasil?
Atualmente apenas três produtos (óleo de soja, petróleo bruto e ouro) representaram 80% das exportações para o mercado indiano, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Sobral concorda que o
momento é positivo para a parceria bilateral entre as duas nações, mas os resultados serão sentidos no longo prazo e se forem implementadas estratégias inovadoras para responder aos
enormes desafios da sociedade indiana e da sociedade brasileira:
"É promissor que haja esse debate, mas ainda é insuficiente, porque busca fazer mais do mesmo, com um olhar unicamente no imediato: na balança comercial do próximo ano, no volume dessa balança comercial e não na qualidade dessa balança comercial, pensando inclusive nos povos", avalia ele.
1 de setembro 2023, 10:39
Índia, a parceira estratégica do Brasil no Sul Global
O professor da UFC considera que ainda falta inteligência estratégica que permita que os países deem um salto com uma lógica não tradicional, e que tire a economia brasileira do patamar de "mero exportador de commodities, com parceria mais voltada para a agregação de valor industrial".
Para Sobral, o fato de as duas economias ocuparem
nichos de mercados muito semelhantes (agricultura, têxtil, calçados, automóveis) exige das duas nações investimentos na diversificação e estudo para que mais
oportunidades sejam identificadas e os números correspondam ao potencial dessa relação:
"É preciso aproveitar uma parceria que busque um desenvolvimento estratégico desses dois países. Pensar novas formas além das áreas habituais. Desenvolver, por exemplo, o setor agroflorestal para além do agronegócio da monocultura, do latifúndio, o desenvolvimento de uma nova agricultura."
A parceria conjunta deve priorizar o intercâmbio tecnológico, ressalta o professor, como desenvolvimento de semicondutores, de microchips para os dois países, "áreas em que estão atrasados, embora o setor de informática da Índia estar incomparavelmente mais mais avançado que o do Brasil", argumenta o estudioso.
8 de novembro 2022, 16:49
Qual a importância da relação entre Brasil e Índia?
O docente da UFC avalia que a atual ausência da Organização das Nações Unidas (ONU), faz com que iniciativas como a iniciativa trilateral entre Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) e
o bloco dos Brics e do G20 tenham papel fundamental nesse processo de articulação política dos países para se
contraporem ao domínio das grandes potências, mas que
as iniciativas de integração "ainda estão muito incipientes".O fato de a Índia ter presidido o G20 neste último ano e estar passando a presidência para o Brasil também foi crucial nesse processo, pois proporcionou encontros bilaterais importantes entre ministros brasileiros e ministros indianos de diversos setores e áreas, assim como encontros dos chefes de Estado.
"O presidente Lula encontrou o primeiro-ministro Narendra Modi inúmeras vezes ao longo desse último ano, em virtude dos encontros proporcionados por esses fóruns G20, BRICS, IBAS, e isso ajuda a fortalecer também a relação bilateral", comenta Ananda Gomes.
10 de outubro 2023, 11:21
O
acordo entre Índia e Mercosul, que está sendo revisado, poderá ampliar ainda mais o número de produtos com preferências tarifárias e contribuir muito para o fortalecimento da relação, segundo os especialistas,
priorizando as complementaridades importantes.
As tratativas, que estavam paradas há dez anos, podem dobrar o atual fluxo de comércio brasileiro com os indianos para US$ 30 bilhões (R$ 153 bilhões) até 2030. A soma pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 255 bilhões), se for incluído o comércio de serviços.
Em um levantamento feito pelo governo brasileiro, ficou claro o largo tamanho das barreiras para as exportações de produtos brasileiros
que têm a Índia como destino. A tarifa de importação de frango, por exemplo, é de
100%. De carne suína
30%, de milho
50% e de café de
53% a 100%.
"É preciso pensar um sistema de desenvolvimento tecnológico, de ampliação de parques tecnológicos, de centros de pesquisa, integração com as universidades de pesquisa", concluiu o professor da universidade do Ceará.