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'Tivemos que enterrar 179 pessoas em uma vala comum', conta diretor de hospital em Gaza

© AP Photo / Abed KhaledCorpos de palestinos mortos durante o conflito entre Hamas e Israel em um dos maiores hospitais do território. Faixa de Gaza, 17 de outubro de 2023
Corpos de palestinos mortos durante o conflito entre Hamas e Israel em um dos maiores hospitais do território. Faixa de Gaza, 17 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 14.11.2023
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Uma das maiores unidades de saúde da cidade de Gaza é retrato da guerra sangrenta que afeta o território palestino há mais de cinco semanas: além de bombardeios frequentes pelas Forças de Defesa de Israel, o hospital Al-Shifa parou as atividades, mesmo com milhares de pessoas feridas por falta de medicamentos e combustível para gerar eletricidade.
Nesta terça-feira (14), o diretor do centro médico, Muhammad Abu Salamiya, contou que 179 palestinos foram enterrados em uma única vala comum, incluindo bebês e pacientes que estavam em cuidados intensivos. "Há cadáveres espalhados pelo complexo hospitalar e não há mais eletricidade nas câmaras frigoríficas", acrescenta.
Conforme Salamiya, a equipe médica não teve alternativa e foi obrigada a tomar a decisão. Entre as pessoas enterradas, estavam 7 bebês e 29 pacientes de cuidados intensivos que morreram depois que o último gerador do hospital ficou sem combustível no último sábado (11). Um jornalista da AFP, que cobre a guerra na Faixa de Gaza, chegou a relatar que havia cheiro de corpos em decomposição por todas as instalações do Al-Shifa.
Sob a justificativa de que as estruturas são usadas pelo Hamas para coordenar ataques e, também, como esconderijo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) têm realizado ataques constantes contra os hospitais, principalmente na cidade de Gaza, a mais populosa no território. Só no Al-Shifa, o cerco militar acontece desde a última semana, com tanques e atiradores posicionados ao redor da unidade e disparando contra qualquer movimento próximo ao complexo, conforme relatos.
Enquanto recebia os corpos de mais de 50 pessoas mortas após bombardeio a uma escola pelos israelenses, a unidade foi atacada na última sexta-feira (10) e teve pelo menos 13 pessoas mortas. O conflito já dura cinco semanas e deixou mais de 11,5 mil palestinos mortos só na Faixa de Gaza.
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Bairros inteiros destruídos

A Organização das Nações Unidas (ONU) já alertou diversas vezes a ofensiva militar sobre questões humanitárias ligadas à população civil de Gaza, que é de quase 2,3 milhões de habitantes.
Para a entidade, a destruição de bairros inteiros "não é uma resposta para os crimes atrozes cometidos pelo Hamas". Em um artigo de opinião, o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, disse que a ofensiva israelense cria "uma nova geração de palestinos injustiçados que provavelmente continuarão o ciclo de violência".
Em resposta aos ataques do Hamas contra Israel, Tel Aviv mobilizou mais de 300 mil reservistas, além de iniciar ataques aéreos contra o território palestino. Em 28 de outubro, Netanyahu anunciou que as tropas entraram por terra em Gaza e avançaram para a segunda fase da guerra. O objetivo é destruir a infraestrutura do Hamas e localizar os mais de 240 reféns.
Muitos países já apelaram a Israel e ao Hamas para cessarem as hostilidades e negociarem um cessar-fogo, além de uma solução de dois Estados como a única forma possível de alcançar a paz duradoura na região.
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