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Brasil na presidência do G20 traz ascensão de 'países periféricos' em questões globais, diz analista
Brasil na presidência do G20 traz ascensão de 'países periféricos' em questões globais, diz analista
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Nesta sexta-feira (1º), o Brasil assume a presidência do G20. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de extrema importância que os líderes das 20... 30.11.2023, Sputnik Brasil
2023-11-30T15:41-0300
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Os objetivos do Brasil foram descritos pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a reunião de instalação da Comissão Nacional do G20, na última quinta-feira (23). Para eles, os três aspectos estão interligados e a solução passará por uma recolocação do Brasil no cenário geopolítico internacional, com a nação liderando um processo de "reglobalização sustentável".Quais as contribuições do G20 para a economia mundial?Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas explicaram que os objetivos do Brasil estão em sintonia com os do G20, fórum de cooperação econômico internacional que reúne autoridades políticas, econômicas e financeiras das 20 maiores economias do mundo, além da União Africana e da União Europeia.De acordo com Williams Gonçalves, doutor em sociologia e professor titular de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o G20 como existe hoje ganhou bastante importância após a crise econômica de 2008 e com a ascensão de países periféricos, que "passaram a reivindicar o direito de discutir determinadas questões globais".Qual a proposta do Brasil na liderança do G20?Ana Prestes, socióloga, analista internacional e doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressalta que a presidência do Brasil no G20 vai ecoar o direcionamento que o governo brasileiro tem tido nas questões de relações exteriores desde o discurso de Lula na Assembleia Geral das Nações Unidas, cujo tom foi de "buscar justiça, combate à desigualdade e sustentabilidade" e fortalecimento do Sul Global. "Já foram 15 viagens internacionais", sublinhou."O atual governo brasileiro está perfeitamente afinado com os objetivos do G20", resume Gonçalves.Para o professor de relações internacionais, esse alinhamento de objetivos faz com que a liderança do Brasil no fórum econômico tenha grande importância geopolítica, uma vez que botará em ainda mais evidência pautas que antes eram discutidas em contextos menores, como o do BRICS.Gonçalves aponta que tanto o G20 quanto o BRICS "defendem a democratização das relações internacionais, o reconhecimento da multipolarização e a importância da multilateralização".Os objetivos brasileiros, tanto em sua política externa quanto na presidência do G20, foram resumidos por Haddad durante a cerimônia de abertura da Comissão Nacional. "Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de reglobalização sustentável, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental", disse o ministro.De acordo com Ana Prestes, o Brasil, hoje com sua economia baseada em exportações primárias e forte desindustrialização, não se posiciona para ser "líder" desse processo descrito por Haddad. "O que tem se discutido sobre esse termo de reglobalização é uma liderança chinesa, em contraponto a uma liderança norte-americana, britânica e europeia", apontou.No entanto, aponta a socióloga, o Brasil pode ser "uma liderança global na promoção de projetos e de experiências reais de transição energética e um exemplo de sustentabilidade para o mundo".Quando será o G20 no Brasil?Pela primeira vez na presidência rotativa do G20, a partir de 1º de dezembro, o Brasil permanece na gestão do grupo, até 30 de novembro de 2024. O país será responsável, portanto, pela próxima cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.Com a força de pautas ambientais, da desigualdade e da nova ordem global, um dos caminhos para alcançar esse protagonismo brasileiro no novo processo de globalização é através de reformas nos mecanismos de governança mundial (sejam os políticos, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, sejam os financeiros, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, FMI).Para Haddad, os próximos anos verão "uma mobilização maciça de recursos internacionais que devem vir principalmente do Norte para o Sul Global", de modo a fomentar esse processo de sustentabilidade econômica, política, social e climática.Segundo Ana Prestes, o Brasil na posição de presidente do G20 tem força para liderar um debate sobre esses recursos e sobre as metas de transição energética. Em 2015, explica a socióloga, durante a COP21, em Paris, já foi acordado um fundo anual de US$ 100 bilhões (R$ 494 bilhões, na cotação atual) dos países ricos para os países pobres, para estabelecerem medidas para frear as mudanças climáticas e se adaptarem a elas."O Brasil vai cobrar o financiamento de US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento, na sua grande maioria os países do Sul Global, que há anos não é materializado", afirmou.Williams Gonçalves destaca o papel das instituições financeiras estabelecidas nos acordos de Bretton Woods nesses processos de governança.Para ele, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas do BRICS surgem como alternativas potentes, capazes de "promover o desenvolvimento da periferia e, portanto, reduzir as desigualdades entre os Estados e as desigualdades sociais dentro dos Estados".O professor da UERJ explica que, no entanto, esses processos políticos levam tempo e não acontecem da noite para o dia.
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américas, brasil, exclusiva, sul global, recursos energéticos, recursos financeiros, g20, fernando haddad, luiz inácio lula da silva, g7, nova ordem mundial, amazônia, presidência rotativa, mudanças climáticas, pobreza, governança, multipolaridade
Brasil na presidência do G20 traz ascensão de 'países periféricos' em questões globais, diz analista
15:41 30.11.2023 (atualizado: 15:31 01.12.2023) Especiais
Nesta sexta-feira (1º), o Brasil assume a presidência do G20. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de extrema importância que os líderes das 20 maiores nações abordem temas como a mudança da governança global, o combate à pobreza e as mudanças climáticas.
Os objetivos do Brasil foram descritos pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a reunião de instalação da Comissão Nacional do G20, na última quinta-feira (23). Para eles, os três aspectos estão interligados e a solução passará por uma recolocação do Brasil no cenário geopolítico internacional, com a nação liderando um processo de "reglobalização sustentável".
"Há uma crescente percepção de que nenhuma sociedade pode ser próspera e segura de verdade em um mundo cada vez mais pobre e desigual, em risco de colapso ecológico", disse Haddad.
23 de novembro 2023, 15:22
Quais as contribuições do G20 para a economia mundial?
Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas explicaram que os objetivos do Brasil estão em sintonia com os do G20, fórum de cooperação econômico internacional que reúne autoridades políticas, econômicas e financeiras das 20 maiores economias do mundo, além da União Africana e da União Europeia.
De acordo com
Williams Gonçalves, doutor em sociologia e professor titular de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o G20 como existe hoje ganhou bastante importância após a
crise econômica de 2008 e com a ascensão de países periféricos, que "
passaram a reivindicar o direito de discutir determinadas questões globais".
"Até uma certa altura, esse papel de discussão sobre as questões globais estavam nas mãos do Grupo dos Sete, o G7. Os líderes desses países se reuniam e traçavam ali as diretrizes para o capitalismo em escala global. Ora, o G7 deixou de ter essa importância, e o G20 se tornou o grupo mais importante", disse.
Qual a proposta do Brasil na liderança do G20?
Ana Prestes, socióloga, analista internacional e doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressalta que a presidência do Brasil no G20 vai ecoar o direcionamento que o governo brasileiro tem tido nas questões de relações exteriores desde o discurso de Lula na Assembleia Geral das Nações Unidas, cujo tom foi de "buscar justiça, combate à desigualdade e sustentabilidade" e fortalecimento do Sul Global. "Já foram 15 viagens internacionais", sublinhou.
"O atual governo brasileiro está perfeitamente afinado com os objetivos do G20", resume Gonçalves.
19 de setembro 2023, 21:29
Para o professor de relações internacionais, esse alinhamento de objetivos faz com que a liderança do Brasil no fórum econômico tenha grande importância geopolítica, uma vez que botará em ainda mais evidência pautas que antes eram discutidas em contextos menores, como o do BRICS.
"O objetivo é criar uma nova ordem internacional", destacou.
Gonçalves aponta que tanto o G20 quanto o BRICS "defendem a democratização das relações internacionais, o reconhecimento da multipolarização e a importância da multilateralização".
"Do ponto de vista político-diplomático, [a presidência do Brasil no G20] é importante porque marca a ascendência desses países periféricos na discussão sobre as questões globais."
Os objetivos brasileiros, tanto em sua política externa quanto na presidência do G20, foram resumidos por Haddad durante a cerimônia de abertura da Comissão Nacional. "Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de reglobalização sustentável, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental", disse o ministro.
28 de novembro 2023, 16:55
De acordo com Ana Prestes, o Brasil, hoje com sua economia baseada em exportações primárias e forte desindustrialização, não se posiciona para ser "líder" desse processo descrito por Haddad. "O que tem se discutido sobre esse termo de reglobalização é uma liderança chinesa, em contraponto a uma liderança norte-americana, britânica e europeia", apontou.
No entanto, aponta a socióloga, o Brasil pode ser "uma liderança global na promoção de projetos e de experiências reais de transição energética e um exemplo de sustentabilidade para o mundo".
"Tanto é que é por isso mesmo que o presidente Lula se esforçou para trazer a COP30 para o Brasil em 2025 e tem se esforçado para colocar a Amazônia e a relação que os países sul-americanos têm com a Amazônia como um exemplo para o mundo de uma nova fase que a humanidade vai entrar."
Quando será o G20 no Brasil?
Pela primeira vez na presidência rotativa do G20, a partir de 1º de dezembro, o Brasil permanece na gestão do grupo, até 30 de novembro de 2024. O país será responsável, portanto, pela próxima cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Com a
força de pautas ambientais, da desigualdade e da nova ordem global, um dos caminhos para alcançar esse protagonismo brasileiro no novo processo de globalização é através de reformas nos mecanismos de governança mundial (sejam os políticos, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, sejam os financeiros, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, FMI).
Para Haddad, os próximos anos verão "uma mobilização maciça de recursos internacionais que devem vir principalmente do Norte para o Sul Global", de modo a fomentar esse processo de sustentabilidade econômica, política, social e climática.
13 de novembro 2023, 15:55
Segundo Ana Prestes, o Brasil na posição de presidente do G20 tem força para liderar um debate sobre esses recursos e sobre as metas de transição energética. Em 2015, explica a socióloga, durante a COP21, em Paris, já foi acordado um fundo anual de US$ 100 bilhões (R$ 494 bilhões, na cotação atual) dos países ricos para os países pobres, para estabelecerem medidas para frear as mudanças climáticas e se adaptarem a elas.
"O Brasil
vai cobrar o financiamento de US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento, na sua grande maioria os países do Sul Global, que há anos não é materializado", afirmou.
"Então o presidente Lula, como o país que preside o G20, vai ter uma voz ainda mais potente e assertiva nesse sentido."
Williams Gonçalves destaca o papel das instituições financeiras estabelecidas nos acordos de Bretton Woods nesses processos de governança.
Para ele, o
Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas do BRICS surgem como alternativas potentes, capazes de "
promover o desenvolvimento da periferia e, portanto, reduzir as desigualdades entre os Estados e as desigualdades sociais dentro dos Estados".
"Todos nós conhecemos os mecanismos de funcionamento dessas instituições, como […] o FMI [quando] socorre as economias em crise, sempre estabelecendo condições muito duras e que […] revelam total indiferença com os problemas sociais que os ajustes fiscais promovem."
O professor da UERJ explica que, no entanto, esses processos políticos levam tempo e não acontecem da noite para o dia.
"Temos aí um embrião razoavelmente desenvolvido de uma nova ordem internacional […], e o Brasil comprometido com essas questões tem um papel muito relevante nisso."
23 de outubro 2023, 15:39