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Como ficou o panorama mundial do armamento nuclear em 2023?
Como ficou o panorama mundial do armamento nuclear em 2023?
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O ano de 2023 foi um dos mais críticos em relação à situação global no setor de armamento nuclear, desde o colapso dos tratados de controle de armas nucleares... 31.12.2023, Sputnik Brasil
2023-12-31T14:04-0300
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O sistema de controle de armas nucleares desmoronou significativamente em 2023, envolvendo as duas principais potências nucleares: Rússia e Estados Unidos. Em fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou durante seu discurso à Assembleia Federal que a Rússia interromperia sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas, o último acordo de controle de armas nucleares entre os dois países.O presidente russo afirmou que Washington estava pressionando Moscou a cumprir seus compromissos sob o pacto, enquanto os EUA não o faziam. Putin deixou claro que a Rússia estava suspendendo, não encerrando, sua participação no acordo. Desde então, os riscos relacionados a um possível conflito nuclear se exacerbaram com a contraofensiva de Kiev anunciada repetidamente por autoridades ucranianas, afirmou o pesquisador principal do Centro de Não Proliferação e Desarmamento de Viena, Nikolai Sokov, à Sputnik.A ameaça de uso nuclear era a mais alta desde 1962. Na Rússia, começou o debate público sobre o uso limitado de armas nucleares. Por ser a primeira vez na era nuclear que isso foi discutido tão abertamente e contundentemente, foi um fato significativo, destacou o especialista. O fracasso da ofensiva ucraniana estabilizou a situação nuclear."Vale a pena notar que nunca antes foi discutido na Rússia o uso de armamento nuclear contra a Ucrânia; se armas nucleares forem usadas, será contra a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], diretamente ou indiretamente", explicou Sokov. Outro golpe na estrutura mundial de controle de armas nucleares ocorreu no final do ano como resultado da recusa de Washington em ratificar o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (TPCEN), do qual posteriormente a Rússia revogou a ratificação. Apesar das numerosas garantias dadas por autoridades russas de que Moscou continuaria respeitando a moratória de testes nucleares, alguns países ocidentais criticaram a medida e instaram a Rússia a reconsiderar sua posição, lembrou o pesquisador.Comentando todos os acontecimentos sobre o controle de armas nucleares em 2023, o diretor do Instituto Liu para Questões Globais da Universidade da Colúmbia Britânica, M. V. Ramana, comentou à Sputnik que os riscos de um confronto militar direto entre Moscou e Washington continuam. "Os riscos de uma guerra nuclear entre EUA e Rússia sempre existiram e continuam existindo", apontou o especialista.Compartilhamento de armas nucleares atinge uma nova dimensãoNo ano passado, a Rússia também posicionou suas armas nucleares fora do país, o que, segundo muitos funcionários, reflete os acordos de compartilhamento nuclear dos Estados Unidos com seus aliados na Europa. No final de março, o presidente russo anunciou que Moscou e Minsk concordaram em implantar armas nucleares táticas russas em Belarus, sem violar os compromissos russos de não proliferação.O acordo inclui também a construção de instalações de armazenamento e treinamento. A decisão foi tomada em parte como resposta à crescente presença de armas nucleares dos Estados Unidos na OTAN, informaram autoridades russas. A troca nuclear entre Rússia e Belarus foi uma das mudanças-chave no cenário mundial de armas nucleares em 2023, destacou Sokov, acrescentando que esse acordo bilateral foi "subestimado". Enquanto isso, os meios de comunicação informaram, citando documentos orçamentários da Força Aérea dos Estados Unidos para o ano fiscal de 2024, que os EUA poderiam estar planejando implantar armas nucleares no Reino Unido, na base de Lakenheath, o que representaria o retorno das armas nucleares dos Estados Unidos ao solo britânico pela primeira vez em 15 anos, afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.Arsenais cada vez mais poderososCom o aumento das tensões entre as principais potências mundiais, todas elas se envolveram profundamente na modernização de suas capacidades militares, incluindo as nucleares. Washington deu vários passos nessa direção. Em março, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destinou US$ 37,7 bilhões (R$ 182,9 bilhões) para a modernização das empresas nucleares no orçamento de defesa para o ano fiscal de 2024. Meses depois, o Pentágono anunciou que os Estados Unidos buscariam o desenvolvimento de uma versão moderna da bomba nuclear de queda livre B61. Na opinião de Sokov, os Estados Unidos continuarão se esforçando para modernizar suas capacidades nucleares.A Rússia também fez esforços significativos para melhorar as capacidades de combate de suas forças nucleares estratégicas. Em setembro, o país colocou em serviço o sistema Sarmat, uma arma com capacidade nuclear que reforçará consideravelmente suas Forças de Mísseis Estratégicos, informou a agência espacial estatal russa Roscosmos.Corrida armamentistaDe acordo com especialistas, a China é outro ator fundamental em 2023. Os Estados Unidos expressaram crescente preocupação com o armamento nuclear chinês, acusando Pequim de "falta de transparência" em relação à sua suposta rápida acumulação de armas nucleares. Washington advertiu que a China continuará sendo um dos principais jogadores nesse campo. O Pentágono apontou em seu relatório de outubro ao Congresso que a China já possuía 500 ogivas nucleares em 2023 e que se previa que teria mais de 1.000 ogivas nucleares operacionais em 2030. "O crescente arsenal nuclear da China significa que o país não será suscetível às ameaças dos EUA ou da OTAN", argumentou Ramana.O Irã já tem capacidade para desenvolver sua própria bomba nuclear?O Irã e seu controverso programa nuclear continuam em foco desde que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada de seu país do Plano de Ação Conjunta Abrangente (JCPOA) em 2018. A questão atraiu ainda mais atenção em 2023, no meio do impasse nas negociações sobre a renovação do acordo e os supostos avanços de Teerã no enriquecimento de urânio em níveis elevados. Em outubro, a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou em um relatório que o Irã havia enriquecido urânio até 60% de pureza, o que se aproxima do grau armamentista, para três bombas nucleares. "Não há dúvida de que o Irã pode se armar nuclearmente: tem tudo para isso, exceto uma decisão política (...) O principal obstáculo são as sanções econômicas, mas é possível resolvê-lo com urgência suficiente e vontade política", explicou Sokov.
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O sistema de controle de armas nucleares
desmoronou significativamente em 2023, envolvendo as
duas principais potências nucleares: Rússia e Estados Unidos. Em fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou durante seu discurso à Assembleia Federal que a Rússia
interromperia sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas, o último acordo de controle de armas nucleares entre os dois países.
O
presidente russo afirmou que Washington estava pressionando Moscou a cumprir seus compromissos sob o pacto,
enquanto os EUA não o faziam. Putin deixou claro que
a Rússia estava suspendendo, não encerrando, sua participação no acordo. Desde então, os riscos relacionados a um possível conflito nuclear se exacerbaram com a contraofensiva de Kiev anunciada repetidamente por autoridades ucranianas, afirmou o pesquisador principal do Centro de Não Proliferação e Desarmamento de Viena, Nikolai Sokov, à Sputnik.
A ameaça de uso nuclear era a mais alta desde 1962. Na Rússia, começou o
debate público sobre o uso limitado de armas nucleares. Por ser a primeira vez na era nuclear que isso foi discutido tão abertamente e contundentemente, foi um fato significativo, destacou o especialista. O
fracasso da ofensiva ucraniana estabilizou a situação nuclear.
"Vale a pena notar que nunca antes foi discutido na Rússia o uso de armamento nuclear contra a Ucrânia; se armas nucleares forem usadas, será contra a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], diretamente ou indiretamente", explicou Sokov. Outro golpe na estrutura mundial de controle de armas nucleares ocorreu no final do ano como resultado da recusa de Washington em ratificar o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (TPCEN), do qual posteriormente a Rússia revogou a ratificação.
Apesar das numerosas garantias dadas por autoridades russas de que Moscou continuaria respeitando a moratória de testes nucleares, alguns países ocidentais criticaram a medida e instaram a Rússia a reconsiderar sua posição, lembrou o pesquisador.
Comentando
todos os acontecimentos sobre o controle de armas nucleares em 2023, o diretor do Instituto Liu para Questões Globais da Universidade da Colúmbia Britânica, M. V. Ramana, comentou à Sputnik que os riscos de um
confronto militar direto entre Moscou e Washington continuam. "Os riscos de uma guerra nuclear entre EUA e Rússia sempre existiram e continuam existindo", apontou o especialista.
29 de dezembro 2023, 08:43
Compartilhamento de armas nucleares atinge uma nova dimensão
No ano passado, a Rússia também posicionou suas armas nucleares fora do país, o que, segundo muitos funcionários, reflete os acordos de compartilhamento nuclear dos Estados Unidos com seus aliados na Europa. No final de março, o presidente russo anunciou que Moscou e Minsk concordaram em implantar armas nucleares táticas russas em Belarus, sem violar os compromissos russos de não proliferação.
O acordo inclui também a construção de instalações de
armazenamento e treinamento. A decisão foi tomada em parte como resposta à
crescente presença de armas nucleares dos Estados Unidos na OTAN, informaram autoridades russas. A troca nuclear entre Rússia e Belarus foi uma das mudanças-chave no cenário mundial de armas nucleares em 2023, destacou Sokov, acrescentando que esse acordo bilateral foi "subestimado".
"Qualquer mudança na política nuclear é um sinal importante e muito tangível. O peso das armas nucleares aumentou e, além disso, a atenção está voltada para o Leste Europeu. Dadas as crescentes tensões na região, incluindo o mar Báltico, eu prestaria muita atenção", continuou o especialista.
Enquanto isso, os
meios de comunicação informaram, citando documentos orçamentários da Força Aérea dos Estados Unidos para o ano fiscal de 2024, que os EUA poderiam estar planejando implantar armas nucleares no Reino Unido, na base de Lakenheath, o que representaria o
retorno das armas nucleares dos Estados Unidos ao solo britânico pela primeira vez em 15 anos, afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
Arsenais cada vez mais poderosos
Com o aumento das tensões entre as principais potências mundiais, todas elas se envolveram profundamente na modernização de suas capacidades militares, incluindo as nucleares. Washington deu vários passos nessa direção. Em março, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destinou US$ 37,7 bilhões (R$ 182,9 bilhões) para a modernização das empresas nucleares no orçamento de defesa para o ano fiscal de 2024.
Meses depois, o Pentágono anunciou que os
Estados Unidos buscariam o desenvolvimento de uma versão moderna da bomba nuclear de queda livre B61. Na opinião de Sokov, os Estados Unidos continuarão se esforçando para
modernizar suas capacidades nucleares.
"Os Estados Unidos entraram na via da nova modernização, que levará muito tempo. Essas coisas não são feitas rapidamente. Estamos diante de uma série de melhorias qualitativas", afirmou o especialista.
A Rússia também fez esforços significativos para melhorar as capacidades de combate de suas forças nucleares estratégicas. Em setembro, o país colocou em serviço o sistema Sarmat, uma arma com capacidade nuclear que reforçará consideravelmente suas Forças de Mísseis Estratégicos, informou a agência espacial estatal russa Roscosmos.
De acordo com especialistas, a China é outro ator fundamental em 2023. Os Estados Unidos expressaram crescente preocupação com o armamento nuclear chinês, acusando Pequim de "falta de transparência" em relação à sua suposta rápida acumulação de armas nucleares. Washington advertiu que a China continuará sendo um dos principais jogadores nesse campo.
O
Pentágono apontou em seu relatório de outubro ao Congresso que a China já possuía
500 ogivas nucleares em 2023 e que se previa que teria mais de 1.000 ogivas nucleares operacionais em 2030. "O crescente arsenal nuclear da China significa que o país não será suscetível às ameaças dos EUA ou da OTAN", argumentou Ramana.
O Irã já tem capacidade para desenvolver sua própria bomba nuclear?
O Irã e seu controverso programa nuclear continuam em foco desde que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada de seu país do Plano de Ação Conjunta Abrangente (JCPOA) em 2018. A questão atraiu ainda mais atenção em 2023, no meio do impasse nas negociações sobre a renovação do acordo e os supostos avanços de Teerã no enriquecimento de urânio em níveis elevados.
Em outubro, a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou em um relatório que o Irã havia enriquecido urânio até 60% de pureza, o que se aproxima do grau armamentista, para três bombas nucleares. "Não há dúvida de que o Irã pode se armar nuclearmente: tem tudo para isso, exceto uma decisão política (...) O principal obstáculo são as sanções econômicas, mas é possível resolvê-lo com urgência suficiente e vontade política", explicou Sokov.