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Operação militar especial russa
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De idealistas enganados pelo Ocidente a criminosos: saiba quem são mercenários que seguem na Ucrânia

© Sputnik / Ilya Pitalev / Acessar o banco de imagensCidadão britânico acusado de participar como mercenário é julgado em tribunal por crimes de guerra, em Donetsk
Cidadão britânico acusado de participar como mercenário é julgado em tribunal por crimes de guerra, em Donetsk - Sputnik Brasil, 1920, 18.01.2024
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Só na última terça-feira (16), mais de 60 mercenários foram mortos após um ataque de alta precisão realizado pelas Forças Armadas da Rússia a um estacionamento temporário em Carcóvia, no leste da Ucrânia. Nesta quinta (18), as tropas destruíram outros dois pontos de apoio desses grupos acusados de diversos crimes de guerra.
Todos eram combatentes estrangeiros pagos pelo Ocidente, com maioria de origem francesa. O embaixador da França em Moscou chegou a ser convocado pelo Ministério das Relações Exteriores. Mas, afinal, quem são essas pessoas que atuam em conflitos armados por dinheiro? De idealistas que acreditam na causa defendida pelo regime de Vladimir Zelensky até criminosos, os mercenários usados pela Ucrânia ao longo da operação militar especial russa há quase dois anos possuem os mais diversos perfis. É o que contou à Sputnik Brasil o analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil Robinson Farinazzo.
Desde o início do conflito no país, iniciado com o objetivo de desmilitarização e desnazificação por conta do crescimento cada vez maior de movimentos extremistas, já foram contabilizados combatentes de quase 70 países, inclusive brasileiros. Pelo menos 600 já foram acusados de crimes de guerra.
"O perfil desse pessoal é o mais heterogêneo possível. Você tem desde o idealista, que realmente acredita que está lutando por uma boa causa, até todo tipo de criminoso, degenerado e fugitivo. E tem também veteranos das Forças Armadas de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Polônia e de outros países da Europa, até mesmo do Brasil. Então é difícil você precisar qual é o tipo de pessoa, se ela realmente acredita ou se é alguém com algum tipo de problema. Mas tem muita gente lá que sequer sabia o que iria encontrar, que até morreu antes de dar sequer o primeiro tiro", resume o especialista.
O analista militar lembra ainda que Moscou conta com um excelente serviço de inteligência, o que ajuda a identificar facilmente onde estão e quem são os mercenários pró-Ucrânia.
"A Rússia vem atacando esses combatentes desde o início do conflito. Eles sabem de boa parte das movimentações, o que também não é uma coisa difícil de esconder. Esse pessoal não fala ucraniano, acaba aparecendo muitas comunicações em outras línguas, principalmente em inglês e polonês, e os serviços de inteligência da Rússia estão sob vigilância […]. Aliás, boa parte desses mercenários adora postar em redes sociais e denunciar os seus próprios movimentos", acrescenta.
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Além disso, o comandante da reserva da Marinha vê que a contraofensiva ucraniana fracassou há tempos. "O que acontece é que, provavelmente, a Rússia tem mapeado todos os movimentos do Exército ucraniano e o que está sendo agora é um moedor de carne. A defesa aérea da Ucrânia, se não colapsou, está próxima de colapsar. Eles não têm mais condições de defender suas tropas. Na verdade, o país hoje só consegue vitórias no campo midiático e algumas pessoas acreditam que vai indo bem, mas a realidade é que ela está bem mal das pernas", diz.

O que é ser um mercenário?

De origem da palavra "mercenarius", que no latim significa comércio, mercenários são pessoas que atuam em conflito armado por dinheiro, geralmente sem ideais ou fidelidade a um Estado. Para o comandante da reserva, essa é a característica de grande parte desses mercenários que atuam na Ucrânia. Além disso, Farinazzo pontuou que a maioria já foi morta e o que ficou é "o residual". Diante do apoio financeiro cada vez menor para o país — inclusive com dificuldades do maior financiador do regime de Zelensky, os Estados Unidos, em aprovar novos pacotes de ajuda por conta dos problemas internos —, o especialista acredita que esses combatentes devem deixar o país "em breve".

"Boa parte desses mercenários depende do pagamento de estrangeiros, e quando acabar o dinheiro vai deixar a Ucrânia. Até tem gente que está lá porque acredita efetivamente, pensa que a Rússia é o império do mal e cria essas fantasias na cabeça e, por isso, vai lutar por comida, munição e abrigo. Mas é uma parte bem pequena, só que os demais acabarão indo embora porque é uma causa perdida", argumenta o especialista.

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Os mercenários são um risco para a população da Rússia?

O analista militar Robinson Farinazzo acredita ainda que o maior risco para a população russa que vive próxima à fronteira com a Ucrânia não é o grupo de mercenários, mas sim as armas de longo alcance enviadas frequentemente pelo Ocidente.
"Essas armas estão sendo usadas para tocar o terror contra a população civil. Raras vezes fazem ataques contra alvos táticos ou estratégicos; são puramente armas para criar uma situação de instabilidade", explica.
Apesar das diversas aberturas de Moscou para que Kiev entre na mesa de negociações pela paz — o que é rejeitado veementemente pelo Ocidente a custo da continuidade do conflito —, o especialista diz que a Rússia usa a mesma técnica responsável pelas vitórias contra Napoleão Bonaparte e os nazistas a partir de 1943.
"É uma estratégia de conflito prolongado, do desgaste paulatino de um exército e também é um aviso que vai destruir completamente a capacidade militar da Ucrânia […]. A coisa está sendo feita de forma tão lenta que nem o país nem o Ocidente percebem o que está acontecendo", frisa.
Para o comandante da reserva, os apoiadores de Kiev, a exemplo dos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), acreditaram na própria propaganda de que a Rússia estava fracassando na operação militar especial. "Agora estão acordando que realmente o movimento que está fazendo, apesar de propositalmente lento, é avassalador. Eu penso que a Rússia vai destruir, se não completamente, pelo menos a maior parte da capacidade militar da Ucrânia".
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Ataques ucranianos contra alvos civis na Rússia

No fim do ano passado, um bombardeio ucraniano realizado exclusivamente contra alvos civis deixou 25 pessoas mortas e mais de 100 feridos na cidade russa de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países. O ataque aconteceu com um míssil de origem tcheca e, após a Rússia convocar uma reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o país rejeitou enviar qualquer representante para dar explicações sobre como esse armamento foi parar no atentado terrorista. O secretário-geral da entidade, António Guterres, sequer deu declarações sobre a questão.

"Historicamente, a entidade nunca conseguiu evitar um conflito; pelo contrário, ela foi responsável por uma das piores guerras do século passado, que foi a guerra da Coreia. Está completamente desmoralizada, ninguém espera nada dela. Se a ONU [Organização das Nações Unidas] não conseguir fazer nada com relação, por exemplo, ao sofrimento dos palestinos em Gaza, eu penso que ela cai no completo descrédito e vai ter o mesmo rumo que teve a falecida Liga das Nações", finaliza.

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