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Ataques iranianos em países vizinhos do Oriente Médio são demonstração de força, diz analista

© AFP 2023Míssil iraniano de defesa aérea Sevom Khordad em exibição durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra de 1980-1988 com o Iraque. Teerã, em 22 de setembro de 2022
Míssil iraniano de defesa aérea Sevom Khordad em exibição durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra de 1980-1988 com o Iraque. Teerã, em 22 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 24.01.2024
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Em menos de uma semana, compondo uma série de ataques, o Irã realizou investidas em alvos no Paquistão, Síria e Iraque.
Em entrevista aos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, do podcast Mundioka da Sputnik Brasil, Rodrigo Amaral, que é professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pesquisador de política internacional do Oriente Médio, explica as nuances e motivações para as investidas iranianas.
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Esses movimentos, segundo aponta, não foram uma manifestação geral de guerra, mas sim ações direcionadas contra inimigos iranianos nessas regiões.
Ele relembra que as autoridades iranianas justificaram os ataques como uma resposta ao Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), um ramo do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) que atua no Afeganistão e no Paquistão; ao Jarish al-Adl; e ao Serviço Secreto de Israel, todos considerados inimigos conhecidos do Irã.

Por que o Irã atacou o Paquistão, a Síria e o Iraque?

Segundo o analista, o contexto para essas ações incluiu atentados terroristas ocorridos durante a celebração anual da vida do general Qassim Soleimani, uma das principais lideranças militares iranianas assassinadas pelos Estados Unidos em janeiro de 2020.

"Tratam-se de ataques pontuais que foram feitos contra inimigos iranianos nesses respectivos territórios. [...] a gente pode também compreender inicialmente que esses ataques em território sírio, iraquiano e paquistanês, na verdade, também são uma forma de demonstrar força [...] uma demonstração de força iraniana sobre a sua capacidade militar e também uma espécie de resposta para a sua própria população", crava o pesquisador.

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Qual o motivo dos conflitos no Oriente Médio?

Segundo o internacionalista, a situação é complexa. Sendo iniciada pelos atentados durante a celebração do general Qassim Soleimani, seguida pela reivindicação do Estado Islâmico e a disputa de narrativas entre as lideranças iranianas.
A discussão sobre a autoria dos ataques inicialmente gerou especulações, com algumas suspeitas direcionadas ao Mossad, serviço secreto israelense. No entanto, o Estado Islâmico assumiu a responsabilidade, alterando as perspectivas do incidente.
Essa mudança de cenário, segundo reverberou à Sputnik Brasil o especialista, gerou uma disputa de narrativa, destacando a visão das autoridades iranianas de que os ataques eram uma consequência da presença ocidental e dos contra-ataques de Israel em Gaza desde outubro.

"A gente tem uma disputa de narrativa e acho que a forma como o Irã respondeu reflete um pouco essa disputa de narrativa, porque, vamos analisar, no território sírio, os ataques foram pontualmente contra o próprio Estado Islâmico. [...] Os militares iranianos atacaram bases do Estado Islâmico na Síria", detalha o analista.

Quais os inimigos do Irã?

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O Irã respondeu a essa situação por meio de ataques pontuais, mirando especificamente o Estado Islâmico no território sírio e iraquiano. Além disso, o ataque no Paquistão, contra o Jaysh al-Adl, um grupo insurgente baloque sunita, não estava diretamente relacionado aos eventos celebrativos de Qassim Soleimani, mas sim uma expressão da expansão militar e fortalecimento das atividades iranianas na região.
"No caso do Iraque, atacou bases do Estado Islâmico, mas também atacou um escritório, um prédio, que os iranianos falavam que era o escritório do Mossad [...] a gente tem uma extensão disso, porque o ataque feito no Paquistão, que foi contra o Jaysh al-Adl, que é um grupo insurgente baloque sunita não teve nada a ver, propriamente, com esse ataque na data celebrativa do Kassim Soleimani", detalha.

Ocidente e a responsabilidade nas ações contra o Oriente

O especialista ressalta a complexidade dos ataques recentes, enfocando a responsabilidade dos atores hegemônicos que apoiam Israel, especialmente os Estados Unidos e o Reino Unido. Ele destaca o papel desses países no subsídio militar de Israel, desde sua criação até a atualidade, como uma forma de garantir os interesses ocidentais no Oriente Médio.

"Não tem como nós pensarmos nesses ataques, essa chamada guerra para dentro do território de Israel. Tem que pensar na responsabilidade desses atores hegemônicos que o protegem: o Reino Unido, os Estados Unidos, e particularmente os Estados Unidos, que são a maior potência militar do mundo, que subsidia militarmente Israel", embasa e exemplifica.

Ao analisar os ataques israelenses de alto nível, incluindo a eliminação de líderes do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, o especialista observa a falta de uma resposta militar direta do Irã. Ele sugere que o Irã possa retornar à sua estratégia tradicional de fomentar grupos aliados, como Hamas em Gaza, Hezbollah no Líbano, houthis no Iêmen e frentes de mobilização popular no Iraque.
"O Irã passa a ser um perpetrador de ataques militares e, portanto, se torna um inimigo explícito. Não é o desejo iraniano. [...] essa não é a característica da expansão ideológica e política iraniana no Oriente Médio", qualifica.
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