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Os 40 anos da Marquês de Sapucaí: 'É sempre ali que a gente entrega tudo o que pode' (VÍDEO)
Os 40 anos da Marquês de Sapucaí: 'É sempre ali que a gente entrega tudo o que pode' (VÍDEO)
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Do grego drómos, que significa via, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, que completa quatro décadas este mês, tornou-se muito mais do que uma passarela do... 07.02.2024, Sputnik Brasil
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Especialistas e estudiosos da maior festa nacional brasileira conversaram sobre esse "monumento apoteótico" e sua importância com a Sputnik Brasil.Projeto idealizado pelo antropólogo, educador e político Darcy Ribeiro e com arquitetura inconfundível do icônico Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1984, a pedido do então governador Leonel Brizola. A finalidade era criar um local definitivo para os desfiles das escolas de samba no Carnaval e um espaço educacional durante o restante do ano.O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, lembra que a associação também comemora 40 anos e viveu todas as mudanças e evoluções da Sapucaí:Antes, as escolas de samba desfilavam em lugares diferentes a cada ano. Locais como a Praça Onze, o Campo de Santana, a avenida Rio Branco e a avenida Presidente Vargas eram ocupados de maneira improvisada e sem estrutura adequada para receber o público, lembra o jornalista Luiz Eduardo Rezende, que cobriu o primeiro Carnaval no Sambódromo pelo extinto Jornal do Brasil.A criação de uma "casa" para o desfile, no centro da capital fluminense, explica Bruno Filippo — comentarista de Carnaval, jornalista e cientista político —, revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro:Construção envolta em controvérsias e polêmicasCom seus 700 metros de extensão e 13 metros de largura de concreto, o Sambódromo do Rio deu ao Carnaval fluminense a pompa e a circunstância merecidas. Entretanto, foi uma obra muito polêmica, lembra Filippo:O jornalista e estudioso do Carnaval João Gustavo Melo ressalta que o propósito inicial do Sambódromo foi desvirtuado:"Houve um vício de origem, vamos dizer assim, na construção do Sambódromo, porque ela não ouviu muito os sambistas. Foi uma coisa muito verticalizada, foi uma decisão e um projeto que vieram de cima para baixo", afirma ele. "Então, foi um momento de muita tensão, de muita discussão e de muita controvérsia."O carnavalesco Mauro Quintaes, que atualmente está na escola de samba Porto da Pedra, destaca que essa falta de diálogo com quem fazia na prática o Carnaval trouxe alguns problemas práticos e entraves para o desfile:O presidente da Liesa, que congrega as 12 agremiações do Grupo Especial, também lembra que as escolas não participaram do processo de elaboração da obra."Não construímos o Sambódromo, achamos um espaço pronto que era a escola do governo, do Estado e da prefeitura e adaptamos. É o que temos, melhoramos onde podíamos", conta.Rezende pondera que, embora o local tenha ligação histórica com o samba, com o tempo foram identificados "problemas estruturais gravíssimos em relação especialmente a alagamentos, às margens do canal do Mangue".Ele também cita o estreito contorno para os carros alegóricos e o elevado que atravessa a avenida Presidente Vargas, dificultando o acesso de grandes alegorias.A Praça da Apoteose ao fim da passarela, idealizada por Darcy Ribeiro para acontecer a "grande explosão popular", tornou-se espaço de dispersão de alegorias e de componentes:Queda de braço: função social em detrimento do lucroMelo lembra que, originalmente, a proposta era que o espaço fosse democrático e permitisse o acesso de pessoas de todas as classes sociais, mas que isso também foi alterado ao longo do tempo:Por outro lado, pontua ele, a ampliação de arquibancadas espelhadas, em 2012, trouxe maior democratização de acesso aos ingressos, pois aumentou sua oferta.Rezende também lamenta a gentrificação do espaço:O presidente da Liesa argumenta que o custo da festa se tornou proporcional à magnitude do espetáculo:Segundo ele, mais de 10 mil pessoas trabalham nos preparativos da grande festa:"Diretor de Carnaval, mestre-sala e porta-bandeira, diretor de bateria, sem contar a mão de obra de costureira, barracão, ferreiro, carpinteiro", elenca ele. "Vi a empresa crescer há 40 anos, de pires na mão, andando atrás de uma pequena subvenção para poder chegar na avenida, fazendo tudo de forma artesanal. Hoje é um espetáculo com grande qualidade."Ainda de acordo com o presidente da Liesa, 24 supercamarotes na Sapucaí abrigam de 2 mil a 4,5 mil pessoas cada um. A venda de ingressos é a primeira fonte de renda da Liesa atualmente, na frente dos pagamentos pelos direitos de transmissão dos desfiles e do apoio da prefeitura:Em 1994, o Sambódromo foi tombado como patrimônio histórico cultural. Em seus 40 anos de existência, não faltam histórias curiosas, drama e muita emoção. Quintaes lembra que o incêndio da Viradouro, em 2020, foi um dos momentos mais impactantes e tristes como carnavalesco, mas que surtiu efeitos positivos:"Se o incêndio tivesse acontecido no meio do desfile, entre arquibancadas, entre camarotes, a tragédia teria sido muito maior. O episódio do incêndio acendeu uma luz de alerta na prefeitura, na direção da liga, e eles começaram a colocar os pontos de água para combater incêndios durante o percurso", lembra.O carnavalesco acredita que os anos fizeram bem para o Sambódromo do Rio, que hoje tem mais segurança, organização e conforto para receber o público:Carnaval e política: elementos indissociáveisA construção do Sambódromo envolveu um grande aporte nas escolas de samba, não apenas financeiro, como também político, de acordo com Melo, de valorização da construção do equipamento e da popularização do marketing.A hegemonia alcançada pelas escolas de samba coincide com o surgimento do Sambódromo, afirma ele, que defende o investimento desse setor como política de Estado, contanto que haja transparência em relação às verbas, uma vez que se trata de dinheiro público:Além disso, a existência de um plano, com cronograma de aplicação de recursos para as diferentes agremiações, não apenas as do Grupo Especial, empregaria ainda mais gente e movimentaria ainda mais a economia da cidade:Ainda do ponto de vista político, para Quintaes, a Marquês de Sapucaí mudou muito em termos de lugar de fala.O integrante da Porto da Pedra compara a Marquês de Sapucaí ao caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, onde ocorre a "peregrinação final" das escolas de samba, depois de um ano de trabalho:"É ali, nesses poucos minutos, que são totalmente desequilibrados em relação ao volume de trabalho que a gente apresenta. Nosso destino é selado ali, é sempre ali que a gente entrega tudo o que pode".Sobre essa entrega, Melo argumenta que para além das contradições e da elitização do Sambódromo, mantém sua função original de palco político, social e cultural de uma parcela oprimida da sociedade que dá alma ao Carnaval brasileiro:"O Carnaval é política. Ele está inserido na cidade. Carnaval é disputa. Cidade é disputa. Política é disputa", conclui.
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O Sambódromo completa 40 anos e sua história vai além do Carnaval
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brasil, carnaval, escola de samba, sapucaí, festa nacional, rio de janeiro, popular, economia, cultura, turismo, exclusiva, sociedade, bruno filippo, leonel brizola neto, oscar niemeyer, liesa, sambódromo, escolas de samba
Especialistas e estudiosos da maior festa nacional brasileira conversaram sobre esse "monumento apoteótico" e sua importância com a Sputnik Brasil.
Projeto idealizado pelo
antropólogo, educador e político Darcy Ribeiro e com arquitetura inconfundível do icônico
Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1984, a pedido do então governador Leonel Brizola. A finalidade era criar um
local definitivo para os desfiles das
escolas de samba no Carnaval e um espaço educacional durante o restante do ano.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, lembra que a associação também comemora 40 anos e viveu todas as mudanças e evoluções da Sapucaí:
"A escola, durante o Carnaval, virava as divisórias das salas e virava bancada, camarote, enfim. Com o tempo, ela foi se modificando. O prédio à direita, que era o tradicional prédio da Brahma, foi demolido. Foram construídas novas arquibancadas, que se equiparavam aos dois lados da arquibancada da avenida, que nos deu a possibilidade de ter hoje a capacidade de ultrapassarmos neste ano, pela primeira vez, mais de 100 mil pessoas no Carnaval", celebra Perlingeiro.
Antes, as escolas de samba desfilavam em lugares diferentes a cada ano. Locais como a Praça Onze, o Campo de Santana, a avenida Rio Branco e a avenida Presidente Vargas eram ocupados de maneira improvisada e sem estrutura adequada para receber o público, lembra o jornalista Luiz Eduardo Rezende, que cobriu o primeiro Carnaval no Sambódromo pelo extinto Jornal do Brasil.
"Você tinha praticamente nessas ruas dois meses de trânsito interrompido e, às vezes, muita denúncia até de corrupção; era uma confusão incrível", conta.
A criação de uma "casa" para o desfile, no centro da capital fluminense, explica Bruno Filippo — comentarista de Carnaval, jornalista e cientista político —, revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro:
"Porque as escolas se engrandeceram, tiveram que se profissionalizar mais do que já estavam, tiveram um impacto estético também, porque o Sambódromo agigantou o desfile das escolas de samba."
Construção envolta em controvérsias e polêmicas
Com seus 700 metros de extensão e 13 metros de largura de concreto, o Sambódromo do Rio deu ao
Carnaval fluminense a pompa e a circunstância merecidas. Entretanto, foi uma obra muito polêmica, lembra Filippo:
"Porque alegava-se que não daria tempo de construir o Sambódromo para o Carnaval de 1984, que o estado do Rio de Janeiro tinha outras preocupações, outras prioridades. O Brizola e o Darcy Ribeiro apanharam muito da imprensa na época."
O jornalista e estudioso do Carnaval João Gustavo Melo ressalta que o propósito inicial do Sambódromo foi desvirtuado:
"Houve um vício de origem, vamos dizer assim, na construção do Sambódromo, porque ela não ouviu muito os sambistas. Foi uma coisa muito verticalizada, foi uma decisão e um projeto que vieram de cima para baixo", afirma ele. "Então, foi um momento de muita tensão, de muita discussão e de muita controvérsia."
"Teve muita crítica na época. Realmente eles não entendiam nada de samba, não ouviram ninguém de samba, fizeram uma obra linda, mas que depois, ao longo dos anos, foi sendo modificada", acrescenta Rezende.
O carnavalesco Mauro Quintaes, que atualmente está na escola de samba Porto da Pedra, destaca que essa falta de diálogo com quem fazia na prática o Carnaval trouxe alguns problemas práticos e entraves para o desfile:
"Pegaram um grande desfile linear, encravaram no meio de um bairro. É belíssimo o desfile em si, mas você não tem um acesso de chegada, é horrível para sair. Os acessos, tanto de chegada como de saída das alegorias, não foram pensados", critica ele. "Ainda tem um viaduto de 7,5 metros à direita de quem desfila e uma passarela. Então, existem muitas interferências na geometria do desfile em função desses entraves."
O presidente da Liesa, que congrega as 12 agremiações do Grupo Especial, também lembra que as escolas não participaram do processo de elaboração da obra.
"Não construímos o Sambódromo, achamos um espaço pronto que era a escola do governo, do Estado e da prefeitura e adaptamos. É o que temos, melhoramos onde podíamos", conta.
Rezende pondera que, embora o local tenha ligação histórica com o samba, com o tempo foram identificados "problemas estruturais gravíssimos em relação especialmente a alagamentos, às margens do canal do Mangue".
Ele também cita o estreito contorno para os carros alegóricos e o elevado que atravessa a avenida Presidente Vargas, dificultando o acesso de grandes alegorias.
A Praça da Apoteose ao fim da passarela, idealizada por Darcy Ribeiro para acontecer a "grande explosão popular", tornou-se espaço de dispersão de alegorias e de componentes:
"Era o local onde as escolas de samba fariam seu gran finale, sua apoteose mesmo, naquele espaço em local apoteótico, onde o público se encantaria com as escolas", comenta Filippo. "Esse desejo do Darcy Ribeiro não se cumpriu, porque pela proposta original não haveria cadeira, não haveria frisa naquele local."
Queda de braço: função social em detrimento do lucro
Melo lembra que, originalmente, a proposta era que o espaço fosse democrático e permitisse o acesso de pessoas de todas as classes sociais, mas que isso também foi alterado ao longo do tempo:
"Os camarotes têm espaço extremamente privilegiado, pessoas de alto poder aquisitivo que descem e ficam mais próximo da pista. Esse espaço que hoje é ocupado por uma elite era destinado a uma espécie geral, como era no Maracanã, onde o povo podia estar mais perto do jogo", lembra.
Por outro lado, pontua ele, a ampliação de arquibancadas espelhadas, em 2012, trouxe maior democratização de acesso aos ingressos, pois aumentou sua oferta.
Rezende também lamenta a gentrificação do espaço:
"Todos os ensaios técnicos estão lotados. Por quê? Porque o povo pode comparecer. O cara que é mangueirense lá do Morro da Mangueira, ele quer ver a escola dele desfilar. Tem que ter uma parte do Sambódromo de ingressos populares, não só aquele Setor 1 lá que ninguém vê o desfile da escola, só vê a armação. Tem que ter uma forma qualquer de trazer o povão de volta para o desfile das escolas de samba", defende.
O presidente da Liesa argumenta que o custo da festa se tornou proporcional à magnitude do espetáculo:
"Uma pluma custa R$ 400, uma chapa de compensado para a forração de um carro que custava cerca de R$ 100, hoje custa R$ 600. Hoje você não tem ideia de quanto custa para fazer um barracão, manter uma escola de samba. Uma alegoria boa está na faixa de R$ 600 mil a R$ 700 mil", argumenta Perlingeiro.
"Diretor de Carnaval, mestre-sala e porta-bandeira, diretor de bateria, sem contar a mão de obra de costureira, barracão, ferreiro, carpinteiro", elenca ele. "Vi a empresa crescer há 40 anos, de pires na mão, andando atrás de uma pequena subvenção para poder chegar na avenida, fazendo tudo de forma artesanal. Hoje é um espetáculo com grande qualidade."
Ainda de acordo com o presidente da Liesa, 24 supercamarotes na Sapucaí abrigam de 2 mil a 4,5 mil pessoas cada um. A venda de ingressos é a primeira fonte de renda da Liesa atualmente, na frente dos pagamentos pelos direitos de transmissão dos desfiles e do apoio da prefeitura:
"Infelizmente, não é espaço para todo mundo. Muitos não têm dinheiro, por isso, os ensaios técnicos recebem mais 50, 60 mil pessoas. É a contrapartida que damos para a prefeitura, que nos ajuda substancialmente. Retribuímos dessa forma, abrimos as portas de graça para que todos possam assistir aos ensaios técnicos", comenta.
Em 1994, o Sambódromo foi tombado como patrimônio histórico cultural. Em seus 40 anos de existência, não faltam histórias curiosas, drama e muita emoção. Quintaes lembra que o incêndio da Viradouro, em 2020, foi um dos momentos mais impactantes e tristes como carnavalesco, mas que surtiu efeitos positivos:
"Se o incêndio tivesse acontecido no meio do desfile, entre arquibancadas, entre camarotes, a tragédia teria sido muito maior. O episódio do incêndio acendeu uma luz de alerta na prefeitura, na direção da liga, e eles começaram a colocar os pontos de água para combater incêndios durante o percurso", lembra.
O carnavalesco acredita que os anos fizeram bem para o Sambódromo do Rio, que hoje tem mais
segurança, organização e conforto para receber o público:
"Acho fundamental para o carioca, para o Brasil, enquanto nação poder exportar esse espetáculo tão organizado, tão bonito e tão saudável. Mesmo com quase 40 anos de trajetória, ainda olho para aquele espaço e me emociono ao vê-lo dessa maneira", diz Quintaes.
Carnaval e política: elementos indissociáveis
A construção do Sambódromo envolveu um grande aporte nas escolas de samba, não apenas financeiro,
como também político, de acordo com Melo, de valorização da construção do equipamento e da popularização do marketing.
A hegemonia alcançada pelas escolas de samba coincide com o surgimento do Sambódromo, afirma ele, que defende o investimento desse setor como política de Estado, contanto que haja transparência em relação às verbas, uma vez que se trata de dinheiro público:
"Não tem mais como voltar para um espetáculo menor, mexe com comunidade, mexe com toda a cadeia produtiva, mexe com toda a economia; são pessoas que dependem desse aporte e dessa subvenção", diz. "A subvenção do Estado, da Prefeitura, para as escolas de samba, deve ser discutida de forma mais madura por parte das escolas de samba, da população, por meio de seus representantes", pondera ele.
20 de fevereiro 2023, 10:00
Além disso, a existência de um plano, com cronograma de aplicação de recursos para as diferentes agremiações, não apenas as do Grupo Especial, empregaria ainda mais gente e movimentaria ainda mais a economia da cidade:
"O Estado tem que prover as manifestações culturais, é um direito que está previsto na Constituição, não é favor. Temos que cobrar é mais transparência na aplicação desses recursos e uma melhor política para que a população saia ganhando."
Ainda do ponto de vista político, para Quintaes, a Marquês de Sapucaí mudou muito em termos de lugar de fala.
"Ali você tem uma exploração política do espaço, do desfile. Deixou de ser só aquele desfile do belo pelo belo, da beleza sendo exposta, mas também se tornou um lugar de fala, um lugar de representatividade. A chegada dos acadêmicos trouxe mais um estofo cultural em termos de enredo", comenta ele.
O integrante da Porto da Pedra compara a Marquês de Sapucaí ao caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, onde ocorre a
"peregrinação final" das escolas de samba, depois de um ano de trabalho:
"É ali, nesses poucos minutos, que são totalmente desequilibrados em relação ao volume de trabalho que a gente apresenta. Nosso destino é selado ali, é sempre ali que a gente entrega tudo o que pode".
Sobre essa entrega, Melo argumenta que para além das contradições e da elitização do Sambódromo, mantém sua função original de palco político, social e cultural de uma parcela oprimida da sociedade que
dá alma ao Carnaval brasileiro:
"Quando comunidades, quando toda uma massa de pessoas que passa um ano escondida, sendo esculachada pelo poder público, pela polícia, por tudo o que chamamos de institucionalidade, vai para a avenida e mostra seu potencial de mobilização, de organização e de negociação, é uma forma potente de dizer que essas comunidades podem ser protagonistas do seu próprio espetáculo", frisa o pesquisador.
"O Carnaval é política. Ele está inserido na cidade. Carnaval é disputa. Cidade é disputa. Política é disputa", conclui.