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'Direito de defesa transformado em direito de vingança', diz Lula sobre guerra israelense em Gaza

© Ricardo Stuckert / Presidência da RepúblicaO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Brasília, Brasil, 6 de março de 2024
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Brasília, Brasil, 6 de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 06.03.2024
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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe nesta quarta-feira (6) seu homólogo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto e voltou a comentar a guerra promovida por Israel na Faixa de Gaza. Nesta semana, o conflito completa cinco meses e o número de palestinos mortos já se aproxima de 31 mil.
Segundo maior país que investe em negócios no Brasil, com fluxo que chega a quase US$ 60 bilhões (R$ 296 bilhões), o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, cumpre uma extensa agenda no país até a próxima quinta (7) e teve um encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto, em Brasília. Além da assinatura de acordos de cooperação técnica em áreas como tecnologia e ciência, os chefes do Executivo discutiram temas como reforma da governança global e conflitos mundiais.
Durante discurso, Lula voltou a criticar a ofensiva militar promovida pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contra o enclave palestino. Além disso, o petista acredita que a paralisia do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) frente à questão é uma "prova cabal da necessidade de reformas urgentes do sistema para torná-lo mais representativo, legítimo e eficaz".
Apesar de o Brasil ter condenado os ataques promovidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, quando o grupo causou quase 1,2 mil mortes e tornou mais de 200 pessoas reféns, Lula acredita que "o direito de defesa transformado em direito de vingança constitui na prática uma punição coletiva que mata indiscriminadamente mulheres e crianças".
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O presidente brasileiro também voltou a defender a criação do Estado da Palestina e que seja reconhecido como um membro pleno das Nações Unidas, além de economicamente viável e que possa conviver com Israel.

"O Brasil tem tido um comportamento muito ativo na perspectiva de encontrar um caminho de paz, não só para Gaza, mas Ucrânia e Rússia. Quando presidimos o Conselho de Segurança, nosso ministro [Mauro Vieira, das Relações Exteriores] fez uma proposta de votação que teve 12 votos favoráveis, 2 abstenções e 1 voto contra dos EUA, que vetou. É um Conselho de Segurança que hoje representa muito pouco ou quase nada, todos se metem em guerra sem discutir em nenhum fórum. É preciso ter uma parada humanitária para resolver o problema de mulheres e crianças vítimas de uma violência brutal em Gaza", pontuou o presidente.

Lula ainda lembrou que mais de 80% das vítimas são justamente mulheres e crianças e que inclusive vídeos mostram meninos com cerca de 6 anos "pedindo para morrer porque não queriam ter as pernas amputadas sem anestesia".
"Não é possível continuar a matança sem que o Conselho de Segurança pare essa guerra e permita que chegue alimento e remédio. Mais de 30 toneladas de alimento que não consegue chegar […]. Eu acho que isso deveria mexer com o coração das pessoas que têm poder de decisão nas Nações Unidas", pontua.
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Questionamento sobre genocídio

Durante entrevista coletiva, o presidente espanhol chegou a ser questionado sobre se compartilha da visão do homólogo brasileiro de que há genocídio contra a população da Faixa de Gaza. Inicialmente Sanchéz ressaltou que Israel possuía o direito de se defender dos ataques terroristas do Hamas e cobrar a urgente libertação dos reféns, mas respeitando o direito internacional e humanitário.

"Depois de 30 mil mortes e muita devastação, que deixa Gaza em uma situação que vai exigir décadas de reconstrução para voltar aos níveis anteriores, que já eram paupérrimos, temos dúvidas de que Israel não esteja cumprindo com o direito humanitário", declarou, não falando em genocídio.

O presidente da Espanha também defendeu a efetivação do Estado da Palestina na região como uma saída para a paz no Oriente Médio e o fim da violência em Gaza. "Passa sem dúvida pelo reconhecimento dos dois Estados pela comunidade internacional, com o mundo árabe reconhecendo Israel e o mundo ocidental com o Estado da Palestina. Em torno desses pilares, podemos trabalhar com o Estado brasileiro pela paz", concluiu.
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