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Analistas: com ideia de enviar tropas à Ucrânia, Macron quer obter status de 'Rei Sol do século XXI'

© AFP 2023 / Charles PlatiauO presidente francês Emmanuel Macron participa de uma cerimônia oficial na prefeitura de Paris após sua posse formal como presidente da rança, 14 de maio de 2017
O presidente francês Emmanuel Macron participa de uma cerimônia oficial na prefeitura de Paris após sua posse formal como presidente da rança, 14 de maio de 2017 - Sputnik Brasil, 1920, 20.03.2024
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O chefe da Inteligência Externa russa, Sergei Naryshkin, revelou na terça-feira (19) que Paris está planejando enviar milhares de soldados para a Ucrânia. A nova informação surge poucos dias depois de o presidente francês ter redobrado as ameaças "para combater a Rússia". A Sputnik perguntou a analistas sobre as implicações destes desenvolvimentos.
A revelação do Serviço de Inteligência Externa russo sobre os planos franceses de enviar mais de 2.000 soldados para a Ucrânia pode sinalizar uma jogada do presidente Emmanuel Macron para aumentar a sua estatura como um importante líder europeu e até global, mas quase certamente acabaria por minar a ordem de segurança regional, segundo disseram observadores russos e europeus especialistas em segurança e assuntos internacionais à Sputnik.
"Com estas ações e declarações, Macron está tentando desempenhar o seu próprio papel [independente] em um novo alinhamento da comunidade europeia", afirma Aleksandr Mikhailov, chefe do Escritório de Análise Político-Militar, um think tank russo sobre assuntos de segurança.

"Deve ser entendido aqui que Macron tem atualmente as cartas mais fortes" entre outros líderes europeus, segundo Mikhailov. "Ele se sente mais confiante no cargo de líder da 'locomotiva europeia' e deverá governar a França até 2027. Ou seja, ele não é um pato manco e, ao contrário do [chanceler alemão Olaf] Scholz e dos líderes da União Europeia [UE] de instituições de nível superior, é um político que está 'florescendo'", em vez de alguém que planeja se retirar para a obscuridade política em um futuro próximo.

Com a França desfrutando de capacidades militares incomparáveis a qualquer um dos seus vizinhos e possuindo uma poderosa Legião Estrangeira (ou seja, mercenários prontos para agir), Macron tem, sem dúvida, acesso ao pessoal e aos recursos para enviar tropas para a Ucrânia, acredita o observador russo.
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"A questão é saber que estatuto jurídico isto poderia ser formalizado", sublinhou Mikhailov, expressando "sérias dúvidas" de que Paris reuniria coragem para enviar um contingente oficial de tropas francesas para o leste, tendo em conta repetidas advertências de autoridades russas sobre as consequências "extremamente negativas" que tal medida pode acarretar.
Naryshkin alertou na sua declaração de terça-feira que as forças francesas na Ucrânia se tornariam imediatamente um alvo prioritário para os militares russos.
O analista não acredita que Macron se comprometa a enviar um contingente formal de tropas para a Ucrânia. "Mas a França poderia, é claro, teoricamente criar uma base — um conjunto de pessoal para o reabastecimento constante de unidades mercenárias, e talvez já o esteja fazendo", disse o analista.

Rei Sol da França do século XXI?

"Macron ficaria muito feliz em conceber uma situação em que pudesse propor algum tipo de caminho para as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia e, por assim dizer, tentar desempenhar um papel de 'pacificador' que, mesmo em tempo dos Jogos Olímpicos de Paris, resolveu com sucesso um conflito europeu complexo e se elevou não apenas ao papel de líder mais importante da Europa, mas de um líder mundial que resolveu um conflito complexo que mesmo outros intervenientes mundiais importantes, como a China e os Estados Unidos, não conseguiram lidar", disse o observador, investigando as possíveis razões para a obsessão do presidente francês com a Ucrânia.
Tiberio Graziani, presidente da Vision & Global Trends — um think tank com sede em Roma, concorda que Macron está tentando se apresentar como um grande líder europeu e não pode descartar a possibilidade de Paris enviar tropas para o Leste — mesmo que seja sem a aprovação ou apoio das instituições da UE e dos Estados Unidos.
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"Além disso", disse Graziani à Sputnik, "o ataque de 2011 à Líbia, perpetrado contra os acordos de amizade ítalo-líbios, deixou claro que a França, o Reino Unido e os EUA nem sempre levam em conta as relações de aliança e as esferas de influência dos seus aliados. O direito internacional tal como o conhecíamos durante a chamada Guerra Fria já não existe. O primeiro a destruir os princípios que fundamentam o direito internacional — soberania dos Estados, inviolabilidade das fronteiras — foram os Estados Unidos".
Macron pode estar à procura de um casus belli (caso de guerra) para intervenção na Ucrânia, disse Graziani, acrescentando que o passado colonial da França mostrou que Paris certamente tem as capacidades e a experiência de usar tropas e mercenários para tentar impor a sua vontade a outros países, particularmente na África.
"É difícil fazer uma previsão e uma avaliação", segundo o observador. "Certamente, um movimento precipitado como o repetidamente afirmado por Macron levaria à destruição do sistema de segurança europeu baseado na Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN]. Muito provavelmente, as declarações constantes de Macron sobre o envio de combatentes militares para a Ucrânia estão ligadas ao medo de ter Trump na Casa Branca", acredita Graziani, apontando para as repetidas conversas do candidato republicano ao presidente sobre acabar com o atoleiro ucraniano e tentar melhorar os laços dos EUA com Rússia.
O Ministério da Defesa da França nega a presença de soldados franceses na Ucrânia ou que planeje enviar forças para o país do Leste Europeu devastado pelo conflito.
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