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Operação militar especial russa
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Especialista: corrupção acelerou a retirada da Ucrânia mais do que a escassez de armas

© AP Photo / Evgeniy MaloletkaUm comandante da brigada ucraniana Dyadya Roma (Tio Roma) fala com seu camarada na linha de frente na região de Carcóvia, Ucrânia, 24 de dezembro de 2022
Um comandante da brigada ucraniana Dyadya Roma (Tio Roma) fala com seu camarada na linha de frente na região de Carcóvia, Ucrânia, 24 de dezembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2024
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O rápido desmoronamento das defesas ucranianas, que levou à retirada militar, levanta questões sobre o fracasso de Kiev em manter a linha da frente.
As tropas russas continuam avançando ao longo de toda a linha de frente de 1.000 quilômetros de extensão e expulsando os militares ucranianos da República Popular de Donetsk (RPD) após a libertação de Avdeevka. Depois de assumir o controle de Chasov Yar e Ocheretino, as Forças Armadas russas vão ter acesso ao aglomerado urbano de Slavyansk-Kramatorsk e destruir a linha de defesa de Kiev a oeste de Avdeevka.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, tem criticado consistentemente o Ocidente por hesitar em fornecer sistemas de defesa antiaérea, armas e munições, citando isso como a principal razão para os fracassos dos seus militares. No entanto, foi revelado que a escassez de munições não tem sido o principal problema do Exército ucraniano.
Kiev alocou anteriormente quase 38 bilhões de grívnias (US$ 960 milhões ou R$ 4,8 bilhões) para construir uma rede de fortificações em várias camadas; no entanto, as tropas ucranianas testemunham que as linhas de defesa quase não existem, conforme citado pela Associated Press. Os militares ucranianos afirmam que estas obras deveriam ter sido concluídas no ano passado durante uma pausa operacional temporária, e não durante uma retirada.
"Podemos supor que há um ano, quando o orçamento foi planejado, os ucranianos não acreditavam que a contraofensiva iria falhar. Em geral, a estratégia era atacar e estabelecer posições defensivas em territórios recém-adquiridos. Ou seja, as fortificações foram feitas para o ataque e não para a defesa", disse Vadim Kozyulin, chefe do Instituto de Estudos Internacionais Contemporâneos da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, à Sputnik.
"Mas a situação mudou. Além disso, vemos que tudo aconteceu rapidamente e, muito provavelmente, de forma inesperada. Os ucranianos provavelmente perceberam ao que isso estava levando, mas não podiam admitir isso abertamente, porque temiam que pudesse ter impacto no financiamento. Eles tinham que manter algum tipo de otimismo entre os parceiros ocidentais, isso os decepcionou, pegando-os desprevenidos", explicou.
"A segunda questão é a corrupção. É um problema antigo da Ucrânia e não sabemos a sua extensão, visto que tudo é confidencial durante as hostilidades", continuou o especialista.
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Onde está o dinheiro?

Os fundos atribuídos para fortalecer as defesas ucranianas foram roubados com a aprovação tácita dos funcionários do governo do país, presumiu Vadim Mingalev, especialista militar e analista político.
Ele também chamou a atenção para o fato de Andrei Yermak, produtor cinematográfico ucraniano nomeado por Zelensky como chefe de seu escritório, supervisionar o projeto. O presidente ucraniano também desempenhou um papel nesta farsa ao visitar locais que eram nada menos que "povoados de Potemkin", ou seja, uma fachada impressionante concebida para esconder uma verdade inconveniente, observou o especialista.
De acordo com Mingalev, a agitação em torno da parcela de US$ 61 bilhões (cerca de R$ 309,17 bilhões) surgiu do desejo do governo de Kiev de alocar uma parte destes fundos para os seus projetos de construção de fortificações atrasados.
"Como em qualquer negócio de construção, primeiro é preparada uma certa estimativa", disse o especialista militar, explicando como o dinheiro pode ter desaparecido. "A estimativa é então aumentada em uma vez e meia ou duas vezes. Depois, à medida que a construção avança, pode aumentar três vezes, e assim por diante. Consequentemente, uma certa quantidade de concreto, cimento e outros materiais de construção não são fornecidos para criar as linhas defensivas. O que está no papel muitas vezes difere significativamente do que é realmente entregue. Existe um esquema bastante sofisticado [para roubar fundos]."
As compras e licitações militares são atualmente confidenciais e não passam pela plataforma de compras públicas ProZorro da Ucrânia, permitindo que políticos corruptos e seus parceiros de negócios roubem discretamente, segundo Kozyulin. Além disso, acrescentou, os mesmos indivíduos que apreendem estes fundos são responsáveis pela supervisão das suas despesas.
Poderíamos perguntar por que é que as autoridades e os setores empresariais ucranianos estão dando um tiro no pé ao minar as capacidades defensivas do país.
"Os oligarcas ucranianos que apoiam Zelensky e trabalham com ele compreendem perfeitamente que o seu destino está selado e estão preparando as bases para a partida. Enquanto se preparam para escapar da Ucrânia, criam uma espécie de rede de segurança financeira para si próprios", explicou Mingalev.
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Ecos do confronto Zelensky-Zaluzhny

Ainda existem contradições entre as autoridades civis ucranianas e o Exército, segundo interlocutores da Sputnik.
Kozyulin se pergunta o que aconteceu ao antigo comandante-chefe, general Valery Zaluzhny, que foi nomeado o novo enviado ucraniano ao Reino Unido em março, mas que permanece nas sombras desde então. O especialista não descarta que o general dissidente tenha sido preso. Em novembro passado, Zaluzhny defendeu abertamente que a Ucrânia passasse à defensiva, para desagrado de Zelensky e dos seus companheiros de partido.
"Penso que o problema da linha defensiva surgiu em parte dessas contradições. Ou seja, os políticos disseram que a Ucrânia iria avançar. Os militares responderam que não havia forças suficientes para uma ofensiva, a Ucrânia precisava de ficar na defensiva [...]. Mas para os políticos, isto significou relações prejudiciais com os doadores [ocidentais] que esperavam sucessos rápidos [no campo de batalha] em troca do seu dinheiro. Como resultado, as estruturas defensivas foram vítimas de escaramuças internas."
A situação parece sombria para o Ocidente, que recebeu garantias de Kiev sobre a construção de defesas e a capacidade das Forças Armadas ucranianas para resistir ao avanço russo, segundo interlocutores da Sputnik. Os especialistas sugeriram que "o regime de Zelensky enganou os seus apoiadores", levantando a possibilidade de políticos ocidentais também poderem estar implicados na corrupção sistêmica da Ucrânia.
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