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'Parece cenário de tsunami', diz voluntário à Sputnik Brasil sobre a situação no RS (VÍDEOS)
'Parece cenário de tsunami', diz voluntário à Sputnik Brasil sobre a situação no RS (VÍDEOS)
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Em entrevista ao podcast Jabuticaba sem Caroço, da Sputnik Brasil, Eduardo Secchi, do Instituto Multiplicidade, relata que há localidades do estado com prédios... 07.05.2024, Sputnik Brasil
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As fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o final de abril já afetam pelo menos 1,36 milhão de pessoas em 388 municípios, o que representa 78% do total de 497 municípios do estado. Segundo o mais recente balanço da Defesa Civil do estado, já são 95 mortes confirmadas, 372 feridos e 131 desaparecidos. O número de desabrigados chegou a 207,8 mil e pelo menos 48,8 mil pessoas estão em abrigos temporários.Em meio ao cenário de devastação, o trabalho de voluntários tem sido essencial. Um deles é o do Instituto Multiplicidade, que está empenhado no resgate e acolhimento de vítimas de alagamentos, incluindo animais de estimação.Em entrevista ao podcast Jabuticaba sem Caroço, da Sputnik Brasil, Eduardo Secchi, diretor do instituto, integrante do Diretório Central dos Estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e voluntário no trabalho de resgate e acolhimento às vítimas, explica como está a situação em Porto Alegre, um dos municípios mais afetados, onde o rio Guaíba atingiu a marca de 5,27 metros na tarde da última segunda-feira (6), a maior cheia até o momento, superando os 4,76 metros registrados em 1941.Ele afirma que o que se tem visto na cidade "parece um cenário de tsunami em alguns lugares, principalmente ao redor dos rios, quando a água subia muito rápido"."Boa parte da cidade está sem água, uma parte considerável também está sem luz. No meu prédio mesmo nós estamos com a caixa d'água só, não sabemos quando parou de entrar água. Das estações de Porto Alegre, poucas estão funcionando. As cidades, em vários momentos, ficaram sem qualquer acesso terrestre. Porto Alegre mesmo ficou sem acesso terrestre nenhum para outras cidades, só cidades afetadas, então também é muito difícil a ajuda chegar."Ele explica que o trabalho de resgate do instituto começou em bairros da cidade que já têm histórico de inundação, e que foi preciso conversar com as pessoas para convencê-las a sair de casa e seguir para lugares mais altos e mais seguros.Ele diz que o trabalho está sendo prejudicado também por conta da falta de contato com a Defesa Civil e os Bombeiros, uma vez que várias linhas de telefone não estão funcionando por causa das chuvas e as equipes estão em locais de difícil acesso."Hoje nós estamos aqui na PUC. Tem cerca de 270 pessoas aqui, mais cerca de 60 animais que estão aqui sob o nosso cuidado e tem sido assim pela cidade toda. A própria sociedade civil [está] ajudando a organizar a situação aqui, que tem sido bem catastrófica", explica Secchi.Ele acrescenta que a universidade está localizada em uma parte da cidade que ainda tem energia elétrica, e que a própria estrutura da instituição tem conseguido garantir acesso a algumas coisas, como banho.Voluntários do instituto, bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham incessantemente, usando barcos para fazer resgates, mas Secchi diz que encontrar as pessoas tem sido difícil e pode levar horas.Falta de manutenção em estruturas de contenção potencializou a tragédiaSecchi afirma que Porto Alegre tem estruturas de contenção de enchentes, como diques, muros de contenção e bombas de drenagem, mas elas datam dos anos 1940, e as últimas manutenções foram nas décadas de 1980 e 1990."Desde então, [as estruturas de contenção] não tiveram manutenção. Os relatos que a gente tem é que várias bombas, várias casas de bombas pararam de funcionar. Alguns dos portões do próprio muro [de contenção] da Mauá, […] a maior parte deles estava vazando, mais do que seria considerado tolerável para uma estrutura dessas, e eles não receberam nenhum tipo de investimento nos últimos quatro anos, por exemplo", afirma.Questionado sobre o número de afetados, Secchi diz que existem os dados oficiais, mas que há uma dificuldade muito grande em chegar a um número exato.Ele acrescenta que há "localidades em que prédios de três andares estavam embaixo d'água", e que as pessoas encontradas estão em choque."[Os voluntários] não conseguem sequer conversar muito com a pessoa [resgatada] porque ela não é responsiva. Ela ainda está processando toda a situação de ter perdido uma vida inteira de construção", explica.Secchi apela aos voluntários para que mantenham o trabalho após as chuvas passarem, pois esta será a etapa de reconstrução.
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'Parece cenário de tsunami', diz voluntário à Sputnik Brasil sobre a situação no RS (VÍDEOS)
16:00 07.05.2024 (atualizado: 10:58 08.05.2024) Especiais
Em entrevista ao podcast Jabuticaba sem Caroço, da Sputnik Brasil, Eduardo Secchi, do Instituto Multiplicidade, relata que há localidades do estado com prédios de três andares embaixo d'água e que muitas pessoas resgatadas estão não responsivas e em choque.
As
fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o final de abril
já afetam pelo menos 1,36 milhão de pessoas em 388 municípios, o que representa 78% do total de 497 municípios do estado. Segundo o mais recente balanço da Defesa Civil do estado, já são 95 mortes confirmadas, 372 feridos e 131 desaparecidos. O número de desabrigados chegou a 207,8 mil e pelo menos 48,8 mil pessoas estão em abrigos temporários.
Em meio ao cenário de devastação,
o trabalho de voluntários tem sido essencial. Um deles é o do Instituto Multiplicidade, que está empenhado no resgate e acolhimento de vítimas de alagamentos, incluindo animais de estimação.
Em entrevista ao podcast Jabuticaba sem Caroço, da Sputnik Brasil, Eduardo Secchi, diretor do instituto, integrante do Diretório Central dos Estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e voluntário no trabalho de resgate e acolhimento às vítimas, explica como está a situação em Porto Alegre, um dos municípios mais afetados, onde o rio Guaíba atingiu a marca de 5,27 metros na tarde da última segunda-feira (6), a maior cheia até o momento, superando os 4,76 metros registrados em 1941.
"Eu não sou natural de Porto Alegre, eu sou da própria Serra Gaúcha. Vim para cá como muitos jovens para estudar e nunca tinha visto algo nesse sentido. No ano passado nós também tivemos grandes enchentes aqui, mas nada que chegasse perto do que nós estamos passando aqui na Região Metropolitana."
Ele afirma que o que se tem visto na cidade "parece um cenário de tsunami em alguns lugares, principalmente ao redor dos rios, quando a água subia muito rápido".
"Boa parte da cidade está sem água, uma parte considerável também está sem luz. No meu prédio mesmo nós estamos com a caixa d'água só, não sabemos quando parou de entrar água. Das estações de Porto Alegre, poucas estão funcionando. As cidades, em vários momentos, ficaram sem qualquer acesso terrestre. Porto Alegre mesmo ficou sem acesso terrestre nenhum para outras cidades, só cidades afetadas, então também é muito difícil a ajuda chegar."
Ele explica que o trabalho de resgate do instituto começou em bairros da cidade que já têm histórico de inundação, e que foi preciso conversar com as pessoas para convencê-las a sair de casa e seguir para lugares mais altos e mais seguros.
"Desde segunda passada nós já vínhamos nos bairros, principalmente da zona norte — acho que o mais proeminente é o bairro Sarandi, que é um dos maiores da cidade —, para tirar as pessoas de casa. Muitas pessoas [estão] reticentes, porque volta e meia já havia alagamento, não queriam sair porque já sabiam como era, achavam que era uma enchente normal, mas dessa vez foi bastante peculiar. Tem cidades, como Eldorado [do Sul], que 100% da cidade está embaixo d'água. A prefeitura está operando do telhado quase, do último andar da prefeitura, então tem sido bastante difícil", relata o voluntário.
Ele diz que o trabalho está sendo prejudicado também por conta da falta de contato
com a Defesa Civil e os Bombeiros, uma vez que várias linhas de telefone não estão funcionando por causa das chuvas e as equipes estão em locais de difícil acesso.
"Hoje nós estamos aqui na PUC. Tem cerca de 270 pessoas aqui, mais cerca de 60 animais que estão aqui sob o nosso cuidado e tem sido assim pela cidade toda. A própria sociedade civil [está] ajudando a organizar a situação aqui, que tem sido bem catastrófica", explica Secchi.
Ele acrescenta que a universidade está localizada em uma parte da cidade que ainda tem energia elétrica, e que a própria estrutura da instituição tem conseguido garantir acesso a algumas coisas, como banho.
Voluntários do instituto, bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham incessantemente, usando barcos para fazer resgates, mas Secchi diz que encontrar as pessoas tem sido difícil e pode levar horas.
"Tem sido bastante difícil. A comunidade tem usado estratégias de bater panela para chamar atenção, mas têm sido, de fato, momentos bem complicados aqui. Principalmente nas frentes de atuação, por essa falta de sinal."
Falta de manutenção em estruturas de contenção potencializou a tragédia
Secchi afirma que Porto Alegre tem estruturas de contenção de enchentes, como diques, muros de contenção e bombas de drenagem, mas elas datam dos anos 1940, e as últimas manutenções foram nas décadas de 1980 e 1990.
"Desde então, [as estruturas de contenção] não tiveram manutenção. Os relatos que a gente tem é que várias bombas, várias casas de bombas pararam de funcionar. Alguns dos portões do próprio muro [de contenção] da Mauá, […] a maior parte deles estava vazando, mais do que seria considerado tolerável para uma estrutura dessas, e eles não receberam nenhum tipo de investimento nos últimos quatro anos, por exemplo", afirma.
Questionado sobre o número de afetados, Secchi diz que existem os dados oficiais, mas que há uma dificuldade muito grande em chegar a um número exato.
"Eu mesmo tirei quatro colegas, companheiros de casa, e estão na minha casa. Eles não estão nos dados oficiais porque em nenhum momento nós falamos com a prefeitura sobre isso ou com algum órgão do Estado. Então esses números devem ser muito maiores. A gente encontrou aqui muitas pessoas que não sabem onde estão os familiares […]. Eldorado do Sul, cidade que está 100% embaixo d'água, tem milhares de pessoas que estão na beira da rodovia ao relento e que, enfim, não tem uma contagem oficial de quem está ali."
Ele acrescenta que há "localidades em que prédios de três andares estavam embaixo d'água", e que as pessoas encontradas estão em choque.
"[Os voluntários] não conseguem sequer conversar muito com a pessoa [resgatada] porque ela não é responsiva. Ela ainda está processando toda a situação de ter perdido uma vida inteira de construção", explica.
Secchi apela aos voluntários para que mantenham o trabalho após as chuvas passarem, pois esta será a etapa de reconstrução.
"O período de reconstrução vai ser mais importante ainda. Nesse primeiro período tem muitos voluntários e muitas doações, mas a gente sabe que ao longo da crise e depois dela isso diminui bastante, então [é importante] a permanência no trabalho. E quem for de fora do Rio Grande do Sul procure entidades. O próprio governo do Estado tem Pix, nós no Multiplicidade também. Na nossa página do Instagram (plataforma proibida na Rússia por extremismo) estamos recolhendo doações para poder garantir o apoio para a população", afirma o voluntário.
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