Mauro Vieira fala sobre BRICS em crescimento apesar de 'um mundo em desordem'
09:25 10.06.2024 (atualizado: 10:26 10.06.2024)
© Sputnik / Grigory SysoevDa esquerda para a direita, responsáveis de Relações Exteriores de vários países: Dammu Ravi da Índia, Sameh Shoukry do Egito, Naledi Pandor da África do Sul, Wang Yi da China, Sergey Lavrov da Rússia, Mauro Vieira do Brasil, Abdullah bin Zayed Al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos, Taye Atskeselassie da Etiópia, e Ali Bagheri, durante foto conjunta para a reunião de ministros das Relações Exteriores do BRICS em Nizhny Novgorod, Rússia, foto publicada em 10 de junho de 2024
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O ministro brasileiro destacou a necessidade do reforço do multilateralismo de organizações como a ONU e o BRICS para confrontar os problemas globais e dar mais voz ao Sul Global.
Mauro Vieira participou nesta segunda-feira (10) de um encontro de chanceleres do BRICS em Nizhny Novgorod, Rússia.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil felicitou a presença dos homólogos do Egito, dos Emirados Árabes Unidos, da Etiópia e do Irã.
"Esta reunião ocorre contra o pano de fundo de um mundo em desordem. Um mundo que não conseguiu superar a fome e a pobreza, que está caminhando para um ponto de inflexão no aquecimento global e que não evitou a eclosão de conflitos e desastres humanitários", disse Vieira, acrescentando que "as Nações Unidas e outras instituições multilaterais estão marginalizadas ou paralisadas, e o direito internacional, incluindo princípios humanitários básicos, está sendo flagrantemente desconsiderado, como estamos testemunhando em Gaza".
No entanto, aponta ele, "contra todas as probabilidades", o BRICS "materializa a crescente influência do Sul Global nos assuntos internacionais".
"A Declaração da Cúpula de Joanesburgo II [de 2023] suprime uma base sólida para avançarmos. Estou confiante de que a cúpula de Kazan reafirmará os principais princípios de nossa frutífera colaboração sob os três pilares: segurança política; cooperação econômica e financeira; e cooperação cultural e entre povos."
"Primeiro, nossos líderes pediram que os ministros de Finanças e os presidentes dos bancos centrais considerassem a questão das moedas, dos instrumentos de pagamento e das plataformas locais. Esse é um tema que foi levantado pelo presidente Lula [da Silva] em Joanesburgo e no qual o Brasil espera que os novos membros estejam totalmente engajados. Certamente também será um tópico importante da presidência brasileira do BRICS no próximo ano", afirmou o ministro Vieira.
Mauro Vieira pediu igualmente o reforço do multilateralismo, particularmente nas Nações Unidas, e sugeriu uma "categoria de associação ao BRICS", que, segundo ele, "responderia ao crescente interesse de muitos países do Sul Global em participar do BRICS".
"Nossos sherpas [representantes] têm discutido possíveis princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos. Acreditamos que chegaremos a um consenso até a cúpula de Kazan", em outubro de 2024, referiu.
"Tenha certeza, [...], de que o Brasil continua totalmente comprometido em trabalhar de forma construtiva sob sua orientação para concluir a tarefa que nos foi confiada. O Brasil valoriza o BRICS, que se tornou indispensável para o avanço dos interesses do Sul Global. Continuaremos total e construtivamente engajados no reforço dessa plataforma. Muito obrigado", concluiu o alto responsável brasileiro.