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Análise: por que o presidente equatoriano tece críticas a lideres latinos, mas elogia Lula?
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O presidente equatoriano foi protagonista de outra polêmica, depois que a The New Yorker publicou seus duros comentários sobre vários líderes... 19.06.2024, Sputnik Brasil
2024-06-19T21:15-0300
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A publicação referida é de segunda-feira (17). A Sputnik conversou com um especialista sobre o novo escândalo e o que pode significar seu elogio inesperado a Luiz Inácio Lula da Silva.No artigo, uma longa crônica assinada pelo jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, que cobre a região para a revista The New Yorker, Noboa fala "sem filtros sobre a maioria das coisas", como diz o próprio autor no início da nota.Surpreso com a naturalidade com que o presidente revela o que descreve como "informações confidenciais" sobre sua segurança pessoal e os ataques frustrados contra ele, o autor segue.No entanto, apesar de a imprensa equatoriana ter publicado, citando fontes do Palácio de Carondelet, a casa do governo do Equador, que foi o próprio gabinete de Noboa que convidou os meios de comunicação dos EUA a acompanharem o presidente durante alguns dias, a publicação da nota gerou polêmica.O foco da questão se voltou nas declarações explosivas do presidente contra vários de seus homólogos na região.Em uma das diversas reuniões realizadas entre março e abril deste ano, que serviram de base para a crônica intitulada "A arriscada guerra do Equador contra o narcotráfico", Noboa — que chegou ao poder em novembro de 2023 e é o presidente mais jovem da região, com apenas 36 anos — diz à The New Yorker que o presidente colombiano Gustavo Petro é "um esnobe de esquerda".Noboa também chama o salvadorenho Nayib Bukele de "arrogante" e sugere que ele é corrupto, ao mesmo tempo que afirma que o argentino Javier Milei "parece muito vaidoso". No entanto, demonstra sua admiração pelo homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.Quanto a Petro, Noboa afirma ainda que, embora seja inteligente, "não está conseguindo fazer nada" por seu país. Em relação a Milei, acrescenta: "Não sei por que ele se acha tão bom. Ele não conquistou nada desde que se tornou presidente. Parece cheio de si, o que é muito argentino, aliás."Quando Anderson menciona na nota o presidente salvadorenho Bukele — a quem Noboa tem sido comparado por sua política de combate frontal às gangues e pela inauguração de prisões de segurança máxima para membros das gangues —, o presidente responde que "o cara é arrogante e busca apenas controlar o poder para si mesmo e enriquecer sua família".Inexperiência de Noboa"Claro que, sendo um jovem sem experiência em política, embora tenha estudado em universidades internacionais, ninguém esperava que Noboa demonstrasse grandes capacidades diplomáticas, como parece ter em matéria de marketing e comunicação", esclarece o especialista.Segundo Losada, os atos que Noboa praticou em apenas seis meses de governo — como o rompimento das relações com o México, a inimizade com sua vice-presidente (Verónica Abad) e a falta de habilidade para se distanciar da Rússia, apesar dos laços econômicos, entre outros — deixam evidente "que há demasiados erros não forçados de sua parte, demasiada improvisação, demasiadas provocações"."Mesmo nesta era da política ocidental, mais focada em memes e influenciadores políticos, tem que haver um mínimo de decoro e profissionalismo, de conhecimento de como fazer as coisas", cravou Losada à Sputnik.Elogios a LulaUma das passagens consideradas mais surpreendentes do artigo publicado na The New Yorker ocorre quando Anderson pergunta com qual presidente latino-americano ele se sente mais alinhado. Noboa sorri e responde seria com o Lula brasileiro.Como diz o próprio Anderson na nota: "Isto foi inesperado: no Brasil e no exterior, Lula é há muito tempo um emblema da esquerda". Mas Noboa disse que conheceu Lula 15 anos antes em uma cúpula de negócios de pai e filho, com líderes organizados pelo magnata mexicano das comunicações, Carlos Slim. Desde então, Lula o impressionou com sua astúcia política e "capacidade de promover uma agenda."
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Análise: por que o presidente equatoriano tece críticas a lideres latinos, mas elogia Lula?
21:15 19.06.2024 (atualizado: 22:17 19.06.2024) O presidente equatoriano foi protagonista de outra polêmica, depois que a The New Yorker publicou seus duros comentários sobre vários líderes latino-americanos, incluindo Javier Milei, Nayib Bukele e Gustavo Petro.
A publicação referida é de segunda-feira (17). A Sputnik conversou com um especialista sobre o novo escândalo e o que pode significar seu elogio inesperado a Luiz Inácio Lula da Silva.
No artigo, uma longa crônica assinada pelo jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, que cobre a região para a revista The New Yorker, Noboa fala "sem filtros sobre a maioria das coisas", como diz o próprio autor no início da nota.
Surpreso com a naturalidade com que o presidente revela o que descreve como "informações confidenciais" sobre sua segurança pessoal e os ataques frustrados contra ele, o autor segue.
No entanto, apesar de a imprensa equatoriana ter publicado, citando fontes do Palácio de Carondelet, a casa do governo do Equador, que foi o próprio gabinete de Noboa que convidou os meios de comunicação dos EUA a acompanharem o presidente durante alguns dias, a publicação da nota gerou polêmica.
O foco da questão se voltou nas declarações explosivas do presidente contra vários de seus homólogos na região.
Em uma das diversas reuniões realizadas entre março e abril deste ano, que serviram de base para a crônica intitulada "A arriscada guerra do Equador contra o narcotráfico", Noboa — que chegou ao poder em novembro de 2023 e é o presidente mais jovem da região, com apenas 36 anos — diz à The New Yorker que o
presidente colombiano Gustavo Petro é
"um esnobe de esquerda".
Noboa também chama o salvadorenho Nayib Bukele de "arrogante" e sugere que ele é corrupto, ao mesmo tempo que afirma que o argentino Javier Milei
"parece muito vaidoso". No entanto, demonstra sua admiração pelo homólogo
brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Quanto a Petro, Noboa afirma ainda que, embora seja inteligente, "não está conseguindo fazer nada" por seu país. Em relação a Milei, acrescenta: "Não sei por que ele se acha tão bom. Ele não conquistou nada desde que se tornou presidente. Parece cheio de si, o que é muito argentino, aliás."
Quando Anderson menciona na nota o presidente salvadorenho Bukele — a quem Noboa tem sido comparado por sua política de combate frontal às gangues e pela inauguração de prisões de segurança máxima para membros das gangues —, o presidente responde que "o cara é arrogante e busca apenas controlar o poder para si mesmo e enriquecer sua família".
Segundo Samuel Losada, internacionalista formado pela Universidade de Buenos Aires, "essas declarações confirmam a inexperiência de Noboa no campo diplomático, além do fato de que agora parece ser a norma em uma nova geração de governantes ao redor do mundo dizer queixas entre si e conduzir a diplomacia mais através do X/Twitter do que através dos canais oficiais".
"Claro que, sendo um jovem sem experiência em política, embora tenha estudado em universidades internacionais, ninguém esperava que Noboa demonstrasse grandes capacidades diplomáticas, como parece ter em matéria de marketing e comunicação", esclarece o especialista.
Segundo Losada, os atos que Noboa praticou em apenas seis meses de governo — como o rompimento das relações com o México, a inimizade com sua vice-presidente (Verónica Abad) e a falta de habilidade para se distanciar da Rússia, apesar dos laços econômicos, entre outros — deixam evidente "que há demasiados erros não forçados de sua parte, demasiada improvisação, demasiadas provocações".
"Mesmo nesta era da política ocidental, mais focada em memes e influenciadores políticos, tem que haver um mínimo de decoro e profissionalismo, de conhecimento de como fazer as coisas", cravou Losada à Sputnik.
Uma das passagens consideradas mais surpreendentes do artigo publicado na The New Yorker ocorre quando Anderson pergunta com qual presidente latino-americano ele se sente mais alinhado. Noboa sorri e responde seria com o Lula brasileiro.
Como diz o próprio Anderson na nota: "Isto foi inesperado: no Brasil e no exterior, Lula é há muito tempo um emblema da esquerda". Mas Noboa disse que conheceu Lula 15 anos antes em uma cúpula de negócios de pai e filho, com
líderes organizados pelo magnata mexicano das comunicações, Carlos Slim. Desde então, Lula o impressionou com sua astúcia política e "capacidade de promover uma agenda."
"Isso pode ser tanto uma mensagem para a comunidade internacional como para o seu próprio eleitorado, pois lembramos que o correísmo foi o partido que venceu na primeira volta eleitoral, e Noboa só ganhou na segunda volta. Portanto, nas próximas eleições, que serão daqui a alguns meses, ele necessitará do apoio do eleitorado centrista e progressista", diz Losada.
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