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Em outro impasse militar, Alemanha retém envio de blindado comprado pelo Exército Brasileiro

© Foto / Twitter / ReproduçãoCentauro II, blindado de guerra do Exército Brasileiro
Centauro II, blindado de guerra do Exército Brasileiro - Sputnik Brasil, 1920, 02.07.2024
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Em fevereiro do ano passado, autoridades brasileiras foram à Itália para ver as duas primeiras unidades do Centauro II, o novo blindado de guerra do Exército Brasileiro. Agora, quando a primeira unidade dos 98 veículos comprados estava prevista para desembarcar no Brasil, a Alemanha travou a entrega.
De acordo com a coluna de Marcelo Godoy no jornal O Estado de S. Paulo, Berlim decidiu reter no porto de Hamburgo o primeiro blindado Centauro II que seria embarcado para o Brasil, onde passaria por testes no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no Rio de Janeiro.
A aduana alemã justificou a medida alegando a falta de uma guia de transporte do Ministério Federal para Assuntos Econômicos e Proteção Climática (BMWK, na sigla em alemão), afirma o colunista.
Fabricado pelos italianos do Consórcio Iveco-OTO Melara (CIO), o Centauro II é o que a força brasileira chama de Veículo Blindado de Combate de Cavalaria (VBC Cav).
A compra faz parte do projeto de modernização das forças blindadas do país. Em dezembro de 2022, o Brasil assinou um contrato de 900 milhões de euros (R$ 5,47 bilhões) que previa a entrega de duas unidades para a realização de testes antes da conclusão da compra dos outros 96 veículos.
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Segundo a mídia, uma cláusula contratual afirma que os testes do produto devem ser concluídos em dois anos. Se a fabricante não for capaz de aprovar seu produto no prazo, ele é desclassificado em favor do segundo colocado, um blindado canadense.
De acordo com o cronograma, o Exército deveria receber um agora, em 20 de junho, e outro em setembro para os testes. No entanto esse segundo Centauro será despachado para o Brasil pela Bélgica, afirma o jornal.

À mídia, o Exército informou que "a avaliação das amostras do VBC Cav segue um planejamento previsto em contrato celebrado entre as partes, que possui flexibilidade para possíveis intercorrências […]".

Ou seja, por enquanto está tudo dentro do prazo e não haveria risco para o contrato do Centauro II.
A nota oficial do Exército conclui tratando dos riscos de atraso do contrato e suas consequências jurídicas, acrescentando que "possíveis ajustes serão tratados e formalizados, à luz da legislação em vigor".

O embarque foi impedido por "problemas ocorridos durante as operações alfandegárias no porto de Hamburgo". O veículo havia saído de Bolzano, norte da Itália, em 24 de maio.

No dia 28 de maio, o blindado chegou ao porto alemão. Foi aí que as autoridades alemãs entraram em campo. Segundo o jornal, as autoridades alfandegárias verificaram que o despachante não havia solicitado a autorização de transporte do veículo pelo país. O pedido foi feito ao BMWK em 31 de maio.
No entanto, suspeita-se em Brasília que o imbróglio não seja só resultado do descuido de um despachante aduaneiro, escreve o colunista.
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A Alemanha já criou outros obstáculos quando se tratava de negócios de produtos da base industrial de defesa que contam com itens de origem alemã. Assim foi no caso do contrato para a venda de 28 blindados Guarani para as Filipinas.
Durante oito meses, Berlim, alegando restrições relacionadas ao respeito aos direitos humanos no país asiático, embargou a venda do blindado, que conta com cinco itens alemães.
A decisão foi tomada ao mesmo tempo em que o Brasil disse que não enviaria armas para a Ucrânia, após o governo de Olaf Scholz ter solicitado o envio de munições brasileiras do carro de combate Leopard 1 e dos blindados com canhões antiaéreos Gepard.
O Ministério da Defesa brasileiro espera que o episódio em Hamburgo não passe de um mal-entendido causado pelo descuido de um despachante. Mas é bom ficar de olho aberto, escreve o jornal.
Quais interesses podem estar por trás de uma manobra para afetar o contrato bilionário do Centauro II? O mercado internacional de armas está aquecido. Os gastos militares mundiais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões (R$ 13,5 trilhões). Há escassez de materiais e filas de espera para a aquisição de armamentos, analisou o Estadão.
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