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Somando mortes indiretas, óbitos em Gaza podem chegar a 186 mil, aponta estudo

© AP Photo / Jehad AlshrafiPalestinos deslocados inspecionam suas tendas destruídas por bombardeio israelense em Rafah. Faixa de Gaza, 28 de maio de 2024
Palestinos deslocados inspecionam suas tendas destruídas por bombardeio israelense em Rafah. Faixa de Gaza, 28 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 07.07.2024
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Em estudo publicado no The Lancet, pesquisadores apontam que o número de vítimas fatais no enclave, atualmente estimado em 37.396, é subestimado porque não contabiliza as mortes indiretas e corpos ainda sob escombros.
Um estudo feito por pesquisadores da área de saúde publicado no periódico científico The Lancet aponta que o número de mortes decorrentes da ofensiva israelense na Faixa de Gaza pode ser bem maior do que o estimado pelas estatísticas oficiais.
Em seu último balanço, divulgado em 19 de junho, o Ministério da Saúde palestino aponta um total de 37.396 mortos no enclave desde o início da ofensiva, em outubro de 2023. Entretanto, pesquisadores apontam que a coleta de dados por parte do ministério se torna cada vez mais complicada devido à destruição de grande parte da infraestrutura da Faixa de Gaza.
Nesse contexto, a organização não governamental Airwars, que faz análises detalhadas de incidentes na Faixa de Gaza, descobre com frequência nomes de vítimas fatais identificadas que acabaram não sendo incluídos na lista de óbitos. Ademais, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, até 29 de fevereiro de 2024, 35% dos edifícios na Faixa de Gaza foram destruídos, portanto, o número de corpos ainda enterrados nos escombros é provavelmente substancial, com estimativas que apontam para mais de 10 mil.
Somado a isso, o estudo acrescenta que "conflitos armados têm implicações indiretas na saúde além do dano direto da violência".
"Mesmo que o conflito termine imediatamente, continuará a haver muitas mortes indiretas nos próximos meses e anos por causas como doenças reprodutivas, transmissíveis e não transmissíveis", aponta o estudo.
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O texto avalia que o número de mortes indiretas seja grande dada a intensidade do conflito; a destruição da infraestrutura de assistência médica; a escassez severa de alimentos, água e abrigo; a incapacidade da população de fugir para lugares seguros; e a perda de financiamento para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), uma das poucas organizações humanitárias ainda ativas na Faixa de Gaza.
Segundo o estudo, "em conflitos recentes, tais mortes indiretas variam de três a 15 vezes o número de mortes diretas", o que levou os pesquisadores à estimativa de 186 mil mortos.

"Aplicando uma estimativa conservadora de quatro mortes indiretas por uma morte direta para as 37.396 mortes relatadas, não é implausível estimar que até 186 mil ou até mais mortes poderiam ser atribuídas ao conflito atual em Gaza", aponta o estudo.

Os pesquisadores apontam que um cessar-fogo imediato e urgente na Faixa de Gaza é essencial, acompanhado de medidas para permitir a distribuição de suprimentos médicos, alimentos, água limpa e outros recursos para as necessidades humanas básicas.
"Ao mesmo tempo, há uma necessidade de registrar a escala e a natureza do sofrimento neste conflito. Documentar a verdadeira escala é crucial para garantir a responsabilização histórica e reconhecer o custo total da guerra", diz o estudo.
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