EUA e elites 'transformaram o Reino Unido em um barril de pólvora', diz ex-eurodeputado britânico
11:02 06.08.2024 (atualizado: 12:30 06.08.2024)
© AFP 2023 / Darren StaplesPoliciais formam uma fila em frente a contra-manifestantes em Nottingham, centro da Inglaterra, contra a manifestação "Basta é Basta" realizada em reação aos ataques fatais à faca em Southport de 29 de julho, 3 de agosto de 2024
© AFP 2023 / Darren Staples
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As cidades britânicas foram engolidas por tumultos desencadeados por um ataque mortal à faca que matou três crianças e feriu outras dez na cidade litorânea de Southport, Inglaterra. O analista político britânico Nick Griffin disse à Sputnik qual o papel da política governamental e do Estado Profundo dos EUA na preparação deste cenário.
Centenas de pessoas foram presas e dezenas ficaram feridas nos tumultos em andamento na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte após o ataque à faca em Southport, no dia 29 de julho.
As autoridades e a mídia britânicas classificaram os tumultos como um ato de subversão e violência de direita alimentado por desinformação. Mas enquanto figuras de direita de alto perfil, postagens e mensagens "confrontacionais" nas mídias sociais certamente desempenharam um papel no desencadeamento da desordem, sua causa está relacionada a décadas de desconsideração da vontade e dos desejos dos britânicos comuns pela classe política e midiática do país, disse o ex-membro do Parlamento Europeu, Nick Griffin, à Sputnik.
"O povo britânico tem sido extremamente paciente com governos sucessivos que impuseram uma onda de imigração em massa no país, sem o menor mandato democrático ou qualquer razão boa ou devidamente explicada", disse Griffin.
"17 milhões e 400 mil pessoas — o maior mandato democrático na história eleitoral do Reino Unido — votaram pelo Brexit, o que foi uma instrução muito clara para a elite política controlar nossas fronteiras e interromper a transformação não solicitada do país em um lugar estrangeiro", disse Griffin.
"Se a classe política tivesse ouvido esse aviso e aceitado o veredito do povo, os assassinatos em Southport não teriam acontecido — porque o assassino e sua família teriam sido enviados de volta para a agora totalmente pacífica e segura Ruanda — ou teriam sido vistos como um crime terrível com o qual somente a polícia e os tribunais deveriam lidar", acredita o ex-legislador.
"Mas a elite política e da mídia se recusou a aceitar o voto, falhou em entregar as fronteiras seguras e apenas aumentou o desprezo que eles demonstraram pelos britânicos comuns — especialmente a classe trabalhadora branca. É isso, junto com uma ladainha interminável de policiamento de dois níveis e justiça criminal, que faz com que os britânicos nativos, e especialmente os ingleses, sintam-se cidadãos de segunda classe em seu próprio país. A frustração e a raiva sobre isso transformaram grandes partes do país em um barril de pólvora, apenas esperando por uma faísca", disse Griffin.
Papel dos EUA em tumultos nos bastidores?
O observador, que é o ex-líder e parlamentar do Parlamento Europeu do Partido Nacional Britânico [BNP, na sigla em inglês], de direita, diz que não descarta a presença de dinheiro estrangeiro e influência na agitação que assola o Reino Unido, lembrando como em 2008, ele foi abordado por um homem "com conexões muito boas na mídia de radiodifusão e imprensa do Reino Unido" que ofereceu ao partido "apoio ilimitado" se ele atacasse o islamismo, mas abandonasse sua oposição ao belicismo neoconservador no exterior e a "posição hostil do BNP ao cartel bancário internacional".
"A oferta de dinheiro foi repetida alguns anos atrás, com literalmente um cheque em branco disponível se a rede de mídia social nacionalista cristã com a qual me envolvi depois de deixar o BNP abandonasse qualquer crítica ao sionismo e a Israel, parasse de criticar o cartel bancário, o aborto e a agenda LGBTQ e se concentrasse em condenar os muçulmanos e o islamismo", disse Griffin, enfatizando que ambas as ofertas foram recusadas.
O observador acredita que as ofertas vieram de "membros muito ricos do lobby sionista pró-Likud na América [do Norte]" e estima "que o Estado Profundo dos EUA considera o lobby sionista altamente motivado uma fachada muito útil para movimentos que se encaixam em sua própria agenda".
"É semelhante", disse Griffin, "à maneira como George Soros por tanto tempo financiou todos os tipos de causas radicais [liberais] e de esquerda, levando muitos críticos a se concentrarem em suas simpatias de extrema esquerda e até mesmo em sua herança judaica. Isso forneceu camuflagem para o fato de que sua Fundação Open Society [Sociedade aberta] trabalhou extremamente próxima do [ONG] National Endowment for Democracy [Dotação Nacional para a Democracia], que é, claro, uma fachada da CIA. As pessoas têm estado tão ocupadas — corretamente — condenando Soros que perderam completamente o envolvimento do Estado Profundo".
Na esteira da crise de migração em massa que afeta muitos países europeus, Griffin acredita que o Estado Profundo dos EUA pode ter deliberadamente ajudado a criar a crise, "e agora a está alimentando", para desestabilizar seus "supostos aliados", assim como a sabotagem dos EUA à rede de gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) ostensivamente teve como alvo a Rússia, mas realmente atingiu a economia da Alemanha e o euro, danos que atrasaram o fim iminente da hegemonia do dólar.
"Da mesma forma, desestabilizar o Reino Unido e os Estados da União Europeia [UE] com conflitos raciais importados e provocados artificialmente é um truque típico do Estado Profundo dos EUA. Ele está usando o mesmo manual da CIA que foi aplicado para destruir a antiga Iugoslávia. Assim como seus golpes e outras interferências, eles nunca se importam com quantas pessoas inocentes serão feridas", resumiu Griffin.