Estrela recém-descoberta pode dar novos insights sobre a evolução destes astros, dizem astrônomos
08:03 08.08.2024 (atualizado: 08:23 08.08.2024)
© AP Photo / NASAImagem fornecida pela NASA de dados infravermelhos obtidos pelo telescópio espacial Spitzer e pelo telescópio Wide Field Infrared Explorer (WISE) em uma área onde estrelas conhecidas como W3 e W5 se formam na Via Láctea
© AP Photo / NASA
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Novo estudo relata a descoberta de uma estrela que desafia a compreensão da ciência sobre como as estrelas evoluem e formam elementos químicos.
Um novo estudo publicado no The Astrophysical Journal, liderado pela professora assistente de astronomia, Rana Ezzeddine, e pelo ex-aluno da Universidade da Flórida, Jeremy Kowkabany, com colaboradores, relata a descoberta de uma estrela que desafia a compreensão da astronomia e pode sugerir a existência de um novo estágio no seu ciclo de formação e crescimento desses corpos celestes.
O que se sabe hoje é que, à medida que as estrelas queimam, elas perdem elementos mais leves, como o lítio, em troca de elementos mais pesados, como carbono e oxigênio, mas uma análise espectrográfica — que filtra os espectros de luz emitidos por uma estrela — da J0524-0336, como foi nomeada, revelou que não apenas seu conteúdo de lítio era alto para sua idade, mas era mais alto do que o nível normal para qualquer estrela em qualquer idade.
Trata-se de uma estrela evoluída, o que significa que está nos estágios finais de sua "vida" e está começando a ficar instável. Isso também significa que ela é muito maior e mais brilhante do que a maioria das outras estrelas do seu tipo, estimadas em cerca de 30 vezes o tamanho do Sol.
"Descobrimos que J0524-0336 contém 100.000 vezes mais lítio do que o Sol em sua idade atual", disse Ezzeddine. "Essa quantidade desafia os modelos predominantes de como as estrelas evoluem e pode sugerir um mecanismo previamente desconhecido para a produção ou retenção de lítio em estrelas."
A equipe apresentou algumas hipóteses para explicar o alto conteúdo de lítio de J0524-0336, e uma delas defende que pode ser uma fase ainda não observada no ciclo evolutivo das estrelas, ou ainda, que ela pode ter ganhado elementos a partir de uma interação recente com outro corpo celeste.
"Se encontrarmos um acúmulo de poeira no disco circunstelar da estrela, ou o anel de detritos e materiais sendo ejetados da estrela, isso claramente indicaria um evento de perda de massa, como uma interação estelar", explicou Ezzeddine. "Se não observarmos tal disco, podemos concluir que o enriquecimento de lítio está acontecendo devido a um processo, ainda a ser descoberto, ocorrendo dentro da estrela", explicou a pesquisadora.