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Para analista, decisão do X em encerrar atividades no Brasil não tem apenas 'motivação judicial'

© AP Photo / John RaouxElon Musk em entrevista coletiva após um voo de teste do foguete Falcon 9, em Cabo Canaveral, na Flórida. EUA, 28 de agosto de 2020
Elon Musk em entrevista coletiva após um voo de teste do foguete Falcon 9, em Cabo Canaveral, na Flórida. EUA, 28 de agosto de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 17.08.2024
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Corte de gastos? Pressão à figura do ministro Alexandre de Moraes e ao STF? À Sputnik Brasil especialista comenta o que pode estar por trás da declaração da rede social X sobre o encerramento das operações do seu escritório no Brasil.
Uma nota foi publicada, neste sábado (17), pela administração da rede social, anunciando o encerramento das atividades do escritório do X no Brasil. O escritório funcionava no país desde 2012 e, atualmente, tinha cerca de 30 funcionários.
A decisão de encerrar as atividades acontece, conforme justifica a nota, um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, "ameaçar" prender o representante legal da rede social no Brasil.
"Na noite passada, Alexandre de Moraes ameaçou nosso representante legal no Brasil com prisão se não cumprirmos suas ordens de censura. Ele fez isso em uma ordem secreta, que compartilhamos aqui para expor suas ações", diz a publicação.
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O texto alega, ainda, que o fechamento do escritório tem como objetivo proteger a equipe local, uma vez que "Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal", afirma a nota.
Apesar do escritório do X fechar as portas no país, a rede social diz que o serviço continuará disponível para a população.
Para Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), doutor em ciência política e pesquisador de redes digitais e das implicações da inteligência artificial, a decisão do X mira criar uma "situação de impacto político no país" em prol de favorecer o próprio Elon Musk, proprietário da rede social.
"Ele [Musk] passa a manter a rede aqui funcionando, mas sem nenhum responsável localizável em território brasileiro. Isso permite que ele continue desrespeitando ordens judiciais, que ele continue dando cobertura para criminosos e golpistas", afirma.
O analista descreve o empresário bilionário como uma figura que não esconde, que é "um operador da extrema-direita norte-americana e mundial", cujo objetivo, ao pregar a defesa da liberdade de expressão, é justamente "destruir efetivamente a democracia".
"Democracia para o Elon Musk e para os seus asseclas é a possibilidade de aplicação total da sua força. E a liberdade democrática é outra coisa. A liberdade democrática depende de você respeitar a liberdade também dos outros", completa.
Além disso, o especialista acredita que a decisão do X não foi uma "medida intempestiva", mas que Musk "já devia estar esperando alguma ação do Poder Judiciário para fazer esse anúncio", que, neste caso, pode ter como consequência a tentativa de criação de um "cenário de colaboração com a extrema-direita brasileira, que tirou como alvo fulminar a figura do ministro Alexandre de Moraes".
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STF pode voltar atrás com a decisão?

O anúncio do encerramento das atividades do X colocou, mais uma vez, o ministro Alexandre de Moraes como alvo por conta de suas decisões.
Além da nota, o próprio Musk fez uma publicação alegando que os pedidos feitos por Moraes tratam-se de "exigências de censura secreta".
A decisão de fechar o escritório X no Brasil foi difícil, mas, se tivéssemos concordado com as exigências (ilegais) de censura secreta e entrega de informações privadas de @alexandre , não haveria como explicar nossas ações sem nos envergonharmos.
Junto à nota, o X divulgou a decisão do ministro do STF enviada à empresa. O documento mostra Moraes argumento que pediu a empresa para bloquear perfis investigados por práticas de crime, mas que a determinação não foi cumprida.
O cenário, inclusive, contribuiu para que o nome de Alexandre de Moraes estivesse entre os assuntos mais comentados na rede social na tarde deste sábado.
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De acordo com Amadeu, não tem como o Judiciário recuar dessa decisão, sobretudo por declarações do empresário sul-africano, que já atacou a soberania jurídica brasileira.
Por outro lado, caso ceda à pressões e as determinações sejam revistas, isso pode significar que o Judiciário "vai estar abrindo a porteira para que se passe todo tipo de agressão à democracia e à justiça e o desrespeito às leis", comenta.
O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República do Brasil, João Brant, também usou o X para comentar a decisão da rede social. Em sua publicação, ele afirmou que a empresa vinha "fugindo das intimações", como mostra a ordem judicial e chamou a decisão de encerrar as atividades de "patética".

X: encerramento das atividades pode ter a ver com corte de gastos?

Para Amadeu a hipótese pode ter relação com o encerramento das atividades do escritório no Brasil. Ou seja, além de criar um fato acusando a Justiça brasileira de censura, Musk garantiria a economia de alguma receita uma vez que "a rede social vem perdendo usuários", conforme disse o especialista.
Uma reportagem do Valor Econômico, publicada no final do ano passado, citando a consultoria alemã Statista, mostrou que o X, um ano após ser comprado por Elon Musk, fecharia 2023 com uma queda de 30% em campanhas publicitárias, sua principal fonte de renda, em relação ao ano anterior. O texto também afirma que a rede social vinha perdendo usuários após ser adquirida por Musk em 2022.
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O analista afirma que a rede social perde usuários no mundo todo, principalmente pelas mudanças feitas após Musk assumir a administração da plataforma.

"Alterações que impedem, por exemplo, o uso das APIs como se tinha antes. Ele tenta cobrar coisas que antes não cobrava. Tenta bloquear conteúdos, obriga todo mundo a ver as postagens que ele [Musk] tem", exemplifica Amadeu.

Dessa forma, para o especialista, fechar as operações no Brasil tem também "um lado de reduzir o tamanho dos gastos" da rede social.
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