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'Lá o mato era muito mais alto': especialistas explicam 'boom' de fintechs no México e na Colômbia

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Ilustração de inteligência artificial sobre investimentos digitais  - Sputnik Brasil, 1920, 03.09.2024
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Um levantamento da FinTech Global aponta que, no primeiro semestre de 2024, as startups colombianas ficaram com quatro — Simetrik, Boldi, Addi e Yuno — das dez maiores rodadas de aporte na região.
Com isso, elas igualam o Brasil em número (Celcoin, Akad, Kanastra e NG.Cash), mas perdem em volume: US$ 166 milhões (R$ 936,8 milhões) contra US$ 182 milhões (R$ 1 bilhão) das fintechs brasileiras.
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Ao analisar esses dados, a dúvida que fica é: estaria o setor de fintechs — startups que têm como objetivo principal tornar as transações financeiras mais acessíveis, rápidas e econômicas — em queda no Brasil frente ao avanço no México e na Colômbia?

Fintechs, investimentos e oportunidades

Para entender melhor os desdobramentos dessa corrida de startups de finanças latino-americanas, a Sputnik Brasil conversou com especialistas sobre o assunto. Conforme reforçado por um deles, "não é bem por aí". O que ajuda nessa diferença? O Brasil já possui um sistema financeiro muito eficaz e prático de transição financeira — conhecido como Pix.
À reportagem, Marcos Mueller, CEO da Darwin Startups — companhia especialista em desenvolver relacionamentos estratégicos entre corporações, investidores e startups —, sinaliza que a justificativa para um crescimento exponencial nos mercados acima citados é dado pelo fato de que "lá o mato era muito mais alto", referindo-se às ausências de tecnologias.

"É muito mais fácil surgirem iniciativas que resolvam problemas pontuais lá, já que o mercado [da Colômbia e do México] é muito mais carente do que o daqui [do Brasil]. O Brasil é um mercado muito bem desenvolvido, do ponto de vista do segmento financeiro. Muita tecnologia, automação. […] O próprio Pix já é um case global em meios de pagamento", explicou Mueller.

Segundo ele, quando o "mato é mais alto" — quando há menos tecnologia pública, compartilhada e avanços tecnológicos no local —, a probabilidade de novas "solucionadoras financeiras" surgirem é maior, mas isso não significa que o setor esteja em decadência no Brasil, reforçou.
A esta agência, Samuel Barros, doutor em administração pela Universidade de Bordeaux, na França, com foco em gestão de projetos e finanças comportamentais, discordou do pensamento de Mueller. Nas palavras dele, as legislações dos países citados anteriormente facilitam o crescimento.

"Os principais fatores do crescimento de fintechs no México e na Colômbia são basicamente um ambiente regulatório mais favorável para a criação desse perfil de empresas, muito em virtude de legislações específicas que visam incentivar o setor. Agrega-se a capacidade desses países em criar um ecossistema em parceria entre bancos tradicionais e as fintechs, o que apoia muito a expansão do setor", arguiu Barros, que também é reitor do Ibmec Rio.

De acordo com Barros, os fatores demográficos também apoiam esse crescimento com uma população mais jovem e "um volume significativo de 'desbancarizados' nos países".
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"No México, ainda existe um percentual relativamente grande em dinheiro físico. […] Isso mostra o tamanho da oportunidade que ainda tem lá pra se criar soluções. O Brasil já é muito mais tecnológico, o que torna mais difícil subir essa barra", complementou o CEO da Darwin Startups.

Brasil não perde espaço para outros países

Questionado sobre o país perder ou não espaço para o México e a Colômbia, Marcos Mueller diz que a resposta é não.

"Quando observamos os dados de fintechs, de maneira geral, os maiores índices da área são os que envolvem o Brasil… Tendo como destaque o case do Nubank — que hoje é o maior banco em número de usuários do país. […] A instituição, inclusive, vem fazendo aquisições de M&A [sigla em inglês para o processo de fusões e aquisições entre companhias]", embasou.

Para o presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Diego Perez, embora o investimento tenha sido relativamente expressivo na Colômbia durante o primeiro semestre deste ano, "o Brasil está muito à frente".

"O mercado brasileiro é muito maior. O país representa aproximadamente mais de 50% [do mercado] da América Latina. […] O que pode justificar os investimentos é porque esses países estão em ascensão e ainda não passaram pelo movimento de transformação e digitalização das finanças, como o Brasil passou nos últimos cinco ou dez anos", explicou Perez à Sputnik.

"Discordo que o Brasil esteja perdendo esse espaço no setor de fintechs para a Colômbia e o México! São momentos diferentes. Estando o Brasil mais avançado que os dois países, é natural que os investimentos se concentrem neles. O Brasil vem se consolidando no mercado. Não dá pra afirmar que o Brasil está perdendo espaço em fintechs", complementou.
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Barros finalizou que "o setor é muito limpo […]. Devemos levar em consideração que a concentração bancária no Brasil acaba influenciando esse comportamento. Mas observo que as empresas financeiras tecnológicas brasileiras são de excelente qualidade e agregam muito valor ao nosso mercado".
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