Estudo revela que a energia cósmica de supernovas deixou sua marca na vida na Terra (IMAGEM)
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Astrônomos que rastreiam duas acumulações do isótopo de ferro Fe60 em sedimentos do fundo do mar resultantes de supernovas publicaram um novo estudo em que apontam a influência dessa radiação cósmica na formação desses elementos e questionam se esta influência não poderia ter afetado o desenvolvimento da vida em nosso planeta.
Em uma nova pesquisa divulgada no Astrophysical Journal Letters, os cientistas examinam quanta energia atingiu a Terra a partir de supernovas (que liberam quantidades extraordinárias de energia e criam alguns dos elementos pesados conhecidos como o ferro) e como essa radiação pode ter afetado a vida na Terra.
De acordo com os autores da pesquisa, "a vida na Terra está em constante evolução sob exposição contínua à radiação ionizante de origem terrestre e cósmica".
Ao longo de bilhões de anos, a radiação terrestre diminui lentamente, mas o mesmo não ocorre com a radiação cósmica. A quantidade de radiação cósmica à qual a Terra é exposta varia conforme nosso Sistema Solar se move pela galáxia. Segundo os cientistas em seu artigo, "a atividade próxima de supernova tem o potencial de aumentar os níveis de radiação na superfície da Terra em várias ordens de magnitude, o que deve ter um impacto profundo na evolução da vida".
Os autores do estudo afirmam que esse acúmulo de Fe60 provavelmente se relaciona com as "bolhas" de energia cósmica que se formam quando estrelas massivas, quentes e de vida curta — chamadas de estrelas OB — constituem grupos que emitem ventos cósmicos poderosos criando essas "bolhas" de gás quente no meio interestelar.
Nosso Sistema Solar está dentro de uma dessas bolhas, chamada Bolha Local, que tem quase 1.000 anos-luz de largura e foi criada há vários milhões de anos. No entanto, para os cientistas, a Terra entrou na Bolha Local há cerca de cinco ou seis milhões de anos, o que explica o acúmulo mais antigo de Fe60, enquanto o acúmulo mais jovem de Fe60 de dois ou três milhões de anos atrás seria diretamente oriundo da influência cósmica de uma supernova.
Os pesquisadores pegaram todos os dados e calcularam a quantidade de radiação de múltiplas supernovas na Bolha Local para discutir seus possíveis efeitos, mas afirmaram que "não está claro quais seriam os efeitos biológicos de tais doses de radiação".
"Quebras de fita dupla no DNA podem potencialmente levar a mutações e aumentar a diversificação de espécies", escrevem os pesquisadores. Um artigo de 2024 mostrou que "a taxa de diversificação de vírus no lago Tanganica africano acelerou 2-3 milhões de anos atrás". Isso poderia estar conectado à radiação de supernovas, provocam os autores.
Para os pesquisadores, a radiação de supernovas não foi poderosa o suficiente para desencadear uma extinção na Terra, mas poderia ter sido poderosa o suficiente para desencadear mais mutações, o que poderia levar a uma diversificação de espécies, mesmo que ainda não haja uma clareza sobre como a radiação cósmica afeta a biologia.
"É, portanto, certo que a radiação cósmica é um fator ambiental essencial ao avaliar a viabilidade e a evolução da vida na Terra, e a questão essencial diz respeito ao limite para que a radiação seja um gatilho favorável ou prejudicial ao considerar a evolução das espécies", concluíram os autores.