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'De 1 minuto para o outro você pode estar viva ou não': libanesa relata à Sputnik o drama em Beirute
'De 1 minuto para o outro você pode estar viva ou não': libanesa relata à Sputnik o drama em Beirute
Sputnik Brasil
Em entrevista à Sputnik Brasil, Amanda Kaddissi relata os momentos de desespero que vivenciou antes de conseguir deixar Beirute, hoje lotada de famílias... 11.10.2024, Sputnik Brasil
2024-10-11T14:55-0300
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Desde o dia 23 de setembro, quando Israel intensificou sua ofensiva contra o Líbano, promovendo bombardeios indiscriminados que atingem áreas residenciais, a vida dos civis libaneses mudou drasticamente.Uma das vidas afetadas é a de Amanda Kaddissi, que em entrevista à Sputnik Brasil relata como a ofensiva israelense virou sua rotina do avesso, passando por momentos de desespero até conseguir deixar o país.Nascida no Líbano, filha de mãe brasileira e pai libanês, Amanda conta que sua família migrou para o Brasil quando tinha menos de um ano de idade. Há 15 anos, ela retornou ao Líbano e passou a morar na região norte de Beirute, a cerca de 20 quilômetros da capital, onde trabalhava há quatro anos como guia turística, atendendo, em sua maioria, turistas brasileiros.Amanda conta que, quando a ofensiva começou, tudo o que se ouvia eram "bombardeios, os aviões passando, invadindo o território e também os tremores".Kaddissi decidiu deixar o país rapidamente e ir para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para impedir que o filho passasse o que ela passou em 2006, quando estava com os pais no Líbano e Israel invadiu o território do país, no que ficou conhecido como a segunda Guerra do Líbano. Na ocasião, ela conta que a família retornou ao Brasil.Ela afirma que, na ocasião, ainda não estava certo se o Brasil iria enviar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para retirar civis brasileiros do país, e decidiu agir por receio caso isso não acontecesse."Eu senti que ia demorar, talvez, para acontecer. Por isso, graças a Deus, eu tenho condição de conseguir comprar passagem e sair do Líbano, mas os voos também não estavam fáceis. Os preços aumentaram bastante e não era fácil de encontrar passagem."Amanda explica que a decisão de deixar o país não foi fácil porque "o ser humano sempre espera, tem fé que as coisas vão melhorar, que não vão agravar tanto".Ela relata que o caminho até o aeroporto foi permeado de temor e que teve receio de não conseguir chegar viva no local."Porque você vai estar passando por todos os locais que estavam sendo bombardeados. Então, assim, eu já estava tentando pensar em um plano B; que, caso bombardeasse o aeroporto, a gente podia sair por terra pela Síria, rezando que também não bombardeassem a fronteira com a Síria."No caminho, Amanda conta que viu a mudança em Beirute, antes uma cidade movimentada e agora lotada de famílias que precisaram deixar suas casas e estão desabrigadas nas ruas. Durante o percurso, ela diz que havia um viaduto, que era passagem obrigatória para chegar ao aeroporto. Cerca de 15 minutos após passar pelo local, soube que havia sido interditado porque foi atingido por um míssil israelense.Amanda afirma não saber quando a escalada de violência vai continuar, mas frisa que, como acabou de começar, "não parece que vai acabar tão cedo".
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'De 1 minuto para o outro você pode estar viva ou não': libanesa relata à Sputnik o drama em Beirute
14:55 11.10.2024 (atualizado: 17:08 11.10.2024) Especiais
Em entrevista à Sputnik Brasil, Amanda Kaddissi relata os momentos de desespero que vivenciou antes de conseguir deixar Beirute, hoje lotada de famílias desabrigadas nas ruas, e que, a qualquer momento, podem ser atingidas por bombardeios israelenses.
Desde o dia 23 de setembro, quando Israel
intensificou sua ofensiva contra o Líbano,
promovendo bombardeios indiscriminados que atingem áreas residenciais, a vida dos civis libaneses mudou drasticamente.
Uma das vidas afetadas é a de Amanda Kaddissi, que em entrevista à Sputnik Brasil relata como a ofensiva israelense virou sua rotina do avesso, passando por momentos de desespero até conseguir deixar o país.
Nascida no Líbano, filha de mãe brasileira e pai libanês, Amanda conta que sua família migrou para o Brasil quando tinha menos de um ano de idade. Há 15 anos, ela retornou ao Líbano e passou a morar na região norte de Beirute, a cerca de 20 quilômetros da capital, onde trabalhava há quatro anos como guia turística, atendendo, em sua maioria, turistas brasileiros.
"Antes disso, eu trabalhava em ONGs […] com refugiados sírios, palestinos e, também, com a população mais carente libanesa. Eu tenho um filho de 14 anos que é gaúcho, nasceu no Rio Grande do Sul e mora comigo", relata.
Amanda conta que, quando a ofensiva começou, tudo o que se ouvia eram "bombardeios, os aviões passando, invadindo o território e também os tremores".
Kaddissi decidiu deixar o país rapidamente e ir para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para impedir que o filho passasse o que ela passou em 2006, quando estava com os pais no Líbano e Israel invadiu o território do país, no que ficou conhecido como a segunda Guerra do Líbano. Na ocasião, ela conta que a família retornou ao Brasil.
"Infelizmente, por ter esse trauma de guerra, eu falei: 'Não, eu não quero passar por isso de novo, não quero passar por isso com o meu filho. Não vou ficar esperando até daqui a pouco fechar o aeroporto.'"
Ela afirma que, na ocasião, ainda não estava certo se o Brasil iria
enviar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para retirar civis brasileiros do país, e decidiu agir por receio caso isso não acontecesse.
"Eu senti que ia demorar, talvez, para acontecer. Por isso, graças a Deus, eu tenho condição de conseguir comprar passagem e sair do Líbano, mas os voos também não estavam fáceis. Os preços aumentaram bastante e não era fácil de encontrar passagem."
Amanda explica que a decisão de deixar o país não foi fácil porque "o ser humano sempre espera, tem fé que as coisas vão melhorar, que não vão agravar tanto".
"Então a gente estava esperando, quem sabe, que estava tendo essas reuniões na ONU [Organização das Nações Unidas], que talvez podia ter um acordo de paz. Então você fica com a esperança que as coisas possam amenizar. Mas aí não estavam amenizando. Então, assim, da minha parte, eu falei: 'Não, eu sou mãe solo, cuido do meu filho.' Falei: 'Preciso tomar uma decisão, não posso, não quero ficar em um país em que eu não tenho como sair dali.'"
Ela relata que o caminho até o aeroporto foi permeado de temor e que teve receio de não conseguir chegar viva no local.
"Porque você vai estar passando por todos os locais que estavam sendo bombardeados. Então, assim, eu já estava tentando pensar em um plano B; que, caso bombardeasse o aeroporto, a gente podia sair por terra pela Síria, rezando que também não bombardeassem a fronteira com a Síria."
No caminho, Amanda conta que viu a mudança em Beirute, antes uma cidade movimentada e agora lotada de famílias que precisaram deixar suas casas e estão desabrigadas nas ruas. Durante o percurso, ela diz que havia um viaduto, que era passagem obrigatória para chegar ao aeroporto. Cerca de 15 minutos após passar pelo local, soube que havia sido interditado porque foi atingido por um míssil israelense.
"Eu falei para o meu filho: 'Gente, para ver a diferença de alguns minutos que, de repente, a gente podia estar passando e acontecer alguma coisa com a gente.' Você volta a dar esse valor à vida, que não dá para saber assim. De um minuto para o outro você pode estar viva ou não estar."
Amanda afirma não saber quando a
escalada de violência vai continuar, mas frisa que, como acabou de começar,
"não parece que vai acabar tão cedo".
"Infelizmente, o Líbano está querendo cessar-fogo, mas Israel não. Então é triste […] como eu sou guia, não quero chegar e falar da história que um dia existiu o território ali do Líbano, e agora não existe mais. É triste de ver isso, não é fácil", afirma.
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