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De dentro do corpo humano ao meio ambiente: como microplásticos prejudicam a saúde do mundo?
De dentro do corpo humano ao meio ambiente: como microplásticos prejudicam a saúde do mundo?
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A presença dos micro e nanoplásticos no meio ambiente e no corpo humano tem mobilizado cientistas a se debruçarem sobre o tema. Afinal, quais os riscos esses... 17.10.2024, Sputnik Brasil
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Antes de tudo, é preciso entender que os microplásticos são pequenas partículas do material que têm medidas inferiores a 5 mm de diâmetro. Ou seja, sua espessura é mais fina do que a de um fio de cabelo, o que prova que se trata de algo com facilidade de penetração.Geralmente, de acordo com Décio Semensatto, professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa absorção se dá através da inalação ou ingestão desses microplásticos, no caso dos humanos e de muitos animais."Sabe-se que os plásticos podem transportar com eles os aditivos que são usados na fabricação dos plásticos, como corantes, ou os plastificantes, redutores de chama", acrescenta. Além disso, os plásticos podem transportar, também, micro-organismos que acabam colonizando a superfície. "Há mais de 15 mil substâncias associadas aos plásticos".Em estudo recente realizado por uma revista especializada britânica, Semensatto cita que foram comparados pacientes que tinham nano e microplásticos nas placas de gordura que se formam no sistema circulatório com aqueles que não tinham.Os resultados mostraram que "as pessoas com presença de nano e microplásticos nas suas placas têm quatro vezes e meio mais chances de ter um acidente cardiovascular do que as que não têm".Esses primeiros estudos mostram que há efeitos. "Agora vamos entender melhor o mecanismo desses efeitos", diz o professor.De onde vêm os microplásticos?Semensatto ressalta que os microplásticos vêm principalmente dos chamados "plásticos de uso único", ou seja, produtos usados em períodos curtos e que são imediatamente descartados.Além disso, os microplásticos podem ser originados desde a indústria médica, indústria mecânica, cosméticos, até pela formação de partículas plásticas por processos físicos, químicos, biológicos e por combinação de diversos fatores.Desodorantes, tintas de cabelo, esmaltes, repelentes, fibras de roupa, materiais de limpeza: todos esses materiais são abrasivos e têm potencial contaminante, explica a professora.Até mesmo a composição humana já conta com partículas de microplástico no organismo, diz Lopes.De acordo com a analista, 800 espécies já estão afetadas em todo o mundo pelos resíduos. Os humanos, que fazem parte do grupo, correm o risco atualmente de "ingerir 5 g de plástico por semana".Ecossistema marinho é principal fonte de preocupaçãoO ambiente marinho, conforme Lopes analisa, é o principal ecossistema prejudicado com a presença dos microplásticos.Com os seres vivos presentes na água, a ingestão acaba sendo, de certa forma, involuntária, pois eles acabam absorvendo os elementos presentes na água.Lopes ressalta, como evidência para o prejuízo ao ambiente marítimo, o nível de poluição que atinge os oceanos. Tanto dos restos levados pelas marés quanto pelos materiais poluentes produzidos em alto-mar, por exemplo.Nesse longo período, "quantas baleias já vieram, já foram? Quantos peixes já foram ingeridos, cultivados ou procriados?", acrescenta, em questionamento.Brasil de olho no temaDe acordo com Semensatto, entre os países de todo o continente americano, o Brasil só fica atrás dos EUA em relação à produção de pesquisa sobre assuntos que englobam os microplásticos.Já na América Latina e na América do Sul, o Brasil é, com alguma folga, o país que mais pesquisa esse tipo de assunto.
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De dentro do corpo humano ao meio ambiente: como microplásticos prejudicam a saúde do mundo?
17:42 17.10.2024 (atualizado: 18:57 17.10.2024) Especiais
A presença dos micro e nanoplásticos no meio ambiente e no corpo humano tem mobilizado cientistas a se debruçarem sobre o tema. Afinal, quais os riscos esses elementos apresentam para a saúde dos seres vivos e do planeta de modo geral?
Antes de tudo, é preciso entender que os microplásticos são pequenas partículas do material que têm medidas inferiores a 5 mm de diâmetro. Ou seja, sua espessura é mais fina do que a de um fio de cabelo, o que prova que se trata de algo com facilidade de penetração.
"Quanto menor a partícula, mais fácil de ser absorvido pelo corpo humano, pelo meio ambiente, pelos corpos, pela biodiversidade", comenta Sandra Maria Lopes de Souza, coordenadora dos cursos de pós-graduação na área de meio ambiente do Centro Universitário Internacional Uninter, ao podcast Jabuticaba Sem Caroço, da Sputnik Brasil.
Geralmente, de acordo com
Décio Semensatto, professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa absorção se dá
através da inalação ou ingestão desses microplásticos, no caso dos humanos e de muitos animais.
"Sabe-se que os plásticos podem transportar com eles os aditivos que são usados na fabricação dos plásticos, como corantes, ou os plastificantes, redutores de chama", acrescenta. Além disso, os plásticos podem transportar, também, micro-organismos que acabam colonizando a superfície. "Há mais de 15 mil substâncias associadas aos plásticos".
Em estudo recente realizado por uma revista especializada britânica, Semensatto cita que foram
comparados pacientes que tinham nano e microplásticos nas placas de gordura que se formam no sistema circulatório com aqueles que não tinham.
Os resultados mostraram que "as pessoas com presença de nano e microplásticos nas suas placas têm quatro vezes e meio mais chances de ter um acidente cardiovascular do que as que não têm".
Esses primeiros estudos
mostram que há efeitos.
"Agora vamos entender melhor o mecanismo desses efeitos", diz o professor.
De onde vêm os microplásticos?
Semensatto ressalta que os microplásticos vêm principalmente dos chamados "plásticos de uso único", ou seja, produtos usados em períodos curtos e que são imediatamente descartados.
Além disso, os microplásticos podem ser originados desde a indústria médica,
indústria mecânica, cosméticos, até pela formação de partículas plásticas por processos físicos, químicos, biológicos e por combinação de diversos fatores.
"Por exemplo, a pasta dental clareadora, que tem micropartículas que fazem a limpeza dos dentes e te dá a sensação de que ele está mais claro ou mais limpo, é feita do quê? De microplásticos", exemplifica Lopes, citando a presença dos resíduos em diversos lugares.
Desodorantes, tintas de cabelo, esmaltes, repelentes, fibras de roupa, materiais de limpeza: todos esses materiais são abrasivos e têm potencial contaminante, explica a professora.
Até mesmo a composição humana já conta com partículas de microplástico no organismo, diz Lopes.
"Grande parte do que nós consumimos, se a gente pensar em produtos médicos que vêm da parte marítima, já vem com microplástico. Como você vai tirar isso?", questiona.
De acordo com a analista, 800 espécies já estão afetadas em todo o mundo pelos resíduos. Os humanos, que fazem parte do grupo, correm o risco atualmente de "ingerir 5 g de plástico por semana".
Ecossistema marinho é principal fonte de preocupação
O
ambiente marinho, conforme Lopes analisa, é o principal ecossistema prejudicado com a presença dos microplásticos.
Com os seres vivos presentes na água, a ingestão acaba sendo, de certa forma, involuntária, pois eles acabam absorvendo os elementos presentes na água.
Lopes ressalta, como evidência para o prejuízo ao ambiente marítimo, o nível de poluição que atinge os oceanos. Tanto dos restos
levados pelas marés quanto pelos materiais poluentes produzidos em alto-mar, por exemplo.
"Nove milhões de toneladas de plásticos entram no oceano todos os anos. O plástico no mar tem uma vida útil de até 450 anos para degradar", conta, argumentando a respeito da situação catastrófica no ecossistema marinho.
Nesse longo período, "quantas baleias já vieram, já foram? Quantos peixes já foram ingeridos, cultivados ou procriados?", acrescenta, em questionamento.
De acordo com Semensatto, entre os países de todo o continente americano,
o Brasil só fica atrás dos EUA em relação à
produção de pesquisa sobre assuntos que englobam os microplásticos.
Já na América Latina e na América do Sul, o Brasil é, com alguma folga, o país que mais pesquisa esse tipo de assunto.
"Nossas universidades e cientistas realmente têm visto o Brasil em várias perspectivas, tanto na presença de microplásticos nos organismos, no mar, no solo, nos rios, na atmosfera e, até mesmo, no corpo humano", diz o especialista sobre o cenário de estudos, ressaltando que ainda há muito trabalho a ser feito.
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