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Angra 3: expectativa de conclusão é positiva, diz presidente da Eletronuclear à Sputnik (VÍDEOS)

© Divulgação PACVista geral das obras da usina nuclear Angra 3, que devem ser retomadas até o segundo semestre de 2025. Angra dos Reis (RJ), 21 de janeiro de 2019
Vista geral das obras da usina nuclear Angra 3, que devem ser retomadas até o segundo semestre de 2025. Angra dos Reis (RJ), 21 de janeiro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 21.11.2024
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Quase 40 anos depois, a usina nuclear Angra 3, no estado do Rio de Janeiro, pode ter seu destino selado, em 4 de dezembro, quando o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) baterá ou não o martelo sobre sua continuidade.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, defendeu a finalização da terceira usina nuclear do país e afirmou que a nuclearização no setor energético brasileiro é inevitável para alcançar 100% da matriz limpa. Ele disse estar "extremamente otimista" com a aprovação do início das obras por parte do conselho.

"Minha sensibilidade com relação a essa decisão do CNPE é muito, muito boa, exatamente com base nos estudos da PNDS [Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde], da EPE [Empresa de Pesquisa Energética], [e] […] Angra 3 vai contribuir com a resiliência do sistema elétrico brasileiro", disse ele ao podcast Jabuticaba Sem Caroço, da Sputnik Brasil. "Que venha logo, para que a gente possa dar o tratamento interno que a gente precisa fazer junto ao TCU [Tribunal de Contas da União] — publicar edital, fazer a licitação, assinar contrato, contratar o pessoal todo…"

Atualmente o Brasil possui duas usinas, Angra 1 e Angra 2, na cidade litorânea de Angra dos Reis, e juntas elas representam cerca de 1% de toda a produção de energia no país. Paralisada em 2015, Angra 3 tem 68% das obras concluídas.
Citando um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre modelagem dos contratos e estruturação do financiamento para terminar Angra 3, ele esclareceu que os gastos de cerca de R$ 23 bilhões estimados para a conclusão das obras quase se equiparam às perdas, na ordem de R$ 21 bilhões, caso a usina não seja terminada.

"Precisamos tirar Angra 3 do papel de maneira rápida e urgente, primeiro porque já são 39 anos de obra em andamento; depois, R$ 12 bilhões já foram investidos, 12 mil equipamentos estão comprados no sítio de Angra, esperando para ser comissionados", argumentou ele. "Há contratos que precisam ser rescindidos, se não for fazer [o serviço previsto], há financiamentos que também devem ser pagos", ponderou, ao salientar que somente em seguro e preservação os gastos anuais são de R$ 100 milhões.

Os gastos não param por aí, acrescentou, ao elencar R$ 120 milhões de pessoal ligado à usina e R$ 720 milhões anuais de serviço da dívida, ou seja, empréstimos que foram contratados, totalizando quase R$ 1 bilhão.
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Caso a continuidade do projeto seja aprovada, a previsão, segundo ele, é que haja um pool de bancos públicos e privados, nacionais e internacionais, para financiar a obra durante os próximos cinco anos ao lado da Eletronuclear, que nas primeiras duas décadas de concessão pagaria o financiamento com os recursos provenientes da produção de energia.
O presidente estimou que o projeto deve gerar aproximadamente 7,5 mil empregos pelos próximos 5 anos.
Ao defender o aumento do uso da energia nuclear no país, ele citou que de 2023 a 2024 o número de nações que anunciaram investimentos nesse tipo de fonte energética subiu de 25 para 31. No caso brasileiro, o presidente da estatal salientou a vantagem brasileira de ter uma enorme quantidade de urânio, que é a matéria-prima do setor e pode tornar o país inclusive exportador do produto:

"Auxilia gerando trabalho, renda e emprego aqui, mas alto valor agregado. A gente não precisa ficar exportando commodity, temos cérebro brasileiro extremamente inteligente, extremamente competente, temos o domínio do ciclo do combustível. Podemos fazer isso aqui e nos transformar no exportador mundial de combustível nuclear."

Lycurgo destacou que 60% da energia elétrica do mundo vem da queima de carbono, produzindo gases de efeito estufa, enquanto no Brasil 80% da matriz é limpa e o Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 traz a ambiciosa meta de implementar cerca de 14 gigawatts (GW) de energia nuclear nos próximos 26 anos.
Tal missão, defendeu Lycurgo, exigirá um marco legal para permitir a entrada do setor privado:

"A Eletronuclear dá conta de fazer Angra 3 sem problema nenhum. Agora, pra atingir o PNE 2050 com mais 8 a 10 GW de energia nuclear até 2050, há necessidade, sim, de um novo marco legal e de que investimentos privados venham também auxiliar com essa infraestrutura extremamente complexa."

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