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Bélgica é condenada pela 1ª vez por sequestros de crianças durante período colonial

© AP Photo / Francisco SecoSimone Ngalula, Monique Bitu Bingi, Lea Tavares Mujinga, Noelle Verbeeken e Marie-Jose Loshi são cinco mulheres nascidas no Congo quando o país estava sob domínio belga, sequestradas de suas mães negras e levadas para orfanatos na Bélgica
Simone Ngalula, Monique Bitu Bingi, Lea Tavares Mujinga, Noelle Verbeeken e Marie-Jose Loshi são cinco mulheres nascidas no Congo quando o país estava sob domínio belga, sequestradas de suas mães negras e levadas para orfanatos na Bélgica - Sputnik Brasil, 1920, 02.12.2024
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O governo belga foi condenado pela justiça do país, nesta segunda-feira (2), a indenizar cinco mulheres congolesas, filhas de mãe negra e pai branco, sequestradas quando crianças pelo Estado belga quando a República Democrática do Congo ainda era colônia da Bélgica, entre 1908 e 1960.
Apesar das milhares de denúncias e dos milhares de casos de sequestros, esta foi a primeira condenação do tipo no país.
Em 2019, a Bélgica fez um pedido formal de desculpas reconhecendo as cerca de 20 mil vítimas de separação forçada, numa prática que se estendeu também às colônias belgas em Burundi e Ruanda.
Busto do rei Leopoldo II da Bélgica é removido de um parque em Ghent, Bélgica, em 2020, devido ao seu papel no tráfico de escravos, espoliação das colônias e genocídios, durante seu reinado, de 1865 a 1909 - Sputnik Brasil, 1920, 23.10.2024
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O Estado belga foi condenado por crime contra a humanidade no Tribunal de Apelações de Bruxelas, que é imprescritível. A prática fazia parte da política de segregação racial e sequestro, estabelecida pelo Estado colonial.
Monique Bitu Bingi, Léa Tavares Mujinga, Noëlle Verbeken, Simone Ngalula e Marie-José Loshi são as vítimas do crime que ganharam a ação e têm atualmente cerca de 70 anos. Elas foram roubadas das mães por autoridades belgas quando tinham dois, três e quatro anos de idade.
Filhas de colonos brancos com mulheres negras locais, não tiveram a nacionalidade belga reconhecida e foram levadas por autoridades para orfanatos administrados pela Igreja Católica, onde alegam terem sido vítimas de abuso.

Genocídio no Congo Belga, Reino da Bélgica (1885–1908)

Uma das maiores barbáries da história contemporânea, de acordo com vários historiadores, foi cometida sob a batuta do então Rei Leopoldo II, da Bélgica, entre 1885 e 1908, quando o Congo era uma colônia sob domínio pessoal do monarca europeu.
As violações e crueldades cometidas nessa época foram relatadas em livros de escritores famosos como Mark Twain e Joseph Conrad. A estimativa é de que pelo menos 10 milhões de pessoas foram mortas pelo sistema colonial nesse período, que explorou predatoriamente o marfim e o látex na região.
Torturas e mutilações de pés e mãos eram comuns para punir escravizados que não alcançassem a meta de produção estipulada pelo rei. Somente em 2021, a ex-metrópole oficializou seu primeiro pedido de perdão.
A Bélgica colonizou o Congo até 1960, quando o país conquistou sua independência. O Congo Belga, como era conhecido, foi uma colônia pessoal do Rei Leopoldo II da Bélgica até 1908, quando passou a ser uma colônia formal do Estado belga.
O Congo se tornou independente em 30 de junho de 1960 e foi renomeado para República do Congo.
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