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O que o Ocidente tem a ver com as eleições anuladas na Romênia?
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Ventos do movimento crítico à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sopraram na direção da Romênia, que elegeu no primeiro turno um candidato... 12.12.2024, Sputnik Brasil
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O candidato independente Calin Georgescu venceu o primeiro turno das eleições na Romênia, ficando à frente da candidata pró-Ocidente Elena Lasconi e do atual presidente romeno, Klaus Iohannis.As eleições, entretanto, foram anuladas pelo Tribunal Constitucional da Romênia, que acusou irregularidades na campanha de Georgescu, incluindo o impulsionamento "privilegiado" da rede social TikTok na campanha do candidato independente.A decisão do tribunal, por sua vez, aconteceu quatro dias após o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, dizer que Georgescu, por ser independente, é lido no Ocidente como pró-Rússia e atentou que o enfraquecimento dos laços entre Romênia e OTAN poderia afetar negativamente a cooperação entre Bucareste e Washington em questões de segurança.Danielle Makio, professora de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entrevistada pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, explica que há duas questões importantes a serem entendidas no complexo cenário das eleições romenas.Por um lado, ela aponta que os grandes responsáveis por optar pela anulação foram o próprio primeiro-ministro e o parlamento, que formam uma coalizão e lançam mão "daquele velho argumento de que houve ingerência russa no resultado das eleições". De outro, ela chama a atenção para o candidato que despontou no primeiro turno e ia para o segundo turno, "chocando a todos com seu resultado bastante preponderante", com sua posição anti-OTAN e seu desejo de se reaproximar da Rússia."É uma decisão potencialmente muito contestável [a anulação], que vem sendo contestada por boa parte da população, por ONGs, por outros políticos de oposição também, que dizem que, na realidade, isso é uma grande perda para a democracia romena, que vem tentando se consolidar já há algum tempo, e dizem que é uma demonstração de fragilidade das instituições, dos valores democráticos do país."Para Ariel Laurindo de Oliveira, professor do Instituto Soyuz, as justificativas para a anulação do primeiro turno não são convincentes.Romênia vai ficar sem presidente?O mandato do presidente Klaus Iohannis termina no próximo dia 21. Até lá, com as eleições anuladas, um novo candidato ainda não terá sido eleito.De acordo com Makio, foi acordada a formação de uma coalizão estruturada por representantes de diversos partidos que compõem o parlamento. "Essa coalizão vai ser responsável por gerenciar, continuar e manter a administração da Romênia enquanto novas eleições não são efetivamente realizadas". Ou seja, nesse ínterim entre o fim do mandato e o início de um novo mandato, "vamos ficar com essa coalizão à frente da Romênia, uma coalizão que mantém uma postura pró-Ocidente, que não é nova no país".Oliveira argumenta que é difícil definir esse cenário, se, nesse caso, trata-se de "ingerência do Ocidente através da União Europeia (UE) ou das empresas internacionais que estão na Romênia" ou "os próprios governantes romenos sendo vendidos ao Ocidente".Sonho da UE ainda presente na Romênia?Atualmente, além do momento político, a vida econômica romena anda complicada. Makio afirma que o país vem tendo "uma atividade econômica muito aquém do esperado", lida com crescente inflação — já é a maior da UE — e vem tendo resultados de produto interno bruto (PIB) muito abaixo das projeções.E o país se divide, conforme descreve Oliveira, entre os que mantêm uma "fé muito cega no que eles acham que é a civilização ocidental — civilização que nem respeita a Romênia" — e "um lado reacionário, que quer sair da União Europeia e da OTAN por achar que essa fé cega de democracia e igualdade é verdade".Esse cenário econômico conturbado é propício para o aumento da "porosidade do tecido social a ideias nacionalistas", diz a professora da Unesp.Além disso, o povo romeno sofre, segundo Oliveira, certa relutância em relação aos demais países da UE.Apenas recentemente, a Romênia entrou no espaço Schengen, área de livre circulação das pessoas, apesar de fazer parte do bloco há 16 anos.Em relação à anulação da eleição, Makio avalia que embora cancelado, o pleito "deixa bem claro quais são as expectativas, quais são as preferências da sociedade".
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O que o Ocidente tem a ver com as eleições anuladas na Romênia?
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Ventos do movimento crítico à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sopraram na direção da Romênia, que elegeu no primeiro turno um candidato independente crítico à aliança militar. O pleito, entretanto, foi anulado pelo Tribunal Constitucional, que acusou irregularidades na campanha. Oposição fala em ingerência russa, mas sem provas.
O candidato independente Calin Georgescu venceu o primeiro turno das eleições na Romênia, ficando à frente da candidata pró-Ocidente Elena Lasconi e do atual presidente romeno, Klaus Iohannis.
As eleições, entretanto, foram anuladas pelo Tribunal Constitucional da Romênia, que acusou irregularidades na campanha de Georgescu, incluindo o impulsionamento "privilegiado" da rede social TikTok na campanha do candidato independente.
A decisão do tribunal, por sua vez, aconteceu quatro dias após o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano,
Matthew Miller, dizer que Georgescu, por ser independente, é lido no Ocidente como pró-Rússia e atentou que o enfraquecimento dos laços entre
Romênia e OTAN poderia afetar negativamente a cooperação entre Bucareste e Washington em questões de segurança.
Danielle Makio, professora de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entrevistada pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, explica que há duas questões importantes a serem entendidas no complexo cenário das
eleições romenas.
Por um lado, ela aponta que os grandes responsáveis por optar pela anulação foram o próprio primeiro-ministro e o parlamento, que formam uma coalizão e lançam mão "daquele velho argumento de que houve ingerência russa no resultado das eleições". De outro, ela chama a atenção para o candidato que despontou no primeiro turno e ia para o segundo turno, "chocando a todos com seu resultado bastante preponderante", com sua posição anti-OTAN e seu desejo de se reaproximar da Rússia.
"É uma decisão potencialmente muito contestável [a anulação], que vem sendo contestada por boa parte da população, por ONGs, por outros políticos de oposição também, que dizem que, na realidade, isso é uma grande perda para a democracia romena, que vem tentando se consolidar já há algum tempo, e dizem que é uma demonstração de fragilidade das instituições, dos valores democráticos do país."
Para Ariel Laurindo de Oliveira, professor do Instituto Soyuz, as justificativas para a anulação do primeiro turno não são convincentes.
"Acho que é um pouquinho de, não sei se desespero, mas de prevenção da maioria do parlamento, tanto o parlamento romeno como o parlamento europeu, de querer dar uma segurada nesse pessoal que questiona as decisões da União Europeia", avaliou o especialista também em declarações ao Mundioka.
Romênia vai ficar sem presidente?
O mandato do presidente Klaus Iohannis termina no próximo dia 21. Até lá, com as eleições anuladas, um novo candidato ainda não terá sido eleito.
De acordo com Makio, foi acordada a formação de uma coalizão estruturada por representantes de diversos partidos que compõem o parlamento.
"Essa coalizão vai ser responsável por gerenciar, continuar e manter a administração da Romênia enquanto novas eleições não são efetivamente realizadas". Ou seja, nesse ínterim entre o fim do mandato e o início de um novo mandato, "vamos ficar com essa coalizão à frente da Romênia, uma coalizão que mantém uma postura pró-Ocidente, que não é nova no país".
Oliveira argumenta que é difícil definir esse cenário, se, nesse caso, trata-se de "ingerência do Ocidente
através da União Europeia (UE) ou das empresas internacionais que estão na Romênia" ou "os próprios governantes romenos sendo vendidos ao Ocidente".
Sonho da UE ainda presente na Romênia?
Atualmente, além do momento político, a vida econômica romena anda complicada. Makio afirma que o país vem tendo "uma atividade econômica muito aquém do esperado", lida com crescente inflação — já é a maior da UE — e vem tendo resultados de produto interno bruto (PIB) muito abaixo das projeções.
E o país se divide, conforme descreve Oliveira, entre os que mantêm uma "fé muito cega no que eles acham que é a civilização ocidental —
civilização que nem respeita a Romênia" — e "um lado reacionário, que quer sair da União Europeia e da OTAN por achar que essa fé cega de democracia e igualdade é verdade".
Esse cenário econômico conturbado é propício para o aumento da "porosidade do tecido social a ideias nacionalistas", diz a professora da Unesp.
Além disso, o povo romeno sofre, segundo Oliveira, certa relutância em relação aos demais países da UE.
Apenas recentemente, a Romênia entrou no
espaço Schengen,
área de livre circulação das pessoas, apesar de fazer parte do bloco há 16 anos.
"Não faltam exemplos de como a União Europeia, as empresas da União Europeia exploram a Romênia pelos recursos naturais, como as florestas e o petróleo, recursos humanos, como os vários romenos que trabalham no exterior, enquanto tem emprego na Romênia, mas eles vão pro exterior com essa promessa de ser melhor", afirma o especialista.
Em relação à anulação da eleição, Makio avalia que embora cancelado, o pleito "deixa bem claro quais são as expectativas, quais são as preferências da sociedade".
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