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O que acontece se houver um ataque cibernético do Ocidente no Brasil? Especialistas discutem
O que acontece se houver um ataque cibernético do Ocidente no Brasil? Especialistas discutem
Sputnik Brasil
Com uma das maiores infraestruturas de Internet do mundo, o Brasil se destaca pela capilaridade e autonomia de sua rede. Mas, em um cenário hipotético de... 17.12.2024, Sputnik Brasil
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A questão foi debatida por especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, que avaliaram os pontos fortes e vulnerabilidades do sistema brasileiro.Daniel Damito, fundador e CEO da Sage Networks, destacou que o Brasil está à frente em proteção contra ataques digitais, especialmente os chamados DDoS (ataques de negação de serviço), que têm como objetivo sobrecarregar redes e deixá-las fora do ar. "O Brasil já enfrentou problemas maiores que outros países, testou soluções avançadas e, sim, está bem protegido. Mas é importante lembrar que ataques à infraestrutura de Internet são complexos e exigem uma defesa igualmente robusta e descentralizada."Damito explicou que o Brasil tem o maior número de ASNs (sigla em inglês para Números de Sistemas Autônomos) do mundo, com mais de 20 mil empresas controlando blocos próprios de IP e oferecendo conectividade em todo o território nacional.Essa descentralização é uma das maiores forças do país em caso de ataques externos, mas também pode ser uma vulnerabilidade, dependendo da escala do ataque. Julio Sirota, gerente de infraestrutura do IX.br, apontou que o Brasil possui uma ampla autonomia no que diz respeito à infraestrutura, mas alertou para a dependência de serviços e conteúdos hospedados fora do país."A infraestrutura é sólida. Temos redes interligando todas as regiões e um mercado competitivo de provedores locais, algo raro no mundo. Mas os grandes serviços — como plataformas de nuvem, redes sociais e ferramentas de comunicação — estão sob domínio de multinacionais. Nesse ponto, um bloqueio ou ataque coordenado poderia afetar severamente o país", explica.Sirota destacou que a força da Internet brasileira está na capilaridade, com pequenas operadoras fornecendo fibra óptica até mesmo em regiões remotas.Brasil tem estrutura para resistir a um ataque à sua Internet?Apesar de ter infraestrutura, Sirota reconhece que a soberania digital brasileira ainda é limitada em relação ao conteúdo e aos serviços. "Controlamos a entrega, mas não controlamos o que acontece fora do país."Segundo ele, isso mostra a necessidade de pensar em estratégias de autonomia também para conteúdos e plataformas.Teve ataque cibernético no Brasil?O Brasil, em um período de 12 meses, registrou mais de 700 milhões de ataques cibernéticos, 1.379 por minuto, segundo o Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, da empresa russa Kaspersky. Isso coloca o país na segunda posição em todo o mundo.Ambos os especialistas concordam que, enquanto o Brasil lidera em conectividade e proteção de infraestrutura, há uma dependência preocupante de empresas estrangeiras para serviços digitais essenciais.Essa questão se torna ainda mais relevante em um contexto de crescentes tensões geopolíticas e ataques cibernéticos como arma estratégica.Para Damito, a solução passa por mais investimentos em tecnologias locais. "O Brasil precisa de grandes players nacionais que ofereçam serviços de nuvem e comunicação de forma independente. Sem isso, ficamos vulneráveis ao que acontece fora das nossas fronteiras."Já Sirota acredita que eventos como a Semana de Infraestrutura, ocorrida em dezembro em São Paulo (SP), são essenciais para manter a comunidade técnica unida e preparada para desafios futuros.
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O que acontece se houver um ataque cibernético do Ocidente no Brasil? Especialistas discutem
16:22 17.12.2024 (atualizado: 17:05 17.12.2024) Especiais
Com uma das maiores infraestruturas de Internet do mundo, o Brasil se destaca pela capilaridade e autonomia de sua rede. Mas, em um cenário hipotético de ataque vindo de grandes potências ocidentais, como ficariam a segurança e a soberania digitais do país?
A questão foi debatida por especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, que avaliaram os pontos fortes e vulnerabilidades do sistema brasileiro.
Daniel Damito, fundador e CEO da Sage Networks, destacou que o Brasil está à frente em proteção contra ataques digitais, especialmente os chamados DDoS (ataques de negação de serviço), que têm como objetivo sobrecarregar redes e deixá-las fora do ar.
"O Brasil já enfrentou problemas maiores que outros países, testou soluções avançadas e, sim, está bem protegido. Mas é importante lembrar que
ataques à infraestrutura de Internet são complexos e exigem uma defesa igualmente robusta e descentralizada."
Damito explicou que o Brasil tem o maior número de ASNs (sigla em inglês para Números de Sistemas Autônomos) do mundo, com mais de 20 mil empresas controlando blocos próprios de IP e oferecendo conectividade em todo o território nacional.
Essa descentralização é
uma das maiores forças do país em caso de ataques externos, mas também pode ser uma vulnerabilidade, dependendo da escala do ataque.
"Se houvesse uma ofensiva massiva de grandes potências, a capacidade de resposta dependeria de quão bem coordenadas estivessem as defesas e da integração entre as operadoras locais e as grandes empresas do setor."
Julio Sirota, gerente de infraestrutura do IX.br, apontou que o Brasil possui uma ampla autonomia no que diz respeito à infraestrutura, mas alertou para a dependência de serviços e conteúdos hospedados fora do país.
"A infraestrutura é sólida. Temos redes interligando todas as regiões e um mercado competitivo de provedores locais, algo raro no mundo. Mas os grandes serviços — como plataformas de nuvem, redes sociais e ferramentas de comunicação — estão sob domínio de multinacionais. Nesse ponto, um bloqueio ou ataque coordenado poderia afetar severamente o país", explica.
Sirota destacou que a força da Internet brasileira está na capilaridade, com pequenas operadoras fornecendo fibra óptica até mesmo em regiões remotas.
Brasil tem estrutura para resistir a um ataque à sua Internet?
Apesar de ter infraestrutura, Sirota reconhece que a soberania digital brasileira ainda é limitada em relação ao conteúdo e aos serviços. "Controlamos a entrega, mas não controlamos o que acontece fora do país."
"Se o Ocidente decidisse isolar ou atacar nossas redes, teríamos dificuldades em acessar serviços essenciais."
Segundo ele, isso mostra a necessidade de pensar em estratégias de autonomia também para conteúdos e plataformas.
Teve ataque cibernético no Brasil?
O Brasil, em um período de 12 meses,
registrou mais de 700 milhões de ataques cibernéticos, 1.379 por minuto, segundo o Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, da empresa russa Kaspersky.
Isso coloca o país na segunda posição em todo o mundo.
Ambos os especialistas concordam que, enquanto o Brasil lidera em conectividade e proteção de infraestrutura, há uma dependência preocupante de empresas estrangeiras para serviços digitais essenciais.
Essa questão se torna ainda mais relevante em um contexto de crescentes tensões geopolíticas e ataques cibernéticos como arma estratégica.
Para Damito, a solução passa por mais investimentos em tecnologias locais. "O Brasil precisa de grandes players nacionais que ofereçam serviços de nuvem e comunicação de forma independente. Sem isso, ficamos vulneráveis ao que acontece fora das nossas fronteiras."
Já Sirota acredita que eventos como a Semana de Infraestrutura, ocorrida em dezembro em São Paulo (SP), são essenciais para manter a comunidade técnica unida e preparada para desafios futuros.
"É aqui que discutimos melhores práticas, desenvolvemos soluções e fortalecemos redes. Mas é um trabalho constante. A soberania digital é um objetivo a longo prazo."
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