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BRICS tem muito a contribuir para a promoção de uma IA soberana e sustentável, diz pesquisador

© flickr.com / Mike MacKenzieRepresentação de inteligência artificial em formato de um cérebro
Representação de inteligência artificial em formato de um cérebro - Sputnik Brasil, 1920, 27.08.2024
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Em menos de uma semana, a Rússia anunciou colaborações com a Etiópia e a China para desenvolver inteligências artificiais (IAs). Mais do que formar cooperações bilaterais, esses e outros membros do BRICS querem criar um polo de desenvolvimento de IAs alternativo àquele em desenvolvimento pelo Norte Global.
A área de desenvolvimento de inteligência artificial é um dos principais eixos de discussão quando o assunto é tecnologia do futuro. A ferramenta, mais do que um geradora probabilística de texto como hoje se apresenta pelo popular ChatGPT, tem diversas aplicações que vão desde análise de dados, reconhecimento facial e segurança de dados à visão de máquina, finanças e robótica.
Dessa forma, continuar à frente das inovações tecnológicas se tornou uma necessidade para todos os países que buscam manter seus protagonismos mundiais e regionais. Nesse sentido, o Brasil, que advoga por um mundo multipolar e se lança como principal porta-voz da América do Sul, lançou no final de julho o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê R$ 23 bilhões em investimentos, em sua maioria públicos.
Entre os destaques do plano brasileiro estão melhorias no Santos Dumont, supercomputador brasileiro localizado em Petrópolis, o desenvolvimento de tecnologias soberanas e a descentralização dos polos de dados por todo o território brasileiro.
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BRICS equilibra 'agenda do G7'

O Brasil, contudo, não é o único a buscar desenvolver suas próprias tecnologias de inteligência artificial. Os países do G7, por exemplo, buscam soluções para o aprofundamento em conjunto da tecnologia, como foi evidenciado em Hiroshima, na 49ª cúpula do grupo, em 2023.
Em contraponto a esse desenvolvimento ocidental, na última semana, uma delegação de especialistas em IA russos visitou o Instituto de Inteligência Artificial da Etiópia para explorar oportunidades de cooperação no setor.
Ademais, o Centro Nacional para Desenvolvimento de Inteligência Artificial do governo da Federação da Rússia anunciou um acordo de colaboração no setor com a China. Ambos os países, líderes mundiais de informática, advogam não apenas por maior cooperação no desenvolvimento de IA entre si, mas também pelos países do BRICS, incluindo o Brasil.
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Alexandre Costa Barbosa, pesquisador associado do Instituto Weizenbaum e do programa CyberBRICS, sublinha à Sputnik Brasil que os grupos demonstram visões distintas de como prosseguir com o desenvolvimento das IAs.
Os documentos assinados em Hiroshima, destaca o pesquisador, são "essencialmente principiológicos, sem valores e sem tratar, por exemplo, da questão do trabalho, que é essencial para países em desenvolvimento e emergentes".
Nesse sentido, Barbosa destaca a presidência brasileira do G20 como capaz de criar um elo entre as diferentes políticas de inteligência artificial. O Brasil colocou a IA como um dos quatro principais eixos da linha de economia digital. Da mesma forma, no ano que vem, ao assumir a presidência do BRICS, o Brasil receberá da Rússia, atual presidente, estudos já em andamento sobre possíveis colaborações de inteligência artificial entre os países.
Além disso, passa o bastão de gerir o G20 para a África do Sul, que deve seguir com "o legado de IA para o bem comum que o Brasil está construindo agora para equilibrar justamente uma eventual agenda do G7".

"Tem um grande potencial para a promoção de uma IA soberana e sustentável e, definitivamente, o BRICS tem muita contribuição nesse sentido."

Como o BRICS pode cooperar em inteligência artificial

Os países do BRICS começaram a estudar há cerca de um ano as melhores formas de cooperar no vasto setor da IA. Segundo Barbosa, há diversos pontos em que essas trocas internacionais podem acontecer.
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Um exemplo disso, e o mais lembrado quando se fala do tema, é o compartilhamento de frameworks, estrutura básica de códigos computacionais que permitem desenvolver programas mais avançados.
Isso poderia permitir a elaboração conjunta de modelos de IA para programas de proteção social, verificação de elegibilidade, combate a fraudes e proteção de dados, ressalta o pesquisador.

"Mas há também diversos outros âmbitos que geralmente não são associados quando se fala de software: a infraestrutura tangível por trás do processamento de dados, isto é, servidores e centrais de dados."

Hoje, o mercado de computação em nuvem é altamente concentrado, explica o pesquisador. Cerca de dois terços estão em posse da Amazon, Google e Microsoft, empresas estadunidenses. Sendo assim, países do BRICS como a China e a Rússia poderiam facilitar o acesso à sua infraestrutura computacional, como a Tencent e a Alibaba chinesas e o Yandex russo.
Além desse aspecto físico, há também a questão dos componentes que, de fato, dão o poder de processamento aos computadores: os semicondutores.

"IA é simplesmente impossível sem semicondutores, sem unidades de processamento e servidores de computação em nuvem. Então, colaborações no âmbito dessa cadeia global de valor devem ser prioridade da cooperação econômica do bloco."

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