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BRICS tem muito a contribuir para a promoção de uma IA soberana e sustentável, diz pesquisador
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Em menos de uma semana, a Rússia anunciou colaborações com a Etiópia e a China para desenvolver inteligências artificiais (IAs). Mais do que formar cooperações... 27.08.2024, Sputnik Brasil
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A área de desenvolvimento de inteligência artificial é um dos principais eixos de discussão quando o assunto é tecnologia do futuro. A ferramenta, mais do que um geradora probabilística de texto como hoje se apresenta pelo popular ChatGPT, tem diversas aplicações que vão desde análise de dados, reconhecimento facial e segurança de dados à visão de máquina, finanças e robótica.Dessa forma, continuar à frente das inovações tecnológicas se tornou uma necessidade para todos os países que buscam manter seus protagonismos mundiais e regionais. Nesse sentido, o Brasil, que advoga por um mundo multipolar e se lança como principal porta-voz da América do Sul, lançou no final de julho o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê R$ 23 bilhões em investimentos, em sua maioria públicos.Entre os destaques do plano brasileiro estão melhorias no Santos Dumont, supercomputador brasileiro localizado em Petrópolis, o desenvolvimento de tecnologias soberanas e a descentralização dos polos de dados por todo o território brasileiro.BRICS equilibra 'agenda do G7'O Brasil, contudo, não é o único a buscar desenvolver suas próprias tecnologias de inteligência artificial. Os países do G7, por exemplo, buscam soluções para o aprofundamento em conjunto da tecnologia, como foi evidenciado em Hiroshima, na 49ª cúpula do grupo, em 2023.Em contraponto a esse desenvolvimento ocidental, na última semana, uma delegação de especialistas em IA russos visitou o Instituto de Inteligência Artificial da Etiópia para explorar oportunidades de cooperação no setor.Ademais, o Centro Nacional para Desenvolvimento de Inteligência Artificial do governo da Federação da Rússia anunciou um acordo de colaboração no setor com a China. Ambos os países, líderes mundiais de informática, advogam não apenas por maior cooperação no desenvolvimento de IA entre si, mas também pelos países do BRICS, incluindo o Brasil.Alexandre Costa Barbosa, pesquisador associado do Instituto Weizenbaum e do programa CyberBRICS, sublinha à Sputnik Brasil que os grupos demonstram visões distintas de como prosseguir com o desenvolvimento das IAs.Os documentos assinados em Hiroshima, destaca o pesquisador, são "essencialmente principiológicos, sem valores e sem tratar, por exemplo, da questão do trabalho, que é essencial para países em desenvolvimento e emergentes".Nesse sentido, Barbosa destaca a presidência brasileira do G20 como capaz de criar um elo entre as diferentes políticas de inteligência artificial. O Brasil colocou a IA como um dos quatro principais eixos da linha de economia digital. Da mesma forma, no ano que vem, ao assumir a presidência do BRICS, o Brasil receberá da Rússia, atual presidente, estudos já em andamento sobre possíveis colaborações de inteligência artificial entre os países.Além disso, passa o bastão de gerir o G20 para a África do Sul, que deve seguir com "o legado de IA para o bem comum que o Brasil está construindo agora para equilibrar justamente uma eventual agenda do G7".Como o BRICS pode cooperar em inteligência artificialOs países do BRICS começaram a estudar há cerca de um ano as melhores formas de cooperar no vasto setor da IA. Segundo Barbosa, há diversos pontos em que essas trocas internacionais podem acontecer.Um exemplo disso, e o mais lembrado quando se fala do tema, é o compartilhamento de frameworks, estrutura básica de códigos computacionais que permitem desenvolver programas mais avançados.Isso poderia permitir a elaboração conjunta de modelos de IA para programas de proteção social, verificação de elegibilidade, combate a fraudes e proteção de dados, ressalta o pesquisador.Hoje, o mercado de computação em nuvem é altamente concentrado, explica o pesquisador. Cerca de dois terços estão em posse da Amazon, Google e Microsoft, empresas estadunidenses. Sendo assim, países do BRICS como a China e a Rússia poderiam facilitar o acesso à sua infraestrutura computacional, como a Tencent e a Alibaba chinesas e o Yandex russo.Além desse aspecto físico, há também a questão dos componentes que, de fato, dão o poder de processamento aos computadores: os semicondutores.
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BRICS tem muito a contribuir para a promoção de uma IA soberana e sustentável, diz pesquisador
18:40 27.08.2024 (atualizado: 19:07 27.08.2024) Especiais
Em menos de uma semana, a Rússia anunciou colaborações com a Etiópia e a China para desenvolver inteligências artificiais (IAs). Mais do que formar cooperações bilaterais, esses e outros membros do BRICS querem criar um polo de desenvolvimento de IAs alternativo àquele em desenvolvimento pelo Norte Global.
A área de desenvolvimento de inteligência artificial é um dos principais eixos de discussão quando o assunto é tecnologia do futuro. A ferramenta, mais do que um geradora probabilística de texto
como hoje se apresenta pelo popular ChatGPT, tem diversas aplicações que vão desde
análise de dados, reconhecimento facial e segurança de dados à visão de máquina, finanças e robótica.
Dessa forma, continuar à frente das inovações tecnológicas se tornou uma necessidade para todos os países que buscam manter seus protagonismos mundiais e regionais. Nesse sentido, o Brasil, que advoga por um mundo multipolar e se lança como principal porta-voz da América do Sul, lançou no final de julho o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê R$ 23 bilhões em investimentos, em sua maioria públicos.
Entre os destaques do plano brasileiro estão melhorias no
Santos Dumont, supercomputador brasileiro localizado em Petrópolis, o
desenvolvimento de tecnologias soberanas e a descentralização dos polos de dados por todo o território brasileiro.
BRICS equilibra 'agenda do G7'
O Brasil, contudo, não é o único a buscar desenvolver suas próprias tecnologias de inteligência artificial. Os países do G7, por exemplo, buscam soluções para o aprofundamento em conjunto da tecnologia, como foi evidenciado em Hiroshima, na 49ª cúpula do grupo, em 2023.
Em contraponto a esse desenvolvimento ocidental, na última semana, uma delegação de especialistas em IA russos visitou o Instituto de Inteligência Artificial da Etiópia para explorar oportunidades de cooperação no setor.
Ademais, o Centro Nacional para Desenvolvimento de Inteligência Artificial do governo da Federação da Rússia anunciou um acordo de colaboração no setor com a China. Ambos os países, líderes mundiais de informática, advogam não apenas por maior cooperação no desenvolvimento de IA entre si, mas também pelos países do BRICS, incluindo o Brasil.
Alexandre Costa Barbosa, pesquisador associado do Instituto Weizenbaum e do programa CyberBRICS, sublinha à Sputnik Brasil que os grupos demonstram visões distintas de como prosseguir com o desenvolvimento das IAs.
Os documentos assinados em Hiroshima, destaca o pesquisador, são "essencialmente principiológicos, sem valores e sem tratar, por exemplo, da questão do trabalho, que é essencial para países em desenvolvimento e emergentes".
Nesse sentido, Barbosa destaca a presidência brasileira do G20 como capaz de criar um elo entre as diferentes políticas de inteligência artificial. O Brasil colocou a IA como um dos quatro principais eixos da linha de economia digital. Da mesma forma, no ano que vem, ao assumir a presidência do BRICS, o Brasil receberá da Rússia, atual presidente, estudos já em andamento sobre possíveis colaborações de inteligência artificial entre os países.
Além disso, passa o bastão de gerir o G20 para a África do Sul, que deve seguir com "o legado de IA para o bem comum que o Brasil está construindo agora para equilibrar justamente
uma eventual agenda do G7".
"Tem um grande potencial para a promoção de uma IA soberana e sustentável e, definitivamente, o BRICS tem muita contribuição nesse sentido."
Como o BRICS pode cooperar em inteligência artificial
Os países do BRICS começaram a estudar há cerca de um ano as melhores formas de cooperar no vasto setor da IA. Segundo Barbosa, há diversos pontos em que essas trocas internacionais podem acontecer.
Um exemplo disso, e o mais lembrado quando se fala do tema, é o compartilhamento de frameworks, estrutura básica de códigos computacionais que permitem desenvolver programas mais avançados.
Isso poderia permitir a elaboração conjunta de modelos de IA para programas de proteção social, verificação de elegibilidade, combate a fraudes e proteção de dados, ressalta o pesquisador.
"Mas há também diversos outros âmbitos que geralmente não são associados quando se fala de software: a infraestrutura tangível por trás do processamento de dados, isto é, servidores e centrais de dados."
Hoje, o mercado de computação em nuvem é altamente concentrado, explica o pesquisador. Cerca de dois terços estão em posse da Amazon, Google e Microsoft, empresas estadunidenses. Sendo assim, países do BRICS como a China e a Rússia poderiam facilitar o acesso à sua infraestrutura computacional, como a Tencent e a Alibaba chinesas e o Yandex russo.
Além desse aspecto físico, há também a questão dos componentes que, de fato, dão o poder de processamento aos computadores:
os semicondutores.
"IA é simplesmente impossível sem semicondutores, sem unidades de processamento e servidores de computação em nuvem. Então, colaborações no âmbito dessa cadeia global de valor devem ser prioridade da cooperação econômica do bloco."
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