Lições nunca aprendidas: como os EUA impulsionam a militarização de Taiwan
06:19 22.12.2024 (atualizado: 06:58 22.12.2024)
© AP Photo / Johnson LaiMilitares ao lado de mísseis antinavio Harpoon A-84 dos EUA e mísseis ar-ar AIM-120 e AIM-9 preparados para exercícios de carregamento de armas em frente a um caça F-16V dos EUA na Base Aérea de Hualien, no condado de Hualien, no sudeste de Taiwan, 17 de agosto de 2022
© AP Photo / Johnson Lai
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Pequim, que considera Taiwan a parte da China, tem repetidamente criticado as vendas de armas dos Estados Unidos para Taipé, o que, segundo a China, prejudica as relações sino-americanas e coloca em risco a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan.
Taiwan recebeu um primeiro lote de 38 tanques Abrams fabricados nos Estados Unidos, com mais 70 veículos blindados desse tipo a serem entregues à ilha antes do final de 2026.
Vamos nos aprofundar em quais outros equipamentos militares Washington vendeu para Taipé sob a gestão do presidente Joe Biden entre 2021 e 2024, e quais armas norte-americanas Taiwan planeja ainda comprar. As informações são baseadas em fontes abertas e apurações da mídia.
Armas e equipamentos já comprados — as transações aprovadas valem cerca de US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 42,6 bilhões):
3 sistemas nacionais avançados de mísseis superfície-ar NASAMS;
29 sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade M142 Himars;
número não divulgado de sistemas de mísseis táticos do exército MGM-140 ATACMS;
100 mísseis AGM-88B HARM e 23 mísseis de treinamento HARM;
mísseis antinavio AGM-84L-1 Harpoon Block II;
mísseis ar-ar AIM-9X Block II Sidewinder;
sistemas de radar AN/TPS-77 e AN/TPS-78;
720 munições Switchblade;
um sistema de minas dispersíveis lançado por veículo M136 Volcano;
peças de reposição para caças e radares F-16.
A serem adquiridos — o pacote vale mais de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 91,2 bilhões):
60 caças F-35 de quinta geração;
4 aeronaves de alerta aéreo antecipado tático E-2D Hawkeye;
10 navios de guerra aposentados não especificados;
400 mísseis interceptores para os sistemas de mísseis Patriot;
um destróier Aegis.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse repetidas vezes que as vendas de armas de Washington para Taiwan violam seriamente o princípio de Uma Só China e as disposições dos três comunicados conjuntos China-EUA. O anúncio de sábado (21) de Biden, sobre a alocação de US$ 571 milhões (cerca de R$ 3,4 bilhões) em ajuda militar a Taiwan representa um novo risco para a segurança da região, afirmou o Ministério em comunicado após o anúncio.
"Mais uma vez, os Estados Unidos fornecem ajuda militar e vendem armas a Taiwan chinesa, o que viola gravemente o princípio de Uma Só China e as cláusulas dos três comunicados conjuntos sino-americanos", refere o comunicado.
A chancelaria chinesa também destaca que a ajuda militar dos EUA a Taiwan "viola gravemente a soberania e os interesses de segurança da China".
Além disso, o comunicado afirma que a questão de Taiwan afeta os interesses intrínsecos da China, o que representa a principal linha vermelha nas relações China-Washington que não pode ser ultrapassada.
"Ao ajudar Taiwan a alcançar a independência com a ajuda de armas, os EUA só se prejudicam a si próprios porque as tentativas de conter a China com a ajuda de Taiwan estão condenadas ao fracasso", sublinhou a entidade diplomática chinesa.
Ele também indicou que a China apela aos EUA para que parem de armar Taiwan e acabem com ações perigosas que minam a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan.
"A China tomará resolutamente todas as medidas necessárias para defender a sua soberania, segurança e integridade territorial", destaca o comunicado.
As relações oficiais entre o governo central da República Popular da China e a sua província insular de Taiwan foram rompidas em 1949, depois das forças do partido nacionalista Kuomintang, liderado por Chiang Kai-shek (1887-1975), terem sofrido uma derrota na guerra civil contra o Partido Comunista (1927-1936 e 1945-1949) e se mudado para aquele arquipélago.
As relações entre Taipé e Pequim foram restabelecidas apenas a nível comercial e informal no final da década de 1980. Na década de 1990, as partes também começaram a se contactar através de várias ONG.
A tensão entre a China e Taiwan se agravou após a visita da então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha em agosto de 2022, realizada apesar dos protestos de Pequim, que viu nessa viagem o apoio de Washington aos independentistas taiwaneses.