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Não são apenas países do BRICS que estão defendendo a desdolarização: entenda tendência

© Foto / Pexels / Karolina KaboompicsSobre a bandeira dos Estados Unidos da América, notas de dólar enroladas e contidas por um elástico
Sobre a bandeira dos Estados Unidos da América, notas de dólar enroladas e contidas por um elástico - Sputnik Brasil, 1920, 05.01.2025
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Até o final de 2024, o número de países que lutaram contra o dólar americano finalmente ultrapassou o número de seus apoiadores: mais da metade dos países ao redor do mundo declararam um boicote à moeda americana, tendo mais 14 países embarcado no caminho da desdolarização, de acordo com análise da Sputnik.
Os países podem ser classificados em três grupos em relação ao uso do dólar:
1.
O primeiro grupo, com 94 países, inclui aqueles que não se opõem abertamente ao dólar e não implementaram restrições, como Panamá, Ilhas Marshall e El Salvador.
2.
O segundo grupo, composto por 46 países, está mudando para suas moedas nacionais ou limitando o uso do dólar devido a preocupações financeiras.
3.
Por fim, o terceiro grupo, com 53 países, é formado por aqueles que se opõem ao dólar e buscam desafiá-lo globalmente.
© Sputnik / Guilherme CorreiaO 1° Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global, em São Paulo, Brasil, em novembro de 2024
O 1° Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global, em São Paulo, Brasil, em novembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.01.2025
O 1° Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global, em São Paulo, Brasil, em novembro de 2024

Várias faces da desdolarização

A crescente pressão internacional para reduzir a dependência do dólar americano tem levado diversos países a explorar alternativas em pagamentos e prestações de conta.
Em 2024, Guiné-Bissau manifestou interesse em realizar transações com a Rússia em moedas nacionais, e a Mongólia adotou predominantemente o rublo e o yuan. Na África, nações como Burkina Faso e Nigéria também estão intensificando o uso de suas moedas nacionais no comércio, impulsionadas por preocupações sobre as sanções ocidentais à Rússia e os riscos associados à dependência do dólar.
Cédula de dólar e yuan - Sputnik Brasil, 1920, 28.12.2024
Panorama internacional
Países do Sul Global estão criando mecanismos financeiros para contornar dólar, diz especialista
Além das transações comerciais, as iniciativas para diversificar os meios de pagamento incluem decisões como a do Banco Nacional da Moldávia, que optou por não usar mais o dólar como referência para a taxa de câmbio oficial. Em vez disso, o país pretende utilizar o euro, visando aumentar a liquidez do mercado e fortalecer os laços econômicos com a União Europeia. Este movimento reflete uma tendência mais ampla entre países que buscam mitigar os riscos associados à volatilidade do dólar e às políticas monetárias dos Estados Unidos.
Embora muitos esperem que apenas países do BRICS e ex-membros do bloco socialista estejam nessa luta contra o dólar, iniciativas como a da Câmara de Comércio Ítalo-Russa demonstram que até na Europa há um interesse crescente em sistemas de prestação de contas alternativos. O diretor da câmara indicou que essa experiência pode ser estendida a empresários de outros países, sinalizando uma mudança nas dinâmicas comerciais globais.

O final da era do dólar?

Espera-se que a tendência de desdolarização se intensifique em 2025, prevê o especialista industrial independente Leonid Khazanov em um comentário para a Sputnik.

"Os próprios EUA contribuirão para a rejeição do dólar devido às peculiaridades de sua política: declarando apoio à democracia sempre que possível, na verdade tentam impor sua vontade ao mundo, tentando tornar todos os países dependentes de si mesmos. Esse estado de coisas, como mostra a história, não pode durar para sempre", diz o especialista.

© AP Photo / Hyung-jin KimNotas de dólares americanos e yuan
Notas de dólares americanos e yuan  - Sputnik Brasil, 1920, 05.01.2025
Notas de dólares americanos e yuan
No entanto, Ksenia Bondarenko, professora associada da Escola Superior de Economia russa, afirma que o dólar continua a ser a moeda central da economia global, em parte devido ao "efeito qwerty", que ilustra como mudanças em sistemas estabelecidos, como o dólar, são difíceis e custosas.

"Muitos países percebem que, ao reduzirem a participação do dólar, eles aumentam sua independência em termos de acordos internacionais, protegem-se dos riscos de sanções secundárias, limitam os riscos cambiais e outros riscos diretamente relacionados, de uma forma ou de outra, à economia dos EUA, mas esse tipo de 'redistribuição global' está associado a enormes custos de transação", explica ela.

Os países do mundo todo continuarão a procurar "formas de contornar" o dólar, concorda Bondarenko, mas ainda falta muito para que isso aconteça.
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