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Coordenador do BRICS no Brasil revela à Sputnik prioridades do país para cúpula de 2025 (VÍDEOS)
Coordenador do BRICS no Brasil revela à Sputnik prioridades do país para cúpula de 2025 (VÍDEOS)
Sputnik Brasil
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o embaixador Eduardo Saboia, sherpa do Brasil no BRICS, adiantou detalhes da presidência brasileira do agrupamento de... 10.01.2025, Sputnik Brasil
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Neste ano será realizada, no Rio de Janeiro, a 17ª Cúpula do BRICS, inaugurando um novo momento na história do grupo de países que luta pela reforma dos instrumentos de governança global, como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).É a quarta vez que o Brasil assume a presidência do BRICS, mas a reunião deste ano traz informações inéditas para o foro. É a primeira vez que os países parceiros, categoria de afiliação criada na 16ª Cúpula, participam do encontro.O BRICS, hoje, é composto por 11 membros plenos: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã e Indonésia; e outros nove na categoria de parceiros: Belarus, Bolívia, Indonésia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia e Uzbequistão.Com exclusividade à Sputnik Brasil, o sherpa do Brasil no BRICS, Eduardo Saboia, autoridade responsável pela coordenação entre os países neste ano, comentou detalhes dos preparativos para o encontro.Fortalecer as relações Sul-SulTodo encontro anual dos países do BRICS gira em torno de um tema definido pelo Estado que ocupa a presidência. Neste ano, o Brasil definiu o alicerce das discussões a partir do mote "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável".Segundo Saboia, a escolha está ligada diretamente à história do grupo, que surge de maneira oficial após a crise financeira de 2008, quando foram convidados a participar de um grande esforço de soerguimento da economia mundial, colaborando com os pacotes de ajuda financeira."E, nesse contexto, surgiu a reivindicação desses países de terem mais voz na governança global", diz Saboia. "Hoje você tem uma realidade internacional de peso econômico e demográfico, que não corresponde à estrutura da tomada de decisões."O tema também reflete a atualidade das relações intra-BRICS. No presente momento, o principal parceiro brasileiro é a China. "Não é só comércio, não é só investimento", diz o embaixador. "É colaboração."Esforços na área de inteligência artificialO tema da inteligência artificial (IA) vem sendo discutido em diversos fóruns, desde os nacionais como o Senado brasileiro, como na ONU, instrumento máximo do multilateralismo global.Dessa forma, com o conjunto de suas capacidades, não é de se espantar que os países do BRICS discutam a regulamentação e o desenvolvimento dessa tecnologia disruptiva, diz Saboia.Enquanto defensor do multilateralismo e sendo composto de países com economias emergentes, o BRICS defende uma governança da IA que leve em consideração o serviço da tecnologia ao combate às desigualdades e no reforço aos princípios da Carta das Nações Unidas.Indonésia é membro estreanteA Indonésia é o mais recente país a integrar o rol de membros plenos do BRICS. Convidada a integrar o BRICS em sua rodada de expansões de 2023, durante a Cúpula de Joanesburgo, a adesão foi formalizada na última segunda-feira (6).A demora, explica o embaixador, ocorreu devido às eleições presidenciais de 2024 no país. Na época, o presidente Joko Widodo adiou a decisão de entrada no grupo para o próximo presidente, como forma de a população poder expressar suas opiniões nas urnas.Recém-eleito, Prabowo Subianto prosseguiu com a entrada da Indonésia no BRICS, elevando o número total de integrantes, plenos ou parceiros, para 20.Por sua vez, a América Latina é representada no foro pelo Brasil, membro original, e por Cuba e pela Bolívia, membros parceiros. "São países que têm muito a aportar. Estamos muito felizes com essa participação", afirma Saboia.Cúpula do Rio verá novas adesões?Perguntado pela reportagem se a 17ª Cúpula, realizada em julho no Rio de Janeiro, convidará novos países a se juntar ao bloco, o sherpa brasileiro afirmou que o foco do Brasil será incorporar todos os novos membros do BRICS, desde os membros plenos que entraram no ano passado até os países parceiros."Já é um desafio a incorporação de um país-membro. Não se dá da noite para o dia", explica o embaixador, acrescentando que a participação efetiva das discussões no BRICS exige novas aprendizagens. "Além disso, teremos oito países parceiros."Aproximar o BRICS da sociedadeA Cúpula do BRICS não é o único evento internacional do ano nos radares do mundo. Em novembro acontecerá em Belém (PA) a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).Focada nas questões ambientais, a COP30 possui grande sinergia com temas que serão tratados na Cúpula do Rio, como desenvolvimento sustentável, transição energética, uso de combustíveis fósseis e produção de alimentos.Segundo o embaixador, o encontro dos Estados do BRICS antes da COP30 permitirá que os países se coordenem para expressar "uma manifestação da vontade coletiva do BRICS" em torno desses temas.Os dois eventos, contudo, não devem ser os únicos do ano.Dado o sucesso do G20 Social e, anteriormente, do Mercosul Social, o governo brasileiro está pensando em realizar o BRICS Social como maneira de aproximar a sociedade civil das discussões do grupo."Nós temos vários atores que lidam com esse aspecto do governo brasileiro. Nós estamos em contato e recebendo as orientações, também, do presidente da República nessa área."Para o embaixador, a ocasião será muito proveitosa para mostrar como a presidência brasileira realiza o engajamento com a sociedade civil e, mais importante, engajar todos os membros do BRICS.Uma nova arquitetura financeiraPor fim, mas não menos importante, Eduardo Saboia contou à Sputnik Brasil o que a presidência brasileira do BRICS pretende levar à discussão as reformas do sistema financeiro global.Um dos principais projetos do agrupamento, a desdolarização de suas trocas comerciais, é um tema extremamente sensível ao redor do mundo. O futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou os países do BRICS com tarifas caso coloquem em prática algum projeto que vise desbancar o dólar como moeda hegemônica.De acordo com o embaixador, a discussão está sendo "desenvolvida com muita responsabilidade e cuidado" pelos ministérios da Fazenda e pelos bancos centrais dos países."O que se discute não é só a questão do uso de moedas locais", revela Saboia. "O uso de moedas locais e a discussão sobre plataformas de pagamento são importantes, sim."Nesse sentido, a presidência brasileira pretende dar seguimento a uma série de tópicos que, a princípio, parecem menores, mas formam a base para aproximar as nações, como a colaboração entre as aduanas para aprimorar o fluxo de produtos."Essa discussão prosseguirá na presidência brasileira com base no que foi feito durante a presidência russa, que foi uma presidência importante nessa área, fez um bom trabalho."
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eduardo saboia, brasil, indonésia, brics, onu, rússia, carta das nações unidas, joko widodo, nações unidas, luiz inácio lula da silva, exclusiva
Neste ano será realizada, no Rio de Janeiro, a 17ª Cúpula do BRICS, inaugurando um novo momento na história do grupo de países que luta pela reforma dos instrumentos de governança global, como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
É a quarta vez que o Brasil assume a presidência do BRICS, mas a reunião deste ano traz informações inéditas para o foro. É a primeira vez que os países parceiros, categoria de afiliação criada na 16ª Cúpula, participam do encontro.
O BRICS, hoje, é composto por 11 membros plenos: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã e Indonésia; e outros nove na categoria de parceiros: Belarus, Bolívia, Indonésia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia e Uzbequistão.
Com exclusividade à Sputnik Brasil, o sherpa do Brasil no BRICS, Eduardo Saboia, autoridade responsável pela coordenação entre os países neste ano, comentou detalhes dos preparativos para o encontro.
Fortalecer as relações Sul-Sul
Todo encontro anual dos países do BRICS gira em torno de um tema definido pelo Estado que ocupa a presidência. Neste ano, o Brasil definiu o alicerce das discussões a partir do mote "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável".
Segundo Saboia, a escolha está ligada diretamente à história do grupo, que surge de maneira oficial após a crise financeira de 2008, quando foram convidados a participar de um grande esforço de soerguimento da economia mundial, colaborando com os pacotes de ajuda financeira.
"E, nesse contexto, surgiu a reivindicação desses países de terem mais voz na governança global", diz Saboia. "Hoje você tem uma realidade internacional de peso econômico e demográfico, que não corresponde à estrutura da tomada de decisões."
O tema também reflete
a atualidade das relações intra-BRICS. No presente momento, o principal parceiro brasileiro é a China. "Não é só comércio, não é só investimento", diz o embaixador.
"É colaboração.""Na presidência brasileira, queremos discutir temas que possam trazer benefícios e que já estão sendo discutidos para as nossas populações; por exemplo, colaboração na área de saúde, ciência e tecnologia."
Esforços na área de inteligência artificial
O tema da inteligência artificial (IA) vem sendo discutido em diversos fóruns,
desde os nacionais como o Senado brasileiro, como na ONU, instrumento máximo do multilateralismo global.
Dessa forma, com o conjunto de suas capacidades, não é de se espantar que os países do BRICS discutam a regulamentação e o desenvolvimento dessa tecnologia disruptiva, diz Saboia.
Enquanto defensor do multilateralismo e sendo composto de países com economias emergentes, o BRICS defende uma governança da IA que leve em consideração o serviço da tecnologia ao combate às desigualdades e no reforço aos princípios da Carta das Nações Unidas.
17 de dezembro 2024, 20:17
Indonésia é membro estreante
A Indonésia é o
mais recente país a integrar o rol de membros plenos do BRICS. Convidada a integrar o BRICS em sua rodada de expansões de 2023, durante a Cúpula de Joanesburgo, a adesão foi formalizada na última segunda-feira (6).
A demora, explica o embaixador, ocorreu devido às eleições presidenciais de 2024 no país. Na época, o presidente Joko Widodo adiou a decisão de entrada no grupo para o próximo presidente, como forma de a população poder expressar suas opiniões nas urnas.
Recém-eleito, Prabowo Subianto prosseguiu com a entrada da Indonésia no BRICS, elevando o número total de integrantes, plenos ou parceiros, para 20.
Por sua vez, a América Latina é representada no foro pelo Brasil, membro original,
e por Cuba e pela Bolívia, membros parceiros.
"São países que têm muito a aportar. Estamos muito felizes com essa participação", afirma Saboia.
"A heterogeneidade é a riqueza do BRICS. O fato de nós termos países onde há sistemas políticos e civilizações diferentes, mas que conseguem formar uma plataforma convergente em muitos assuntos, essa é a riqueza."
Cúpula do Rio verá novas adesões?
Perguntado pela reportagem se a 17ª Cúpula, realizada em julho no Rio de Janeiro, convidará novos países a se juntar ao bloco, o sherpa brasileiro afirmou que o foco do Brasil será incorporar todos os novos membros do BRICS, desde os membros plenos que entraram no ano passado até os países parceiros.
"Já é um desafio a incorporação de um país-membro.
Não se dá da noite para o dia", explica o embaixador, acrescentando que a participação efetiva das discussões no BRICS exige novas aprendizagens. "Além disso, teremos oito países parceiros."
"Isto também é algo que demanda um esforço considerável: fazer o contato com as suas burocracias, definir quais são as áreas de interesse, quais são as expectativas. Isso a gente fará durante a presidência brasileira."
Aproximar o BRICS da sociedade
A Cúpula do BRICS não é o único evento internacional do ano nos radares do mundo. Em novembro acontecerá em Belém (PA) a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
Focada nas questões ambientais, a COP30 possui grande sinergia com temas que serão tratados na Cúpula do Rio,
como desenvolvimento sustentável, transição energética, uso de combustíveis fósseis e produção de alimentos.
Segundo o embaixador, o encontro dos Estados do BRICS antes da COP30 permitirá que os países se coordenem para expressar "uma manifestação da vontade coletiva do BRICS" em torno desses temas.
"Uma delas, talvez a principal, é a questão da arquitetura financeira para mitigação e adaptação. Essa é uma questão que eu acho que tem um grande potencial de colaboração entre o BRICS."
Os dois eventos, contudo, não devem ser os únicos do ano.
Dado o sucesso do G20 Social e, anteriormente, do Mercosul Social,
o governo brasileiro está pensando em realizar o BRICS Social como maneira de
aproximar a sociedade civil das discussões do grupo.
"Nós temos vários atores que lidam com esse aspecto do governo brasileiro. Nós estamos em contato e recebendo as orientações, também, do presidente da República nessa área."
Para o embaixador, a ocasião será muito proveitosa para mostrar como a presidência brasileira realiza o engajamento com a sociedade civil e, mais importante, engajar todos os membros do BRICS.
Uma nova arquitetura financeira
Por fim, mas não menos importante, Eduardo Saboia contou à Sputnik Brasil o que a presidência brasileira do BRICS pretende levar à discussão as reformas do sistema financeiro global.
Um dos principais projetos do agrupamento, a desdolarização de suas trocas comerciais, é um tema extremamente sensível ao redor do mundo. O futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou os países do BRICS com tarifas caso coloquem em prática algum projeto que vise desbancar o dólar como moeda hegemônica.
De acordo com o embaixador, a discussão está sendo "desenvolvida com muita responsabilidade e cuidado" pelos ministérios da Fazenda e pelos bancos centrais dos países.
"O que se discute não é só a questão do uso de moedas locais", revela Saboia.
"O uso de moedas locais e a discussão sobre plataformas de pagamento são importantes, sim." "Mas o foco é reduzir custos de transação, estimular o comércio, estimular os fluxos de investimento entre os países do BRICS. Esse é o objetivo."
Nesse sentido, a presidência brasileira pretende dar seguimento a uma série de tópicos que, a princípio, parecem menores, mas formam a base para aproximar as nações, como a colaboração entre as aduanas para aprimorar o fluxo de produtos.
"Essa discussão prosseguirá na presidência brasileira com base no que foi feito durante a presidência russa, que foi uma presidência importante nessa área, fez um bom trabalho."
13 de novembro 2024, 17:00
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