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Recursos raros alimentam competição e podem determinar novas zonas de conflitos globais

CC0 / / Terras raras (imagem de referência)
Terras raras (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 12.01.2025
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Os próximos anos devem exacerbar a competição econômica global pelos recursos minerais do mundo, com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, abertamente de olho em 12 milhões de quilômetros quadrados de território com recursos preciosos. Estes são os conflitos, presentes e potencialmente futuros, a prestar atenção.

Ucrânia

Os EUA "não podem se dar ao luxo" de deixar Moscou alcançar a vitória na Ucrânia, que está "sentada em US$ 10-12 trilhões [R$ 61-73,3 trilhões] de minerais essenciais", disse abertamente o senador Lindsey Graham durante um momento discreto de sua entrevista no ano passado, revelando o verdadeiro motivo da guerra por procuração da OTAN contra a Rússia.
A Ucrânia possui US$ 3-11,5 trilhões (mais de R$ 18,3-70,2 trilhões) somente em lítio, além de outros trilhões em prata, ouro, urânio, alumínio, cobre, ferro, manganês, titânio e hidrocarbonetos. Também tem o maior suprimento de terras raras da Europa, particularmente berílio, nióbio e zircônio.

Bolívia

Comemorando os 200 anos da independência este ano, a Bolívia enfrentou mais de 190 golpes e revoluções ao longo de sua história. Isso não é de admirar, dada sua vasta riqueza de recursos, de ouro e prata a tungstênio, zinco, chumbo, estanho e níquel.
"Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso", escreveu Elon Musk no X (anteriormente Twitter) em 2020 em resposta à notícia de que os EUA haviam organizado outro golpe na Bolívia. A Bolívia tem 23 milhões de toneladas de lítio. Também tem escândio e ítrio, duas das terras raras mais procuradas para uso industrial e militar.

Venezuela

"Fará uma grande diferença para os Estados Unidos economicamente se pudermos ter empresas petrolíferas norte-americanas realmente investindo e produzindo as capacidades petrolíferas na Venezuela", disse o ex-assessor de Trump John Bolton em 2019 em meio às tentativas de Washington de destituir o presidente Maduro.

Certamente que fará diferença. Situada em cima de até 300 bilhões de barris de reservas comprovadas de petróleo — as maiores do mundo, a Venezuela é uma potência energética. Também é um gigante em termos de minerais, com reservas impressionantes de ouro, urânio, minérios de ferro e o precioso mineral coltan — rotulado como "ouro azul" pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez em 2009, e usado em uma ampla gama de eletrônicos.
Não é de admirar que os EUA tenham rotulado a Venezuela e sua pilha de recursos de US$ 14 trilhões (aproximadamente R$ 85,5 trilhões) como uma "ameaça incomum e extraordinária".
Vista aérea da planta de extração de lítio Eramine, subsidiária da Eramet, em Salar Centenario Ratones, na província de Salta, Argentina, 4 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 10.07.2024
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Irã

Outro país classificado pelos EUA como uma "ameaça incomum e extraordinária", o Irã abriga uma riqueza estimada em US$ 27 trilhões (aproximadamente R$ 164,9 trilhões) em recursos. Talvez por isso, tem sido um alvo regular de mudanças de regime desde a Revolução Islâmica de 1979.
Embora as reservas comprovadas de recursos consistam principalmente de petróleo e gás, o Irã descobre regularmente vastos estoques de minerais. Em 2023, Teerã identificou um enorme depósito de lítio de 8,5 milhões de toneladas. Em 2022, a Organização Iraniana de Desenvolvimento e Renovação de Minas e Indústrias de Mineração relatou que foram descobertos cerca de US$ 28,7 bilhões (R$ 175,3 bilhões) em recursos minerais, entre os quais minério de ferro, chumbo, bauxita e antimônio, somente desde 2013.

Canadá

"A piada acabou", disse o ministro das Finanças canadense Dominic LeBlanc em resposta à série de comentários de Donald Trump sobre o Canadá se tornar o "51º estado". "É uma maneira de ele semear confusão, agitar as pessoas, criar caos, sabendo que isso nunca vai acontecer."

Com recursos avaliados em US$ 33 trilhões (mais de R$ 201,6 trilhões), desde petróleo, gás, urânio, fosfatos, cádmio, chumbo, titânio, zinco, uma variedade de ligas de ferro e uma pitada de minas de terras raras, o Canadá possui ainda cério, neodímio e promécio.
Quem sabe se Trump está realmente brincando?

Groenlândia

"A Groenlândia é para o povo groenlandês. Não queremos ser dinamarqueses, não queremos ser norte-americanos [...]. Temos um desejo de independência, um desejo de ser os donos de nossa própria casa", disse o primeiro-ministro Mute Egede aos repórteres na sexta-feira (10) em meio às perguntas de Trump sobre a compra da ilha.
A Groenlândia é detentora de uma riqueza mineral cuja escala não foi totalmente explorada, desde metais e pedras preciosas a grafite, urânio e, claro, terras raras — pelo menos 1,5 milhão de toneladas, incluindo ítrio, escândio, neodímio e disprósio.
Mesmo que os sonhos de Trump não se realizem, uma batalha silenciosa — confinada às salas de reuniões (por enquanto), já está acontecendo em meio aos esforços dos EUA para bloquearem uma série de investimentos chineses nos recursos minerais da Groenlândia.
Fragmento de irídio - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2024
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África

Arrasado por um legado pós-colonial de instabilidade e violência, o continente africano também abriga algumas das maiores reservas minerais inexploradas do mundo. Os últimos anos mostraram que com grande riqueza vêm grandes riscos, pois os centros de poder globais disputam seu controle.
A República Democrática do Congo (RDC), por exemplo, tem as maiores reservas de cobalto do mundo (6 milhões de toneladas). Também enfrentou repetidas tentativas de golpe, mais recentemente em 2024, quando um político apoiado pelos EUA e pela Bélgica se declarou presidente unilateralmente. Além do cobalto, a RDC é rica em monazita, euxenita, nióbio, tântalo e zircônio.
A Guiné, também sofrendo sua cota de golpes (1984, 2008, 2021), é o segundo maior produtor mundial de bauxita — usada para produzir o metal estratégico alumínio. Também tem um dos maiores depósitos inexplorados de minério de ferro de alto teor do mundo, além de ouro e diamantes.
O Zimbábue, que viu um golpe contra o antigo presidente Robert Mugabe, desprezado pelo Ocidente, em 2017, tem as maiores reservas de lítio da África (11 milhões de toneladas). Economistas locais acreditam que com mais exploração, seu país pode rivalizar com o status de superpotência de terras raras da China.
O Quênia, cujo presidente foi recebido com tapete vermelho em Washington em maio passado, também é (sem surpresa) um gigante emergente de terras raras, com depósitos descobertos somente na mina de Mrima Hill estimados em cerca de US$ 62,4 bilhões (cerca de R$ 381,2 bilhões). Além de terras raras, o Quênia é rico em minério de ferro, ouro, calcário, pedras preciosas e minério de manganês.
Não é de se espantar que os EUA tenham rotulado o país como um "grande aliado não pertencente à OTAN" — o único na África Subsaariana.
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