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Novo mandato de Maduro sinaliza vitória do mundo multipolar e anti-imperialista, opinam analistas
Novo mandato de Maduro sinaliza vitória do mundo multipolar e anti-imperialista, opinam analistas
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O terceiro mandato do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que tomou posse na última sexta-feira (10), prova que o projeto anti-imperialista e de soberania... 14.01.2025, Sputnik Brasil
2025-01-14T18:21-0300
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Ao podcast Mundioka, o professor de história e diretor da Associação Cultural José Martí do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Mergulhão, declarou que a vitória de Maduro é também dos movimentos sociais e setores de esquerda comprometidos com uma mudança revolucionária, principalmente com a resistência anti-imperialista.Segundo ele, após anos de cerco e tentativa de boicote pelos governos de Donald Trump e Joe Biden, a Venezuela respira e espera que o processo revolucionário não apenas resista, como também siga em frente.Mergulhão acrescentou que Maduro demonstra um movimento de aprofundamento do diálogo com a parte da oposição não violenta e não vinculada aos EUA, e do projeto da Revolução Bolivariana do poder comunal.A estabilização econômica e social no país deve permitir o avanço dos processos anunciados por Maduro para transformações até 2030, como diversificação econômica, expansão da doutrina bolivariana e combate à crise climática.Outro entrevistado do programa, o professor Roberto Santana Santos, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), engrossou o coro sobre a importância da Venezuela no processo geopolítico da região.Doutor em políticas públicas e mestre em história política, Santos afirmou que a Revolução Bolivariana é um marco histórico divisor de águas do século XXI.O professor acrescentou que a crise de desabastecimento de alimentos foi sanada no país, e o desemprego e a inflação, anteriormente na casa dos 300%, 400%, vêm caindo.Santos também mencionou que a vitória de Maduro lança luz sobre a debilidade da oposição no país, "fragmentada e sem musculatura social", que responde a uma burguesia interna que passou o século XX apenas exportando petróleo e concentrando riqueza.As lideranças da oposição são efêmeras, agregou, devido a essa debilidade econômica e política, além das lutas internas entre eles, que impedem uma unidade e uma ação contundente contra o governo bolivariano.A estatização do petróleo, há cerca de 25 anos, mudou esse panorama ao repartir com a população os recursos por meio de projetos sociais e obras de infraestrutura, entre outros. Trata-se de uma burguesia que está presente no comércio, na venda de bens duráveis, mas não é produtiva, frisou.Venezuela e BRICSA entrada da Venezuela no BRICS, na opinião dos entrevistados, torna-se premente para fortalecer o mundo multipolar, e a Rússia e a China devem pressionar o grupo para que isso ocorra.Para Mergulhão, as relações que estão sendo costuradas pelos três países prometem abalar a estrutura mundial, "porque é um novo campo de relações, de países que se propõem a construir relações externas, relações econômicas muito diferenciadas das tradicionalmente defendidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia".A Venezuela tem a primeira reserva de petróleo a nível mundial e representa em torno de 24% das reservas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), tipo de riqueza de grande valia para os Estados Unidos, ponderaram os entrevistados.A demonstração do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, de enfraquecer as uniões do Sul Global pode fazer com que o Brasil se reaproxime da Venezuela, após as relações ficarem abaladas com as eleições no país bolivariano."A presença e ofensiva do Trump vai obrigar esses setores, esses governos progressistas, com todas as suas diferenças, a tentar aprofundar essa integração."Santos vai além e defende que, para o Brasil alcançar a tão almejada liderança regional, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve se aproximar de aliados como a Venezuela, com visão regional semelhante.
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Novo mandato de Maduro sinaliza vitória do mundo multipolar e anti-imperialista, opinam analistas
18:21 14.01.2025 (atualizado: 20:31 14.01.2025) Especiais
O terceiro mandato do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que tomou posse na última sexta-feira (10), prova que o projeto anti-imperialista e de soberania nacional dos governos bolivarianos ganhou fôlego, segundo estudiosos ouvidos pela Sputnik Brasil.
Ao podcast Mundioka, o professor de história e diretor da Associação Cultural José Martí do Rio de Janeiro,
Luiz Eduardo Mergulhão, declarou que a
vitória de Maduro é também dos movimentos sociais e setores de esquerda comprometidos com uma mudança revolucionária, principalmente com a resistência anti-imperialista.
Segundo ele, após anos de
cerco e tentativa de boicote pelos governos de Donald Trump e Joe Biden, a Venezuela respira e espera que o processo revolucionário não apenas resista, como também siga em frente.
"O crescimento produtivo, a produção econômica, o PIB [produto interno bruto], ele está crescendo", afirmou. "Se combinar transformação econômica, maior presença do Estado, maior presença da população organizada, eu acho que a gente pode ter uma surpresa bem positiva para a Venezuela construindo um novo modelo de sociedade."
Mergulhão acrescentou que Maduro demonstra um movimento de aprofundamento do diálogo com a parte da oposição não violenta e não vinculada aos EUA, e do projeto da Revolução Bolivariana do poder comunal.
"O poder comunal é aquele exercido pelas comunidades. Então, mais do que nunca, é necessário que esse poder comunal seja aprofundado. É preciso, fundamentalmente, neste mundo multipolar, que a Venezuela avance nessa construção política e econômica do chamado socialismo no século XXI", comentou o historiador.
A estabilização econômica e social no país deve permitir o avanço dos processos anunciados por Maduro para transformações até 2030, como diversificação econômica, expansão da doutrina bolivariana e combate à crise climática.
Outro entrevistado do programa, o professor Roberto Santana Santos, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), engrossou o coro sobre a importância da Venezuela no processo geopolítico da região.
Doutor em políticas públicas e mestre em história política, Santos afirmou que a Revolução Bolivariana é um marco histórico divisor de águas do século XXI.
"Ele inaugura toda essa sucessão de governos progressistas, mais ou menos à esquerda, desde o comecinho do século, e se mantém como, de todos esses governos, aquele que tem uma proposta mais radicalizada, que tem uma proposta realmente revolucionária, de superação do capitalismo, de construção de outras formas de sociabilidade. E, com isso, ele pauta, em parte, a região tanto para aqueles que o apoiam quanto para aqueles que são seus detratores", defendeu Santos.
O professor acrescentou que a crise de desabastecimento de alimentos foi sanada no país, e o desemprego e a inflação, anteriormente na casa dos 300%, 400%, vêm caindo.
"A Venezuela, nos últimos dois anos, foi o país latino-americano que mais cresceu", argumentou, ao atribuir o crescimento ao incremento de parcerias comerciais para burlar as sanções, como China, Rússia, Irã e Turquia.
Santos também mencionou que a vitória de Maduro lança luz sobre a debilidade da oposição no país, "fragmentada e sem musculatura social", que responde a uma burguesia interna que passou o século XX apenas exportando petróleo e concentrando riqueza.
As lideranças da oposição são efêmeras, agregou, devido a essa debilidade econômica e política, além das lutas internas entre eles, que impedem uma unidade e uma ação contundente contra o governo bolivariano.
"Essa oposição vive de apoios internacionais, principalmente dos Estados Unidos, e isso causa […] rachas e dissensões justamente porque eles brigam para ser o principal interlocutor dos Estados Unidos dentro da Venezuela", defendeu.
A estatização do petróleo, há cerca de 25 anos, mudou esse panorama ao repartir com a população os recursos por meio de projetos sociais e obras de infraestrutura, entre outros. Trata-se de uma burguesia que está presente no comércio, na venda de bens duráveis, mas não é produtiva, frisou.
"Por isso que eles recorrem sistematicamente à violência, a atentados terroristas, a pedidos de intervenção militar estrangeira no próprio país e, rapidamente, suas alianças internas são desfeitas conforme o ciclo eleitoral termina e não conseguem apresentar força para disputar politicamente o país."
A entrada da Venezuela no BRICS, na opinião dos entrevistados, torna-se premente para fortalecer o mundo multipolar, e a Rússia e a China devem pressionar o grupo para que isso ocorra.
"A entrada da Venezuela pode ser adiada, mas será detida, porque há uma necessidade por parte da China, da Rússia, da própria articulação do BRICS de contar com a Venezuela no BRICS. Isso vai ser feito com ou sem o apoio do Brasil", disse Santos ao recordar que o Brasil foi contra a entrada da Venezuela no grupo na Cúpula de Kazan, em 2024.
Para Mergulhão, as relações que estão sendo costuradas pelos três países prometem abalar a estrutura mundial, "porque é um novo campo de relações, de países que se propõem a construir relações externas, relações econômicas muito diferenciadas das tradicionalmente defendidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia".
A Venezuela tem a
primeira reserva de petróleo a nível mundial e representa em torno de 24% das reservas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP), tipo de riqueza
de grande valia para os Estados Unidos, ponderaram os entrevistados.
"A Chevron, uma importante petroleira americana, tem autorização para atuar na Venezuela. [Tem] autorização tanto do governo venezuelano quanto do governo americano. Os Estados Unidos continuam comprando petróleo venezuelano", lembrou Santos.
A demonstração do futuro
presidente dos EUA, Donald Trump, de enfraquecer as uniões do Sul Global pode fazer com que
o Brasil se reaproxime da Venezuela, após as relações ficarem abaladas com as eleições no país bolivariano.
"A presença e ofensiva do Trump vai obrigar esses setores, esses governos progressistas, com todas as suas diferenças, a tentar aprofundar essa integração."
Santos vai além e defende que, para o Brasil alcançar a tão almejada liderança regional, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve se aproximar de aliados como a Venezuela, com visão regional semelhante.
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