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Diante das ameaças de Trump, 'a solução é a integração latino-americana', diz cientista político

© Ricardo Stuckert / PRChefes de Estado e autoridades internacionais pousam para foto oficial após a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). São Vicente e Granadinas, 1º de março de 2024
Chefes de Estado e autoridades internacionais pousam para foto oficial após a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). São Vicente e Granadinas, 1º de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 25.01.2025
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O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, realizará sua primeira viagem à América Latina atraindo o foco das atenções, já que o Panamá e seu movimentado canal têm sido alvo de ameaças por parte do presidente Donald Trump, que declarou sua intenção de recuperar o controle dessa rota comercial.
"Nós nunca permitiremos que caia em mãos erradas! Foi entregue como um símbolo de nossa cooperação com o Panamá, não para o benefício de outros. A menos que os princípios, tanto morais quanto legais, desse gesto magnânimo de entrega sejam respeitados , exigiremos que o Canal do Panamá nos seja devolvido, em sua totalidade e sem questionamentos", disse Trump semanas antes de retornar à Presidência dos EUA.
O governo panamenho, liderado por José Raúl Mulino, disse que defenderá a soberania do país e seu direito ao canal. Vários países latino-americanos expressaram sua solidariedade a essa posição, incluindo o México, nação que também foi ameaçada por Donald Trump com deportações em massa e tarifas de 25%.
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'Trump acreditou no conto do Destino Manifesto'

Em entrevista à Sputnik, o cientista político e analista venezuelano Martín Pulgar disse que o político republicano é um empresário e um negociador em todas as áreas, então suas ameaças em relação ao canal do Panamá são uma forma de "atacar" para depois negociar politicamente.
"Trump é realmente um dos atores do Estado Profundo dos Estados Unidos (...) Um bilionário, como todos os que o acompanham, e é ele quem busca decidir o destino dos Estados Unidos... Ele acredita no conto do Destino Manifesto", comentou o especialista.
Segundo Martín Pulgar, Washington está ciente de que tem outros concorrentes ao redor do mundo além da Rússia e da China e, portanto, buscará manter seu papel de liderança como potência global a todo custo.
"Diante da perda de sua influência hegemônica, os Estados Unidos são capazes de agir e destruir se não continuarem sendo o ator principal, porque sabem que, em um mundo em mudança, outros terão poder em diferentes áreas e poderão até superá-los. Enquanto isso, eles tentarão manter cartas de negociação suficientes."
Por outro lado, ele esclareceu que enfrentar os Estados Unidos não é uma tarefa fácil, pois envolve custos que as nações nem sempre estão dispostas a assumir.
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'A solução é a integração latino-americana'

Ele acrescentou que os Estados Unidos estão considerando a reindustrialização, embora no passado tenha sido esse mesmo país que forçou nações como a China a se tornarem locais de trabalho. No entanto, lembrou o especialista, a China posteriormente se estabeleceu como uma potência comercial com suas próprias tecnologias.
"[Trump] está propondo a reindustrialização e [ele quer que os EUA se tornem] um país que exporte novamente, porque antes [os EUA] eram a fábrica do mundo e depois foram substituídos pela China", disse o analista.
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Mas para competir com o gigante asiático, disse Pulgar, os custos precisam ser reduzidos por meio de mão de obra barata, "e como pode não ser possível conseguir isso porque não a tem, então esses custos diminuem se o canal do Panamá reconsiderar uma taxa fixa, barata ou até gratuita."
Diante dessa possibilidade, o cientista político destacou que a América Latina precisa fortalecer suas capacidades.
"A solução é uma integração latino-americana que ponha fim [a Trump], uma frente comunitária contra os Estados Unidos", disse o especialista, que lembrou que já existem mecanismos para isso, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Sobre se a região poderia consolidar essa união, Martín Pulgar destacou que o próprio Trump e sua visão expansionista poderiam acelerar esse processo, caso a América Latina começasse a se sentir cada vez mais ameaçada pela Casa Branca.

"Não há nada que impulsione mais um processo de integração do que uma ameaça de um valentão. A política é a arte do impossível."

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