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Queda do dólar sinaliza que movimento especulativo do mercado perdeu força, notam analistas
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Em entrevista à Sputnik Brasil, analistas apontam que a alta da moeda norte-americana também foi uma forma de o mercado pressionar o novo presidente do Banco... 27.01.2025, Sputnik Brasil
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A alta do dólar dominou os noticiários nos últimos meses do ano passado. Após um repentino aumento, que a levou à cotação recorde de R$ 6,20 em dezembro, a moeda estadunidense agora está em queda livre, caindo cerca de R$ 0,30 e girando em torno de R$ 5,90.A Sputnik Brasil conversou com economistas para entender o que ocasionou a ascensão e a queda meteórica da moeda em um período de tempo tão curto.Rodrigo Rodriguez, professor do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que esse movimento da taxa de câmbio observado desde novembro gira em torno de duas pautas do mercado: as medidas de corte promovidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo no comando do Banco Central.Ele afirma que, em um primeiro momento, a elevação do dólar foi uma maneira de o mercado tentar pressionar o governo "a se comprometer com um corte maior do que o apresentado no pacote fiscal"."Em seguida, essas posições foram sustentadas justamente para sinalizar ao Galípolo que não há outro caminho em sua presidência do Banco Central que preservar os aspectos da gestão anterior, criando um destino selado para a nova gestão", afirma.Ele acrescenta que as próprias atas do Banco Central sinalizam que Galípolo "não poderá tomar outra rota que não o aumento da taxa de juros nos próximos meses".O especialista aponta que a queda do dólar observada após a chegada de Trump à Casa Branca é um fato "curioso" e explica que a mídia "tende a superestimar os fatores políticos"."O fator mais importante para essa queda do dólar é que o movimento especulativo que pressionava a alta perdeu força no mês de janeiro, na medida em que aquela cotação não era compatível com os nossos resultados comerciais, padrão de investimento e outras questões mais estruturais da economia brasileira", destaca Rodriguez.A bolsa de valores brasileira B3 experimentou uma grande entrada de investimentos estrangeiros em janeiro, tendo alcançado o aporte de R$ 466 milhões. Questionado se isso indica que o momento atual é bom para a entrada de investidores estrangeiros, Rodriguez afirma que "o crescimento do investimento estrangeiro na B3 tem a ver justamente com o crescimento da visão de que aquela taxa de câmbio elevada havia chegado no seu teto".Apesar das preocupações em torno da alta do dólar, Rodriguez afirma que é preciso entender se o dólar barato seria um objetivo do governo. Ele aponta que o dólar barato estimula as pessoas a importarem e prejudica empresas nacionais e, por consequência, os empregos."Os consumidores sentem um aumento do poder de compra com importados mais baratos. É uma questão que envolve um conflito distributivo entre setores da economia. Por outro lado, a volatilidade do dólar muitas das vezes é pior do que o dólar alto."André Nassif, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de "Desenvolvimento e estagnação: o debate entre desenvolvimentistas e liberais neoclássicos", afirma que a taxa de câmbio adequada para assegurar a estabilidade do Brasil e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento econômico do país seria algo em torno de R$ 5,40. Porém, ele afirma que a taxa de câmbio do Brasil é uma das mais voláteis do mundo, pois o real não faz parte das chamadas moedas conversíveis, que são aquelas facilmente trocadas por ouro ou outras moedas.Nassif afirma que a chegada de Trump à Casa Branca fez o dólar subir por conta da incerteza gerada em relação às ações que seriam tomadas pelo republicano. Já no cenário interno, ele aponta que a alta é explicada por um ataque especulativo. Segundo ele, isso é comprovado pelo fato de a cotação da moeda ter caído sem que o governo alterasse sua atual política econômica.Nassif é cético quanto à entrada de investimentos estrangeiros, afirmando que eles, na verdade, têm natureza altamente especulativa porque são de curto prazo.Carlos Eduardo Carvalho, professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), avalia que o dólar não caiu, apenas interrompeu a tendência de alta e se estabilizou. Segundo ele, a principal razão é externa, ou seja, a insegurança gerada por Trump.Ele afirma que Lula entendeu que há um problema grave com a inflação, e que foi isso, nos EUA, que custou a reeleição de Biden. Diante disso, o governo elevou os esforços para conter a alta nos alimentos gerada pela inflação.Daniela Freddo, professora do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que os fundamentos macroeconômicos da economia brasileira não justificavam a desvalorização do real que aconteceu.Ela compartilha da opinião de que a desvalorização do real, em meio à chegada de Galípolo, foi uma forma de o mercado pressionar a nova presidência do Banco Central em manter a taxa de juros elevada, algo esperado para a próxima reunião da instituição."Espera-se […] que provavelmente haja elevação de 1 ponto percentual [na taxa de juros]. Então essa parte do processo especulativo do fim do ano passado foi justamente para garantir essas três altas, a alta acontecida no fim do ano passado, agora em janeiro e em março."Entretanto, Freddo afirma que essa estratégia é danosa para a demanda doméstica, pois acarreta a redução de emprego e renda. Segundo ela, esse é o grande desafio do governo atualmente.
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Queda do dólar sinaliza que movimento especulativo do mercado perdeu força, notam analistas
16:35 27.01.2025 (atualizado: 17:19 27.01.2025) Especiais
Em entrevista à Sputnik Brasil, analistas apontam que a alta da moeda norte-americana também foi uma forma de o mercado pressionar o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a manter a política fiscal atual de elevação da taxa de juros.
A alta do dólar dominou os noticiários nos últimos meses do ano passado. Após um repentino aumento, que a levou à cotação recorde de R$ 6,20 em dezembro,
a moeda estadunidense agora está em queda livre,
caindo cerca de R$ 0,30 e girando em torno de R$ 5,90.
A Sputnik Brasil conversou com economistas para entender o que ocasionou a ascensão e a queda meteórica da moeda em um período de tempo tão curto.
Rodrigo Rodriguez, professor do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que esse movimento da taxa de câmbio observado desde novembro gira em torno de duas pautas do mercado: as medidas de corte promovidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo no comando do Banco Central.
"Temos que entender que isso que a gente chama de 'mercado' possui capacidade de intervenção na política econômica por meio da ampliação da incerteza econômica com movimentos especulativos em determinados momentos", explica Rodriguez.
Ele afirma que, em um primeiro momento, a elevação do dólar foi uma maneira de o mercado tentar pressionar o governo "a se comprometer com um corte maior do que o apresentado no pacote fiscal".
"Em seguida, essas posições foram sustentadas justamente para sinalizar ao Galípolo que não há outro caminho em sua presidência do Banco Central que preservar os aspectos da gestão anterior, criando um destino selado para a nova gestão", afirma.
Ele acrescenta que as próprias atas do Banco Central sinalizam que Galípolo "não poderá tomar outra rota que não o aumento da taxa de juros nos próximos meses".
"A pressão no dólar é também uma forma de demonstrar à nova diretoria do Banco Central que haverá pouca tolerância a uma flexibilidade na política monetária, por exemplo, uma reversão na taxa de juros."
O especialista aponta que a queda do dólar observada após a chegada de Trump à Casa Branca é um fato "curioso" e explica que a mídia "tende a superestimar os fatores políticos".
"O fator mais importante para essa queda do dólar é que o movimento especulativo que pressionava a alta perdeu força no mês de janeiro, na medida em que aquela cotação não era compatível com os nossos resultados comerciais, padrão de investimento e outras questões mais estruturais da economia brasileira", destaca Rodriguez.
A bolsa de valores brasileira B3 experimentou uma grande entrada de investimentos estrangeiros em janeiro, tendo alcançado o aporte de R$ 466 milhões. Questionado se isso indica que o momento atual é bom para a entrada de investidores estrangeiros, Rodriguez afirma que "o crescimento do investimento estrangeiro na B3 tem a ver justamente com o crescimento da visão de que aquela taxa de câmbio elevada havia chegado no seu teto".
"Mas não há motivo para otimismo com relação a esses investimentos, pois eles também vão embora da mesma forma que chegam ao primeiro sinal de mal-estar econômico", sublinha o especialista.
26 de dezembro 2024, 20:34
Apesar das
preocupações em torno da alta do dólar, Rodriguez afirma que
é preciso entender se o dólar barato seria um objetivo do governo. Ele aponta que o dólar barato estimula as pessoas a importarem e prejudica empresas nacionais e, por consequência, os empregos.
"Os consumidores sentem um aumento do poder de compra com importados mais baratos. É uma questão que envolve um conflito distributivo entre setores da economia. Por outro lado, a volatilidade do dólar muitas das vezes é pior do que o dólar alto."
André Nassif, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de "Desenvolvimento e estagnação: o debate entre desenvolvimentistas e liberais neoclássicos", afirma que a taxa de câmbio adequada para assegurar a estabilidade do Brasil e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento econômico do país seria algo em torno de R$ 5,40. Porém, ele afirma que a taxa de câmbio do Brasil é uma das mais voláteis do mundo, pois o real não faz parte das chamadas moedas conversíveis, que são aquelas facilmente trocadas por ouro ou outras moedas.
"A gente tem basicamente dois tipos de moedas: as conversíveis e as não conversíveis. As conversíveis estão no topo. É como se houvesse uma pirâmide internacional hierárquica de moedas. O dólar está lá no topo da pirâmide, seguido pelo euro, pelo yuan e pela libra esterlina. Mesmo o renminbi chinês não está no topo, porque não é uma moeda conversível, mas é uma moeda que tem maior liquidez do que o real", explica.
Nassif afirma que a chegada de Trump à Casa Branca fez o dólar subir por conta da incerteza gerada em relação às ações que seriam tomadas pelo republicano. Já no cenário interno, ele aponta que a alta é explicada por um ataque especulativo. Segundo ele, isso é comprovado pelo fato de a cotação da moeda ter caído sem que o governo alterasse sua atual política econômica.
"Isso mostra que essa volatilidade, quando o câmbio já está recuando para nível abaixo de 6 [reais] nos últimos dias, foi muito mais uma incerteza especulativa do que algo concreto de ruim que tem ocorrido na economia brasileira."
11 de dezembro 2024, 21:47
Nassif é cético quanto à entrada de investimentos estrangeiros, afirmando que eles, na verdade, têm natureza altamente especulativa porque são de curto prazo.
"Eles vêm, mas não vêm realmente para ter uma aplicação perene no Brasil. O que a gente deveria estar realmente esperando seria a entrada de capitais de longo prazo para investimentos produtivos por parte das filiais multinacionais e coisas parecidas. Esse ainda eu não vejo que seja o momento adequado, principalmente porque o Banco Central está sinalizando com ciclo de aumento de juros o que pode mais à frente sinalizar também que a economia vai desacelerar."
Carlos Eduardo Carvalho, professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), avalia que
o dólar não caiu, apenas interrompeu a tendência de alta e se estabilizou. Segundo ele, a principal razão é externa, ou seja, a
insegurança gerada por Trump.
"A entrada de Trump é uma insegurança enorme. Ele entrou falando em baixar juros, começou a ameaçar o presidente lá do FED, o banco central deles. Acho que a principal razão está aí."
Ele afirma que Lula entendeu que há um problema grave com a inflação, e que foi isso, nos EUA, que custou a reeleição de Biden. Diante disso, o governo elevou os esforços para conter a alta nos alimentos gerada pela inflação.
"A erosão [da popularidade] de Lula em grande parte é por causa da inflação dos alimentos, que é muito alta. […] A esquerda em geral não reconhece que existe um problema fiscal a ser resolvido. Quer resolver com uma solução mágica, só que solução mágica não existe porque o Congresso não é dominado pela esquerda. Então o [Fernando] Haddad está imobilizado, ele não sabe o que fazer."
Daniela Freddo, professora do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que os fundamentos macroeconômicos da economia brasileira não justificavam a desvalorização do real que aconteceu.
"É normal uma desvalorização [do real] no final do ano, porque tem a realização de lucros das empresas, e elas mandam recursos para o exterior. Mas, em grande medida, foi uma reação do mercado ao que se propagou na época, um descontentamento do mercado financeiro em relação ao pacote de ajuste fiscal que foi anunciado. Então foi uma forma de o mercado financeiro também pressionar o governo brasileiro por um ajuste fiscal mais forte", explica.
Ela compartilha da opinião de que a desvalorização do real, em meio à chegada de Galípolo, foi uma forma de o mercado pressionar a nova presidência do Banco Central em manter a taxa de juros elevada, algo esperado para a próxima reunião da instituição.
"Espera-se […] que provavelmente haja elevação de 1 ponto percentual [na taxa de juros]. Então essa parte do processo especulativo do fim do ano passado foi justamente para garantir essas três altas, a alta acontecida no fim do ano passado, agora em janeiro e em março."
Entretanto, Freddo afirma que essa estratégia é danosa para a demanda doméstica, pois acarreta a redução de emprego e renda. Segundo ela, esse é o grande desafio do governo atualmente.
"O que o mercado financeiro pede para reduzir ou para não subir a taxa de juros seria uma política fiscal austera, uma política de corte de gastos. Isso também é outra coisa que o governo tem feito. O governo tem que procurar nesse jogo muito difícil de alocação de recursos que não estão abundantes dentro da economia. Nesse jogo, ele tem que ponderar como garantir emprego, renda, saúde, educação, sem que isso seja visto ou sentido pelo mercado como se fosse excesso de gastos e um problema na condução da política fiscal."
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