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'Arma principal da guerra híbrida': o que muda na política externa dos EUA com o fim da USAID?
'Arma principal da guerra híbrida': o que muda na política externa dos EUA com o fim da USAID?
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Infame por financiar dissidências políticas sob o disfarce de programas de direitos humanos e defesa da democracia, a Agência dos Estados Unidos para o... 04.02.2025, Sputnik Brasil
2025-02-04T16:06-0300
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O anúncio feito pelo bilionário Elon Musk, que atua como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), está em consonância com sua atribuição dentro do nova administração na Casa Branca: reduzir custos.No entanto, em declarações públicas, Donald Trump e Musk criticaram duramente o trabalho da agência. Em entrevista à CNN, Trump afirmou que a USAID é gerida por "um bando de lunáticos radicais", enquanto Musk classificou o departamento humanitário como um "ninho de vermes" e uma "organização criminosa".Criada em 1961 pelo então presidente John F. Kennedy com o objetivo de desenvolver programas humanitários e democráticos, como combate a pobreza, fome e desastres naturais, o acesso à informação e combate à corrupção, a USAID se tornou uma peça fundamental na política externa dos Estados Unidos.Isso se deu, principalmente, através do financiamento de políticos e organizações opositoras aos governos locais. A organização é acusada de auxiliar movimentos anti-governistas em diversas ex-nações soviéticas, como nos recentes protestos na Geórgia e no golpe do Euromaidan, além de ter tido outros papéis em países asiáticos, como Afeganistão, latino-americanos, como o Brasil, e africanos, como no Zimbábue, de onde foram expulsos.Em nosso país, uma reportagem da Folha de São Paulo revelou que a agência humanitária norte-americana tentou influenciar reformas políticas em 2005, utilizando até mesmo as instalações do Congresso Nacional para isso."O objetivo é gerar artificialmente uma onda de oposição popular aos governos em exercício que se manifesta por meio de protestos de rua ou resultados eleitorais para provocar mudanças políticas", diz à Sputnik Brasil o analista político americano baseado em Moscou Andrew Korybko.Exacerbando a situação, os colaboradores locais da USAID muitas vezes se tornam conselheiros ou figuras políticas nos governos implementados pela agência. "Portanto, a agência não trabalha apenas para remover governos latino-americanos, mas também às vezes fornece pessoal treinado para os próximos governos."Em defesa da agência, o senador democrata Chris Murphy acabou por confirmar todas as suspeitas que recaíam sobre a agência. Em fala televisionada e depois escrita, Murphy afirmou que a USAID está envolvida no combate ao terrorismo e na guerra comercial contra a China, "garantindo que ela não monopolize contratos por minerais críticos e infraestrutura portuária ao redor do mundo".Por que Trump fechou a USAID?A crise entre a nova equipe governamental norte-americana e a USAID se deu quando membros da agência recusaram o acesso de membros da equipe de Musk a áreas de suas instalações, alegando confidencialidade.Segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio — que assumiu interinamente o controle da agência — o problema da agência não eram seus programas, que devem ser mantidos, mas sim o fato de ela agir independentemente do Departamento de Estado."Não se trata de acabar com os programas da USAID. Há coisas que ela faz que são boas, e há coisas que ela faz sobre as quais temos fortes dúvidas. É sobre a maneira como ela opera como uma entidade. Eles deveriam receber diretrizes do Departamento de Estado, diretrizes políticas. E eles não recebem", disse o político a repórteres durante visita ao Panamá."A USAID fazia sentido da perspectiva de interesses americanos mais antigos, quando foi fundada", afirma Korybko, especialista na transição sistêmica global para a multipolaridade. Mas foi sequestrada por ideólogos que fazem "políticas socioculturais radicais que não se alinham objetivamente com os interesses nacionais dos EUA".Em outras palavras, declara o especialista, a reorganização da agência representa uma investida de Trump contra o chamado "Estado profundo", representado por burocratas e servidores militares, da inteligência e diplomatas não eleitos que usam o governo para avançar sua agenda política.O fim da agência humanitária, contudo, não representa o fim das intervenções dos Estados Unidos na política doméstica de outros países, uma vez que a USAID não representa a totalidade das ferramentas disponíveis em Washington para esse fim.Por exemplo, afirma Korybko, "nem todo projeto da USAID tem relação com a CIA [Agência Central de Inteligência]", mas a CIA muitas vezes se aproveitava dos agentes da USAID devido à "facilidade com que seus objetivos de proteção à democracia e aos direitos humanos permitem que espiões se infiltrem e desestabilizem países estrangeiros".
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'Arma principal da guerra híbrida': o que muda na política externa dos EUA com o fim da USAID?
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Infame por financiar dissidências políticas sob o disfarce de programas de direitos humanos e defesa da democracia, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) está sendo encerrada pelo governo de Donald Trump.
O anúncio feito pelo bilionário Elon Musk, que atua como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), está em consonância com sua atribuição dentro do nova administração na Casa Branca: reduzir custos.
No entanto, em declarações públicas,
Donald Trump e Musk criticaram duramente o trabalho da agência. Em entrevista à CNN, Trump afirmou que a USAID é gerida por "um bando de lunáticos radicais", enquanto Musk classificou o departamento humanitário como um
"ninho de vermes" e uma "organização criminosa".Criada em 1961 pelo então presidente John F. Kennedy com o objetivo de desenvolver
programas humanitários e democráticos, como combate a pobreza, fome e desastres naturais, o acesso à informação e combate à corrupção, a
USAID se tornou uma peça fundamental na política externa dos Estados Unidos.
Isso se deu, principalmente, através do financiamento de políticos e organizações opositoras aos governos locais. A organização é
acusada de auxiliar movimentos anti-governistas em diversas ex-nações soviéticas, como nos recentes protestos na Geórgia e no golpe do Euromaidan, além de ter tido outros papéis em países asiáticos, como Afeganistão, latino-americanos, como o Brasil, e africanos, como no
Zimbábue, de onde foram expulsos.Em nosso país, uma reportagem da Folha de São Paulo
revelou que a agência humanitária norte-americana tentou influenciar reformas políticas em 2005, utilizando até mesmo as instalações do Congresso Nacional para isso.
"O objetivo é gerar artificialmente uma onda de
oposição popular aos governos em exercício que se manifesta por meio de protestos de rua ou resultados eleitorais para provocar mudanças políticas",
diz à Sputnik Brasil o analista político americano baseado em Moscou
Andrew Korybko.
Exacerbando a situação, os colaboradores locais da USAID muitas vezes se tornam conselheiros ou figuras políticas nos governos implementados pela agência. "Portanto, a agência não trabalha apenas para remover governos latino-americanos, mas também às vezes fornece pessoal treinado para os próximos governos."
"Isso a torna uma arma principal da guerra híbrida dos EUA no hemisfério."
Em defesa da agência, o senador democrata Chris Murphy acabou por confirmar todas as suspeitas que recaíam sobre a agência. Em fala televisionada e depois escrita, Murphy
afirmou que a USAID está envolvida no combate ao terrorismo e na guerra comercial contra a China, "garantindo que ela não monopolize contratos por minerais críticos e infraestrutura portuária ao redor do mundo".
"Apoia 'lutadores da liberdade' em todo canto do mundo. Até ontem entregava lenha para os 'defensores ucranianos' no fronte de batalha."
Por que Trump fechou a USAID?
A crise entre a nova equipe governamental norte-americana e a USAID se deu quando membros da agência recusaram o acesso de membros da equipe de Musk a áreas de suas instalações, alegando confidencialidade.
Segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio — que assumiu interinamente o controle da agência — o problema da agência não eram seus programas, que devem ser mantidos, mas sim o fato de ela agir independentemente do Departamento de Estado.
16 de fevereiro 2024, 15:18
"Não se trata de acabar com os programas da USAID. Há coisas que ela faz que são boas, e há coisas que ela faz
sobre as quais temos fortes dúvidas. É sobre a maneira como ela opera como uma entidade. Eles deveriam receber diretrizes do Departamento de Estado, diretrizes políticas. E eles não recebem", disse o político a repórteres durante visita ao Panamá.
"A USAID fazia sentido da perspectiva de interesses americanos mais antigos, quando foi fundada", afirma Korybko, especialista na transição sistêmica global para a multipolaridade. Mas foi sequestrada por ideólogos que fazem "políticas socioculturais radicais que não se alinham objetivamente com os interesses nacionais dos EUA".
"Acabar com a USAID foi necessário, pois essa é a única maneira de implementar as reformas radicais que o governo Trump prevê."
Em outras palavras, declara o especialista, a reorganização da agência representa uma investida de Trump contra o chamado "Estado profundo", representado por burocratas e servidores militares, da inteligência e diplomatas não eleitos que usam o governo para avançar sua agenda política.
O fim da agência humanitária, contudo, não representa o fim das intervenções dos Estados Unidos na política doméstica de outros países, uma vez que a USAID não representa a totalidade das ferramentas disponíveis em Washington para esse fim.
Por exemplo, afirma Korybko, "nem todo projeto da USAID tem relação com a CIA [Agência Central de Inteligência]", mas a CIA muitas vezes se aproveitava dos agentes da USAID devido à "facilidade com que seus objetivos de proteção à democracia e aos direitos humanos permitem que espiões se infiltrem e desestabilizem países estrangeiros".
"Consequentemente, muitos programas que lidam com questões socioculturais provavelmente serão cortados, enquanto o financiamento da mídia estrangeira e o treinamento de quadros políticos provavelmente continuarão."
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