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Trump vai ter que negociar com o BRICS a decadência dos EUA, afirma analista

© Sputnik / Grigory SysoevBandeiras dos países-membros do BRICS durante a 15ª cúpula do agrupamento, em Joanesburgo, na África do Sul
Bandeiras dos países-membros do BRICS durante a 15ª cúpula do agrupamento, em Joanesburgo, na África do Sul - Sputnik Brasil, 1920, 26.02.2025
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Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analista destaca que o BRICS é a "mola propulsora" do Sul Global, tem o Brasil em seu "núcleo duro" e que, em declarações recentes, Trump expôs o incômodo de Washington com o grupo.
Criado em 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também chamado Banco do BRICS, tem como princípio financiar projetos de infraestrutura, e agora avança na diversificação de seu portfólio de financiamentos, abrangendo também moedas locais.
Atualmente, uma das metas do banco, traçada por Dilma Rousseff, presidente da instituição, é terminar o ano de 2025 com 30% dos financiamentos feitos em moedas locais.
É o que aponta, em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Elias Jabbour, ex-economista do Banco do BRICS e professor licenciado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Segundo Jabbour, o Banco do BRICS ganha tração na medida em que coloca, como parte de sua estratégia, a utilização dos sistemas de moedas locais, o que leva incentivo aos recém-surgidos sistemas locais de pagamento.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com a Presidenta do NBD e ex-Presidenta da República, Dilma Rousseff, antes da sessão de abertura da Reunião Ministerial da Força Tarefa do G20 para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, em 23 de julho de 2024  - Sputnik Brasil, 1920, 14.02.2025
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"Por exemplo, a Ásia tem um sistema local de pagamento que já tem um bom tempo de existência e que, somente ano passado, conseguiu encontrar uma unidade de conta entre a China e a moeda da Tailândia. Então o banco, quando ele joga esse papel de elevar o seu montante de empréstimos em moeda local, também joga proativamente com essa tendência de surgimento de sistemas locais de pagamento."

Ele acrescenta que a tendência do NBD é expandir sua área de influência para além do financiamento de empréstimos a países-membros do banco, aumentando sua relevância.
Jabbour considera que não há dúvidas de que o BRICS, hoje, é a "mola propulsora" do Sul Global e do multilateralismo. Ele acrescenta que considera o BRICS um grupo antissistêmico e o "fundamento desse novo mundo" que está surgindo e que tem o Brasil em seu "núcleo duro".

"Eu gosto de falar do mundo novo porque é o novo que surge em meio ao velho mundo que está por aí ainda. Então a China, a Rússia, a Índia, a África do Sul e o Brasil são esse núcleo duro desse mundo novo que está surgindo", afirma.

Ele frisa que as recentes declarações dadas pelo presidente estadunidense, Donald Trump, em relação ao BRICS, mostram, em suas entrelinhas, que o grupo está causando incômodo a Washington.

"Trump, nas entrelinhas das atitudes dele, tem demonstrado isso, que ele vai ter que negociar a decadência dos EUA. Ele vai ter que negociar com a China isso. Vai ter que negociar com a Rússia. E, em última instância, negociar com o BRICS."

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O especialista afirma que o Brasil ter sido escolhido para sediar a cúpula do BRICS deste ano, prevista para julho, no Rio de Janeiro, é um grande desafio, que a capital, em particular, já provou ser capaz de enfrentar.
"Acho que já foi provado, com o G20, que somos capazes de fazer isso. Mas é aquilo que eu coloco sempre com o próprio Eduardo Paes [prefeito do Rio de Janeiro]: eu acredito que o fato de ter essas economias […] aqui nos obriga a ter uma estratégia para receber esses países e tirar proveito disso. É necessária uma estratégia para essa cúpula, […] sair daqui com investimentos produtivos fechados, ter uma agenda estratégica do Rio para essa cúpula que envolva essa possibilidade de captação de investimentos desses países no Rio de Janeiro. Então é muita coisa que a gente tem que fazer."
Jabbour afirma ainda que não há saída fora do mundo multipolar e que o multilateralismo pode beneficiar o Brasil.
"A Europa, os EUA, não têm o que entregar ao Brasil. Se os americanos pudessem nos entregar uma cadeia de ferrovias no Brasil de alta velocidade, é com eles que iríamos fechar negócio, ou com a Europa, mas não são eles [que vão entregar], é a China. E o mercado preferencial para os nossos produtos tem que ser o Sul Global", afirma.
Ele acrescenta que o futuro do Brasil passa por uma integração em três níveis com o Sul Global, sendo a primeira a integração produtiva, ou seja, interindustrial; a segunda a integração financeira; e a terceira a integração comercial.

"O futuro do Brasil passa por uma integração desses três níveis com o Sul Global; não é com a América do Norte, não é com a Europa. É o que a realidade impõe a nós."

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