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'COP30 não é festa': Marina Silva critica modelo ocidental de desenvolvimento

© Sputnik / Sputnik Brasil / Guilherme CorreiaMarina Silva durante aula magna no mestrado de Comunicação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP). Brasil, 11 de março de 2025
Marina Silva durante aula magna no mestrado de Comunicação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP). Brasil, 11 de março de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 11.03.2025
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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu que o mundo está vivendo um "estado de emergência climática" e alertou para a gravidade da crise ambiental global durante uma aula magna no mestrado de Comunicação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, nesta terça-feira (11).
Segundo a ministra, o modelo de desenvolvimento baseado em combustíveis fósseis está levando o planeta ao colapso.

"A crise climática é a mais dramática de todas, porque tem um poder catalisador de coisas positivas e negativas."

Ela ressaltou que a humanidade já enfrentou diversas crises civilizatórias ao longo da história, mas nenhuma com a capacidade de impacto global como a atual. "No passado, uma crise atingia um ponto do planeta, mas não outro. Agora o mundo está inteiramente conectado e a crise climática não nos deixa lugar para se esconder."

Como o Brasil se destaca na agricultura?

Marina também destacou a importância da preservação ambiental para a economia brasileira, sobretudo o setor agrícola. "Sem um clima equilibrado, o que vamos fazer com nossa técnica, com nossa grande quantidade de terra? Uma hora vem a chuva e leva tudo, outra hora vem a seca e destrói tudo."
Segundo ela, o Brasil tem reduzido o desmatamento como forma de manter mercados internacionais abertos. "Se não tivéssemos uma política que está conseguindo reduzir desmatamento na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal e na Caatinga, dificilmente conseguiríamos enfrentar as barreiras não tarifárias impostas ao nosso país."

Modelo de desenvolvimento em crise

A ministra também criticou o modelo de desenvolvimento promovido por potências ocidentais. Segundo ela, a transição para uma economia sustentável deve ser tratada com urgência, e não como um evento esportivo.

"A COP30 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025] não é festa. Não é Copa do Mundo, não é Olimpíada. É um evento que precisa ser encarado com seriedade, porque estamos falando de um mundo onde um rio de 14 metros de profundidade pode ficar com apenas 75 centímetros de água."

Para Marina, o Ocidente se beneficia das riquezas naturais dos países em desenvolvimento, ao mesmo tempo que impõe barreiras comerciais e ambientais.
"Se não adicionarmos sustentabilidade a essa equação, não haverá mundo para se falar em igualdade, liberdade e fraternidade."
Ela também revelou que deverá atuar de forma concisa durante um encontro na União Europeia para tratar sobre o acordo econômico com o Mercosul, ainda em impasse.
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No evento, o ex-ministro da Fazenda e diplomata Rubens Ricupero destacou que o tempo para enfrentar o aquecimento global está se esgotando, enquanto países retrocedem seu compromisso com o meio ambiente.
Ricupero enfatizou a limitação do governo federal dos Estados Unidos no enfrentamento da crise climática, já que muitos estados e cidades resistem à postura negacionista da Casa Branca.

"Mesmo nos Estados Unidos, o papel de um presidente é forte, mas é limitado. Estados muito poderosos, como a Califórnia, que é uma das maiores economias do mundo, não concordam com essa posição negacionista. Toda a Costa Leste americana também não concorda. Então, nos Estados Unidos, o poder do governo federal é muito menor que no Brasil. Os estados são muito fortes, as cidades são muito fortes."

Ricupero destaca que a próxima COP30, que será realizada no Brasil, ocorre em um ambiente global pouco favorável, especialmente porque o Ocidente tem falhado em garantir os recursos necessários para financiar soluções climáticas.
"O problema central da COP30 é um problema herdado da COP29. De onde sairá o dinheiro? A gente sabe que precisamos de bilhões e bilhões, mas quem é que vai dar esse dinheiro? E também é um pouco erro pensar que isso virá de doações."
Segundo ele, essa falta de comprometimento contrasta com o momento histórico da Rio-92, (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) quando o mundo parecia mais alinhado na luta contra as mudanças climáticas.
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