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Taxado pelos EUA, aço brasileiro pode potencializar indústria nacional, avaliam analistas
Taxado pelos EUA, aço brasileiro pode potencializar indústria nacional, avaliam analistas
Sputnik Brasil
Em entrevista à Sputnik Brasil, analistas afirmam que, diante da fragilidade da posição do Brasil para negociar com os EUA, uma saída para o governo pode ser... 12.03.2025, Sputnik Brasil
2025-03-12T17:55-0300
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Entraram em vigor nesta quarta-feira (12) as tarifas de 25% aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre toda a importação de aço e alumínio. A medida tem potencial para atingir o setor siderúrgico do Brasil, o segundo maior fornecedor do insumo para os EUA, atrás apenas do Canadá.Somente em 2024, o Brasil exportou 4,1 milhões de toneladas de aço para os EUA, respondendo por 15,5% de todo o aço importado pelo país, o equivalente a US$ 2,99 bilhões (cerca de R$ 17,3 bilhões). Em primeiro lugar ficou o Canadá, que exportou 5,95 milhões de toneladas da commodity (22%), o equivalente a US$ 7,13 bilhões (cerca de R$ 41,4 bilhões).Nos bastidores, o governo brasileiro já sinalizou que pretende responder à medida de Trump, e nesta manhã o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com representantes do setor, e posteriormente o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota lamentando as tarifas aplicadas e anunciando que, "à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos EUA"."Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio", diz a nota.Pedro Faria, economista e petroleiro, afirma que, independentemente das consequências, "é importante que o Brasil não abaixe a cabeça". Segundo ele, a retaliação é importante para frisar que o país não está aceitando a medida, mas não precisa vir necessariamente na mesma moeda.Ele destaca que o Brasil tem uma relação comercial com os EUA que é ligeiramente favorável aos norte-americanos, com um pequeno superávit."Minha percepção é que o Brasil deve buscar retaliar aonde de fato dói, e eu acho que, no caso do Brasil, que é um país que tem muita saída de lucros das empresas estrangeiras que operam no Brasil ou empresas nacionais que são de propriedade de estrangeiros, é uma possibilidade o Brasil retaliar nesta área, e não taxando exportações dos EUA para o Brasil, que quem paga é o consumidor brasileiro."Na opinião de Faria, levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) não terá muita efetividade, uma vez que "os EUA não estão respeitando a OMC", e vêm, deliberadamente, "fazendo coisas que a OMC não permite".Ademais, o governo também considera a possibilidade de o Brasil ficar livre das tarifas se Trump recorrer novemente às chamadas cotas de exportação. Em seu primeiro mandato (2017-2021), ele também impôs tarifas ao aço e alumínio, mas voltou atrás posteriormente, permitindo cotas de exportação a grandes fornecedores, o que possibilitou que o Brasil continuasse exportando uma cota de 70% relativa à média exportada nos anos anteriores, livre de tarifas.Faria afirma que, naquele momento, Trump abriu essa exceção porque percebeu que as tarifas aplicadas têm um custo para o consumidor e as empresas norte-americanas, que adquirem o produto com tarifa.Ele acrescenta que o aço "é um insumo crítico que entra na base de várias indústrias". "Ele é a base do investimento, da construção civil, da indústria naval, indústria de máquinas e equipamentos, então um choque no preço do aço se propaga muito facilmente, como inflação generalizada."Em contraponto, Faria aponta que as tarifas aplicadas por Trump podem acabar beneficiando a indústria naval brasileira, "que está em um momento de retomada". Ele afirma que um dos principais insumos da indústria naval é o aço, produto que o setor tem dificuldade de conseguir a preços mais acessíveis. Mas, com as tarifas de Trump, a expectativa é que haja uma maior disponibilidade de aço no Brasil."A expectativa do setor naval é de que você tenha maior disponibilidade de aço, tenha uma queda de preço no Brasil. A ver se isso se confirmará também, não é garantido."Marcos Cordeiro Pires, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), frisa que há uma enorme diferença de capacidades entre EUA e Brasil, e que para o lado mais fraco, a opção de negociar é sempre preferível, mas é necessário saber quais serão as exigências norte-americanas para frear ou mesmo reverter as tarifas e saber como isso pode impactar o interesse brasileiro.No entanto, ele acrescenta que mesmo buscando a negociação, a fragilidade da posição brasileira dificilmente conseguirá reverter a taxação nos próximos meses, mesmo se oferecer contrapartidas. Ele afirma ainda que acionar a OMC não trará resultados."A OMC está praticamente paralisada por conta das ações do governo dos EUA desde o primeiro governo de Trump. Sem um consenso sobre sua importância, a OMC deixou de ser o árbitro dos problemas relacionados ao protecionismo, ainda mais quando a ruptura das regras é feita pela maior economia do mundo", explica.Pires considera improvável a possibilidade de Trump aplicar novamente as cotas de exportação, pois afirma que o governo do norte-americano "está decidido a romper com os acordos mínimos de convivência no cenário internacional".Ele afirma que o setor siderúrgico é o pilar para o desenvolvimento industrial do país, e as tarifas podem causar impactos, sobretudo na concorrência.Somado a isso, ele afirma que "existe uma grande capacidade ociosa do setor em nível mundial" e não há neste momento um país que possa servir de alternativa às exportações brasileiras."O caminho para a indústria brasileira é apostar no desenvolvimento do nosso país, seja em projetos de infraestrutura, seja na nova reindustrialização."Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de graduação em economia do Insper, avalia que a eventual reciprocidade adotada pelo Brasil se trata de um posicionamento político."A gente tem que lembrar que não existe muito apreço entre o presidente Donald Trump e o presidente Lula, eles não são amigos, não têm boas relações. E é óbvio, dentro desse cenário onde essa medida reduz a competitividade do produto brasileiro fora do território nacional, é muito natural que o presidente brasileiro queira mostrar a insatisfação dele, especialmente porque a popularidade dele já não está tão em alta. Se ele ficar quieto, for excessivamente passivo nessa história, ele entende que a popularidade dele provavelmente piora. Então é, sim, um posicionamento político", afirma a especialista.No entanto, ela enfatiza que isso terá uma séria consequência para a economia brasileira, pois aumentará o custo no Brasil de produtos provenientes dos EUA, em um cenário que a economia atravessa um momento delicado, de inflação alta."Eu acho que isso tem que ser ponderado. Entendo que o cenário atual no qual a gente tem uma tarifa maior não é legal. Ninguém fica feliz sendo sobretaxado, porém a gente está numa posição bem pouco privilegiada dentro dessa história. Talvez seria importante ponderar isso, os prós e os contras."Ela acrescenta que os EUA são um grande comprador do Brasil, mas também compram de outros países. Logo, se a reciprocidade for aplicada, eles vão procurar outros fornecedores.Na opinião de Inhaz, os EUA, em parte, não estão errados ao impor as tarifas ao aço e alumínio. Ela aponta que eles enfrentam tarifas maiores aplicadas pelo Brasil em vários setores."A gente coloca produtos lá com tarifas menores às vezes do que os produtos deles aqui, e isso é sabido, a nossa tributação para importados é um absurdo. Então eles estão se valendo do direito deles de tentar reduzir qualquer vantagem nossa".Ela afirma que há possibilidade de Trump conceder novamente as cotas de exportação, mas ressalta que é preciso levar em consideração que se trata de uma figura controversa e difícil de prever."As coisas saem da cabeça dele de forma eventualmente desordenada, é assim. Então nesse aspecto, tenho eu a impressão de que pode, sim, acontecer de ele gerar outra exceção para a gente ou conceder esse benefício novamente de não nos taxar. Mas leve em consideração que os blefes parecem que estão sendo cada vez menores, ele tem adotado discursos e logo depois volta atrás, mas em algum momento ele vai entender que ele está perdendo muita credibilidade fazendo isso e ele vai ter que fazer valer. E fazer valer isso para países como o Brasil, que teoricamente tem menor relevância para eles, é aparentemente melhor do que fazer isso com países como Canadá e México, que são muito mais relevantes", afirma.
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Entraram em vigor nesta quarta-feira (12) as tarifas de 25% aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre toda a importação de aço e alumínio. A medida tem potencial para atingir o setor siderúrgico do Brasil, o segundo maior fornecedor do insumo para os EUA, atrás apenas do Canadá.
Somente em 2024, o Brasil exportou 4,1 milhões de toneladas de aço para os EUA, respondendo por 15,5% de todo o aço importado pelo país, o equivalente a US$ 2,99 bilhões (cerca de R$ 17,3 bilhões). Em primeiro lugar ficou o Canadá, que exportou 5,95 milhões de toneladas da commodity (22%), o equivalente a US$ 7,13 bilhões (cerca de R$ 41,4 bilhões).
Nos bastidores,
o governo brasileiro já sinalizou que pretende responder à medida de Trump, e nesta manhã o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
se reuniu com representantes do setor, e posteriormente o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma
nota lamentando as tarifas aplicadas e anunciando que, "à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos EUA".
"Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio", diz a nota.
Pedro Faria, economista e petroleiro, afirma que, independentemente das consequências, "é importante que o Brasil não abaixe a cabeça". Segundo ele, a retaliação é importante para frisar que o país não está aceitando a medida, mas não precisa vir necessariamente na mesma moeda.
"Quando Trump falou pela primeira vez sobre a questão do aço, eu sugeri, inclusive, que o Brasil deveria retaliar não taxando exportações dos EUA para o Brasil, porque isso causa inflação aqui dentro, isso é um aumento de custo para o comprador brasileiro, mas que o Brasil deveria avaliar a possibilidade de apertar no calo dos EUA, que é o quê? Que é a remessa de lucros para o exterior", afirma.
Ele destaca que o Brasil tem uma relação comercial com os EUA que é ligeiramente favorável aos norte-americanos, com um pequeno superávit.
"Minha percepção é que o Brasil deve buscar retaliar aonde de fato dói, e eu acho que, no caso do Brasil, que é um país que tem muita saída de lucros das empresas estrangeiras que operam no Brasil ou empresas nacionais que são de propriedade de estrangeiros, é uma possibilidade o Brasil retaliar nesta área, e não taxando exportações dos EUA para o Brasil, que quem paga é o consumidor brasileiro."
Na opinião de Faria, levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) não terá muita efetividade, uma vez que "os EUA não estão respeitando a OMC", e vêm, deliberadamente, "fazendo coisas que a OMC não permite".
Ademais, o governo também considera a possibilidade de o Brasil ficar livre das tarifas se Trump recorrer novemente às chamadas cotas de exportação. Em seu primeiro mandato (2017-2021), ele também impôs tarifas ao aço e alumínio, mas voltou atrás posteriormente, permitindo cotas de exportação a grandes fornecedores, o que possibilitou que o Brasil continuasse exportando uma cota de 70% relativa à média exportada nos anos anteriores, livre de tarifas.
Faria afirma que, naquele momento, Trump abriu essa exceção porque percebeu que as tarifas aplicadas têm um custo para o consumidor e as empresas norte-americanas, que adquirem o produto com tarifa.
"Tarifa de importação quem paga é o usuário interno, a empresa que vai utilizar o insumo ou o consumidor que adquire o produto. Então, impor tarifas gera aumento de custos, gera inflação, é isso que Trump está fazendo. E, na última vez, ele voltou atrás e permitiu criar uma cota de exportação justamente por isso, porque ele não queria enfrentar inflação, que foi um dos motivos por quais ele não conseguiu ser reeleito", explica.
Ele acrescenta que o aço "é um insumo crítico que entra na base de várias indústrias". "Ele é a base do investimento, da construção civil, da indústria naval, indústria de máquinas e equipamentos, então um choque no preço do aço se propaga muito facilmente, como inflação generalizada."
Em contraponto, Faria aponta que as
tarifas aplicadas por Trump podem acabar beneficiando a indústria naval brasileira,
"que está em um momento de retomada". Ele afirma que um dos principais insumos da indústria naval é o aço, produto que o setor tem dificuldade de conseguir a preços mais acessíveis. Mas, com as tarifas de Trump, a expectativa é que haja uma maior disponibilidade de aço no Brasil.
"A expectativa do setor naval é de que você tenha maior disponibilidade de aço, tenha uma queda de preço no Brasil. A ver se isso se confirmará também, não é garantido."
Marcos Cordeiro Pires, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), frisa que há uma enorme diferença de capacidades entre EUA e Brasil, e que para o lado mais fraco, a opção de negociar é sempre preferível, mas é necessário saber quais serão as exigências norte-americanas para frear ou mesmo reverter as tarifas e saber como isso pode impactar o interesse brasileiro.
"Há dois exemplos que o governo [brasileiro] poderia observar: o de Cláudia Sheinbaum, do México, que busca a conciliação, e o de Justin Trudeau, do Canadá, que é partir para o confronto direto. Qual seria a melhor opção para o Brasil? Creio que o caminho seria buscar a negociação, sem usar bravatas e, não tendo resultado, atingir algum interesse sensível dos EUA no Brasil, como a taxação sobre as big techs", afirma.
No entanto, ele acrescenta que mesmo buscando a negociação, a fragilidade da posição brasileira dificilmente conseguirá reverter a taxação nos próximos meses, mesmo se oferecer contrapartidas. Ele afirma ainda que acionar a OMC não trará resultados.
"A OMC está praticamente paralisada por conta das ações do governo dos EUA desde o primeiro governo de Trump. Sem um consenso sobre sua importância, a OMC deixou de ser o árbitro dos problemas relacionados ao protecionismo, ainda mais quando a ruptura das regras é feita pela maior economia do mundo", explica.
Pires considera improvável a possibilidade de Trump aplicar novamente as cotas de exportação, pois afirma que o governo do norte-americano "está decidido a romper com os acordos mínimos de convivência no cenário internacional".
Ele afirma que o setor siderúrgico é o pilar para o desenvolvimento industrial do país, e as tarifas podem causar impactos, sobretudo na concorrência.
"Existe a possibilidade de fechamento de alguns altos fornos, justamente num setor que já enfrenta grande concorrência internacional e, para fazer frente a isso, os empresários locais pedem que o governo adote medidas protecionistas contra o aço chinês."
Somado a isso, ele afirma que "existe uma grande capacidade ociosa do setor em nível mundial" e não há neste momento um país que possa servir de alternativa às exportações brasileiras.
"O caminho para a indústria brasileira é apostar no desenvolvimento do nosso país, seja em projetos de infraestrutura, seja na nova reindustrialização."
Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de graduação em economia do Insper, avalia que a
eventual reciprocidade adotada pelo Brasil
se trata de um posicionamento político.
"A gente tem que lembrar que não existe muito apreço entre o presidente Donald Trump e o presidente Lula, eles não são amigos, não têm boas relações. E é óbvio, dentro desse cenário onde essa medida reduz a competitividade do produto brasileiro fora do território nacional, é muito natural que o presidente brasileiro queira mostrar a insatisfação dele, especialmente porque a popularidade dele já não está tão em alta. Se ele ficar quieto, for excessivamente passivo nessa história, ele entende que a popularidade dele provavelmente piora. Então é, sim, um posicionamento político", afirma a especialista.
No entanto, ela enfatiza que isso terá uma séria consequência para a economia brasileira, pois aumentará o custo no Brasil de produtos provenientes dos EUA, em um cenário que a economia atravessa um momento delicado, de inflação alta.
"Eu acho que isso tem que ser ponderado. Entendo que o cenário atual no qual a gente tem uma tarifa maior não é legal. Ninguém fica feliz sendo sobretaxado, porém a gente está numa posição bem pouco privilegiada dentro dessa história. Talvez seria importante ponderar isso, os prós e os contras."
Ela acrescenta que os EUA são um grande comprador do Brasil, mas também compram de outros países. Logo, se a reciprocidade for aplicada, eles vão procurar outros fornecedores.
"Eles dependem menos da gente do que a gente deles. Então, nesse aspecto, em algum momento, a gente vai ter que ceder, esse negócio de bater o pé e ficar fazendo marra com os EUA coloca a gente em uma posição de vulnerabilidade maior, o nosso produto vai continuar chegando lá mais caro e menos competitivo, o produto deles vai continuar chegando aqui mais caro e menos competitivo, a gente que vai absorver um custo maior e eles vão ter, facilmente, lugares para vender o produto deles", afirma.
Na opinião de Inhaz, os EUA, em parte, não estão errados ao impor as tarifas ao aço e alumínio. Ela aponta que eles enfrentam tarifas maiores aplicadas pelo Brasil em vários setores.
"A gente coloca produtos lá com tarifas menores às vezes do que os produtos deles aqui, e isso é sabido, a nossa tributação para importados é um absurdo. Então eles estão se valendo do direito deles de tentar reduzir qualquer vantagem nossa".
Ela afirma que há possibilidade de Trump conceder novamente as cotas de exportação, mas ressalta que é preciso levar em consideração que se trata de uma figura controversa e difícil de prever.
"As coisas saem da cabeça dele de forma eventualmente desordenada, é assim. Então nesse aspecto, tenho eu a impressão de que pode, sim, acontecer de ele gerar outra exceção para a gente ou conceder esse benefício novamente de não nos taxar. Mas leve em consideração que os blefes parecem que estão sendo cada vez menores, ele tem adotado discursos e logo depois volta atrás, mas em algum momento ele vai entender que ele está perdendo muita credibilidade fazendo isso e ele vai ter que fazer valer. E fazer valer isso para países como o Brasil, que teoricamente tem menor relevância para eles, é aparentemente melhor do que fazer isso com países como Canadá e México, que são muito mais relevantes", afirma.
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