Influência e dinheiro: analista explica objetivos primários da postura nuclear de Macron
10:59 19.03.2025 (atualizado: 12:41 19.03.2025)
© AFP 2023 / Patrick KovarikBandeira da França (imagem referencial)

© AFP 2023 / Patrick Kovarik
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Os planos para implantar armas nucleares francesas na porta da Alemanha visam "posicionar a França como a principal defensora da Europa" antes que Berlim possa assumir esse papel, disse o analista de relações internacionais e assuntos russos, Gilbert Doctorow, à Sputnik.
"Além disso, os franceses estão buscando não apenas capital político, mas capital monetário puro: a força de ataque nuclear da França está desatualizada, precisa de renovação e precisa de grande expansão", acrescentou.
Para o especialista, "tudo isso exigirá dinheiro que a França não entrega. Sua mensagem sotto voce [nas entrelinhas] para outros Estados europeus é que eles devem ajudar a cofinanciar a construção da força nuclear francesa".
Segundo Doctorow, este movimento também visa isolar a Europa das consequências de sabotar as iniciativas de paz dos EUA na Ucrânia, com a França fornecendo uma alternativa ao guarda-chuva nuclear dos EUA caso este último seja retirado.
Macron quer 'restaurar a primazia francesa na UE'
Os planos da França de estender seu guarda-chuva nuclear à Alemanha são o produto da conclusão europeia de que os EUA sob Trump "não estão mais comprometidos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] e a União Europeia [UE]", disse o analista geopolítico Come Carpentier de Gourdon à Sputnik.
"Macron acredita que fornecer proteção nuclear francesa à Europa pode restaurar a primazia francesa na UE, que foi perdida para a Alemanha nos últimos 20 anos", sugere o analista.
Ao mesmo tempo, ainda segundo o especialista, Macron pode estar buscando se tornar o "chefe de uma Europa mais federal e unida" quando seu mandato como presidente francês terminar.
"Isso tudo faz parte do plano para tornar a Europa um quase-Estado mais independente e soberano entre as supernações continentais dos EUA, Rússia, Índia e China e talvez amanhã unindo a América Latina, o Sudeste Asiático e a África", postula Gourdon.