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'É quase impossível fazer política com segurança' sendo mulher negra, diz Tainá de Paula à Sputnik
'É quase impossível fazer política com segurança' sendo mulher negra, diz Tainá de Paula à Sputnik
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Com uma trajetória marcada pela luta social e ambiental, a secretária municipal do Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, Tainá de Paula (PT), tem se... 21.03.2025, Sputnik Brasil
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A agora vereadora licenciada, a segunda mais votada da capital, ativista e mulher de origem periférica, reflete, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a respeito do impacto de sua atuação no enfrentamento às desigualdades ambientais e a urgência de políticas públicas que beneficiem as comunidades mais vulneráveis.A Praça Seca, local de seu nascimento, representa não apenas um marco em sua formação pessoal, mas também o ponto de partida para uma jornada de transformação das políticas públicas no Rio de Janeiro. "Se eu olhar para trás, a arquiteta urbanista, ativista das lutas urbanas, ela é muito importante, mas a mulher do loteamento da Praça Seca, talvez ela seja determinante para acumular não só as formulações, o que proponho, o que eu defendo publicamente daqui para o futuro. Se eu pudesse te afirmar, acho que a Praça Seca é o mais determinante para consolidar e construir a política que defendo e a política que eu sou", completou.Tainá fala com clareza sobre sua visão de integrar as periferias nas políticas climáticas, uma ação que considera imprescindível para reverter o histórico de exclusão ambiental dessas regiões."Sou uma das responsáveis pelo avanço das políticas públicas sobre a agenda do clima nas favelas e periferias do Rio. E isso vai desde o orçamento do clima. Nunca, no Rio de Janeiro, a gente teve tanto recurso com foco em resiliência e mudança do clima na LOA, na Lei Orçamentária Anual do município."Entre as ações concretas que exemplificam essa mudança, Tainá menciona o impulso à criação de parques urbanos em áreas periféricas, como o parque Realengo, o parque Guaíba, e o parque Pavuna — iniciativas que buscam não apenas ampliar as áreas verdes, mas também promover a integração das comunidades com o meio ambiente."Vários futuros parques que virão, os parques que a gente já conseguiu executar como centro do debate da implementação de mais áreas verdes, também são fruto dessa propriedade, dessa formulação de que a gente precisa dar e tornar as áreas periféricas cada vez mais verdes", elencou.Mudanças climáticas e participação popularAlém da mudança no planejamento urbano, Tainá vê como essencial a inserção de novos protagonistas nas discussões ambientais, como jovens lideranças climáticas que representam a favela e a periferia. "Acho que isso passa pelo meu entendimento de Rio de Janeiro e meu entendimento de prioridade. E, claro, quais são os novos protagonistas dessa discussão? Como é que a gente pensa as guardiãs das matas, que são mulheres de favela e periferia, que são protagonistas da agenda ambiental, como referência, assim como jovens negociadores para o clima, que são jovens lideranças climáticas que vêm da favela, que vêm de chão da periferia, produzir e formular os avanços sobre a agenda do clima do futuro, representando, inclusive, a cidade do Rio de Janeiro em fóruns internacionais", avaliou.A transformação da cidade passa também por um processo de conscientização. Tainá também destaca que é a experiência vivida nas periferias que permite esse avanço nas políticas públicas. "Acho que isso só uma secretária favelada e periférica que é capaz de fazer."Em meio à sua atuação política, Tainá também tem enfrentado desafios pessoais. Após o atentado sofrido em 2024, a secretária reafirmou seu compromisso com o bem-estar da população carioca, especialmente no que diz respeito à segurança de ativistas e mulheres na política. Para ela, combater a misoginia e garantir que mulheres tenham recursos adequados para exercer suas funções é imprescindível. "Primeiro, formular políticas públicas que combatam a misoginia na política. Algo que é importante de a gente observar é que mais de 60% das mulheres que estão na política, que estão no cenário político brasileiro, foram alvo de violência digital nos últimos anos."A violência contra mulheres na política — aliada a um sistema que ainda sente estranhamento no fato de mulheres frequentarem parlamentos — é uma questão central para de Paula. "É algo que a gente precisa não só entender, compreender, mas afirmar, estabelecer como um problema e algo que a gente deve acumular e obviamente combater. Outro lugar importante é como é que a gente elege mais mulheres e estabelece um novo normal. Os parlamentos ainda são ambientes hostis para as mulheres", avaliou."É importante que os mandatos tenham recurso, por exemplo, para bancar seguranças, carros blindados, políticas de monitoramento de mensagens violentas. É muito importante que a gente fale: 'Olha, as mulheres precisam estar seguras', mas segurança é acompanhada de um pragmatismo que vem de onde as mulheres vão tirar dinheiro e recurso para se manterem na política, como elas vão conseguir se manter vivas nesse processo. E eu acho que sou fruto disso", complementou.Tainá de Paula também fez uma análise pungente quanto à situação de Marielle Franco, cujo assassinato ainda reverbera como um símbolo cruel da violência que mulheres negras enfrentam na política.Metas ambientais do Brasil para a COP30Durante a COP30, o Brasil apresentará um plano para reduzir em 67% as emissões de gases de efeito estufa até 2035. "Não é apenas um anúncio genérico. Temos metas para todos os setores da economia: transporte, energia, indústria, agricultura", garantiu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista recente.A COP30 acontecerá entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará, sendo a primeira vez que a conferência será realizada em uma cidade amazônica.
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'É quase impossível fazer política com segurança' sendo mulher negra, diz Tainá de Paula à Sputnik
Especiais
Com uma trajetória marcada pela luta social e ambiental, a secretária municipal do Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, Tainá de Paula (PT), tem se destacado como uma voz importante na formulação de políticas públicas que buscam integrar as periferias à agenda climática da cidade. De Paula pode representar o Rio na COP30, em Belém.
A agora vereadora licenciada, a segunda mais votada da capital, ativista e mulher de origem periférica, reflete, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a respeito do impacto de sua atuação no enfrentamento às desigualdades ambientais e a urgência de políticas públicas que beneficiem as comunidades mais vulneráveis.
"Saber de onde eu vim e ter muita certeza das minhas referências, do meu lugar de fala, mas também do meu lugar de propriedade, de onde eu formulo políticas públicas e para onde eu quero formular cada vez mais é fundamental. Foi muito importante para a construção dessa trajetória", disse Tainá de Paula.
A Praça Seca, local de seu nascimento, representa não apenas um marco em sua formação pessoal, mas também o ponto de partida para uma jornada de transformação das políticas públicas no Rio de Janeiro.
"Se eu olhar para trás, a arquiteta urbanista, ativista das lutas urbanas, ela é muito importante, mas a mulher do loteamento da Praça Seca, talvez ela seja determinante para acumular não só as formulações, o que proponho, o que eu defendo publicamente daqui para o futuro. Se eu pudesse te afirmar, acho que a Praça Seca é o mais determinante para consolidar e construir a política que defendo e a política que eu sou", completou.
Tainá fala com clareza sobre sua visão de integrar as periferias nas políticas climáticas, uma ação que considera imprescindível para reverter o histórico de exclusão ambiental dessas regiões.
"Sou uma das responsáveis pelo avanço das políticas públicas sobre a agenda do clima nas favelas e periferias do Rio. E isso vai desde o orçamento do clima. Nunca, no Rio de Janeiro, a gente teve tanto recurso com foco em resiliência
e mudança do clima na LOA, na Lei Orçamentária Anual do município."
Entre as ações concretas que exemplificam essa mudança, Tainá menciona o impulso à criação de parques urbanos em áreas periféricas, como o parque Realengo, o parque Guaíba, e o parque Pavuna — iniciativas que buscam não apenas ampliar as áreas verdes, mas também promover a integração das comunidades com o meio ambiente.

25 de dezembro 2024, 21:43
"Vários futuros parques que virão, os parques que a gente já conseguiu executar como centro do debate da implementação de mais áreas verdes, também são fruto dessa propriedade, dessa formulação de que a gente precisa dar e tornar as áreas periféricas cada vez mais verdes", elencou.
Mudanças climáticas e participação popular
Além da mudança no planejamento urbano, Tainá vê como essencial a inserção de novos protagonistas nas discussões ambientais, como jovens lideranças climáticas que representam a favela e a periferia.
"Acho que isso passa pelo meu entendimento de Rio de Janeiro e meu entendimento de prioridade. E, claro, quais são os novos protagonistas dessa discussão? Como é que a gente pensa as guardiãs das matas, que são mulheres de favela e periferia, que são protagonistas da agenda ambiental, como referência, assim como jovens negociadores para o clima, que são jovens lideranças climáticas que vêm da favela, que vêm de chão da periferia, produzir e formular os avanços sobre a agenda do clima do futuro, representando, inclusive, a cidade do Rio de Janeiro em fóruns internacionais", avaliou.
A transformação da cidade passa também por um processo de conscientização.
"Hoje, não tem ninguém que não saiba o que é nível de calor, o que é protocolo de enfrentamento de calor. A gente sabe o que é um anúncio ou um aviso de que pode chover e que pode causar, inclusive, deslocamentos a partir desse grande evento extremo. Eu acho que a gente virou meme. Um alerta da Defesa Civil se tornou muito popular, virou uma discussão do carioca como um todo em diversas regiões da cidade. Isso vem muito acompanhado de uma preocupação profunda sobre como a vida das pessoas é impactada pela mudança do clima e pelos eventos extremos."
Tainá também destaca que é a experiência vivida nas periferias que permite esse avanço nas políticas públicas. "Acho que isso só uma secretária favelada e periférica que é capaz de fazer."
Em meio à sua atuação política, Tainá também tem enfrentado desafios pessoais. Após o atentado sofrido em 2024, a secretária reafirmou seu compromisso com o bem-estar da população carioca, especialmente no que diz respeito à segurança de ativistas e mulheres na política. Para ela, combater a misoginia e garantir que mulheres tenham recursos adequados para exercer suas funções é imprescindível.
"Primeiro, formular políticas públicas que combatam a misoginia na política. Algo que é importante de a gente observar é que mais de 60% das mulheres que estão na política, que estão no cenário político brasileiro, foram alvo de violência digital nos últimos anos."
A violência contra mulheres na política — aliada a um sistema que ainda sente estranhamento no fato de mulheres frequentarem parlamentos — é uma questão central para de Paula.
"É algo que a gente precisa não só entender, compreender, mas afirmar, estabelecer como um problema e algo que a gente deve acumular e obviamente combater. Outro lugar importante é como é que a gente elege mais mulheres e estabelece um novo normal. Os parlamentos ainda são ambientes hostis para as mulheres", avaliou.
"É importante que os mandatos tenham recurso, por exemplo, para bancar seguranças, carros blindados, políticas de monitoramento de mensagens violentas. É muito importante que a gente fale: 'Olha, as mulheres precisam estar seguras', mas segurança é acompanhada de um pragmatismo que vem de onde as mulheres vão tirar dinheiro e recurso para se manterem na política, como elas vão conseguir se manter vivas nesse processo. E eu acho que sou fruto disso", complementou.
Tainá de Paula também fez uma análise pungente quanto à situação de Marielle Franco, cujo assassinato ainda reverbera como um símbolo cruel da violência que mulheres negras enfrentam na política.
"Talvez se a gente tivesse conseguido proteger mulheres como Marielle Franco, nós não teríamos esse símbolo tão violento, tão cruel de como é quase impossível fazer política com segurança sendo uma mulher e, principalmente, sendo uma mulher negra", cravou.
Metas ambientais do Brasil para a COP30
Durante a COP30, o Brasil apresentará um plano para reduzir em 67% as emissões de gases de efeito estufa até 2035. "Não é apenas um anúncio genérico. Temos metas para todos os setores da economia: transporte, energia, indústria, agricultura", garantiu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista recente.
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COP30 acontecerá entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará, sendo a primeira vez que a conferência será realizada em uma cidade amazônica.
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