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Ucrânia tem interesse e autoridade para negociar a paz? Ainda há dúvidas, diz analista (VÍDEOS)

© SputnikInício das negociações entre representantes da Rússia, Ucrânia e Turquia em Istambul
Início das negociações entre representantes da Rússia, Ucrânia e Turquia em Istambul - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2025
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A primeira negociação direta entre Rússia e Ucrânia para um acordo de paz duradoura, nesta sexta-feira (18), em Istambul, Turquia, já obteve resultados palpáveis, como o anúncio da libertação de mil prisioneiros de ambos os lados nos próximos dias.
Além disso, foi informada pelas delegações dos países envolvidos a possibilidade de um encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ucraniano Vladimir Zelensky.
Mas a caminhada ainda é longa: em entrevista à Sputnik Brasil, o analista geopolítico Hugo Albuquerque avaliou os resultados do encontro e abordou a complexidade das futuras negociações.

"As negociações de paz têm de abarcar tudo o que aconteceu, inclusive os territórios que a Rússia incorporou no campo de batalha e a Ucrânia não conseguiu retomar, assim como a necessidade maior de segurança para a Rússia."

Para ele, a iniciativa de paz da Rússia é "um gesto magnânimo", similar ao que ela já havia feito anteriormente nos Acordos de Minsk, há dez anos.
Os acordos, assinados em fevereiro de 2015, previam o cessar-fogo em Donbass e a retirada de armamentos pesados da linha de demarcação entre as forças ucranianas e as milícias locais, além de medidas para uma solução política de longo prazo. Porém os termos foram violados de forma sistemática por Kiev por influência de vários países europeus e dos EUA.

"As potências europeias, que funcionavam como fiadoras, mentiam em relação aos acordos, como a própria ex-primeira ministra da Alemanha Angela Merkel, que assumiu na imprensa que mentia para Moscou."

Segundo ele, a chegada do presidente Donald Trump à Casa Branca mudou o tabuleiro geopolítico para os europeus. No continente, diz, existe um campo majoritário liberal e alinhado ao Partido Democrata.
Esses políticos, diz, "toparam a guerra na Ucrânia por uma ordem do governo americano, então sob a presidência de Joe Biden". O analista afirmou ainda que esse arranjo internacional atendia aos interesses particulares de Zelensky, que vê ameaçada sua carreira política e mesmo sua vida com o fim do conflito.
"O fato é que os líderes europeus não estão preocupados com o interesse econômico dos seus países. Eles têm uma preocupação política interna, e essa preocupação os faz manter um conflito que não os interessa."

"Agora buscam jogar os custos na Rússia e no presidente Trump como forma de exteriorizar os problemas internos com que eles toparam arcar", argumenta.

A perda de um aliado vital na Casa Branca, com a saída de Biden, fez com que Zelensky se conscientizasse de que manter o empreendimento ficaria ainda mais difícil. No entanto, isso não significou uma mudança de pensamento em Bankovaya.
Pelo contrário, pondera Albuquerque, o ucraniano tenta buscar uma paz não duradoura para ganhar tempo e contra-atacar, como forma de se manter no poder. "O próprio Zelensky está com a cabeça a prêmio. Corre o risco de não só perder o poder, como perder a vida para setores extremados da Ucrânia com os quais ele se aliou e são favoráveis à manutenção do conflito."

"São setores de extrema-direita. Alguns até reivindicam o nazismo ou formas de neonazismo."

Ainda segundo Albuquerque, as condições atuais no interior da Ucrânia são incertas e o futuro depende de garantias de outras partes e conversas "muitas delicadas" que teriam que envolver o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) para fixar marcos muitos claros.

"Isso tem, de alguma maneira, de condicionar o Estado ucraniano, e não o governo, ao cumprimento, porque, se isso segue como obra de um governo, que fez a guerra e agora resolveu fazer a paz, haverá dúvida sobre se esse é o interesse sincero da Ucrânia e se ela tem autoridade para mudar o consenso social e pôr fim ao conflito."

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