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Órfã dos EUA? Europa precisa virar 'adulta' e aprender a se defender sozinha, opina especialista

© AP Photo / Ebrahim NorooziHomem segura cartaz com os dizeres "EUA: fora da Europa" durante protesto contra a Conferência de Segurança de Munique, em Munique, Alemanha, em 15 de fevereiro de 2025
Homem segura cartaz com os dizeres EUA: fora da Europa durante protesto contra a Conferência de Segurança de Munique, em Munique, Alemanha, em 15 de fevereiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 11.06.2025
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Retórica ou não, a ameaça dos EUA de encerrar o apoio financeiro e logístico à defesa da Europa tem movimentado o tabuleiro geopolítico desses países que, por décadas, deixaram de investir no setor sob a segurança do guarda-chuva norte-americano.
Esta é a opinião dos professores de relações internacionais Carlo Cauti e Ricardo Caichiolo e do cientista político Leonardo Paz, entrevistados do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, desta quarta-feira (11).
#637 Mundioka - Sputnik Brasil, 1920, 11.06.2025
Mundioka
Abandonada pelos EUA e contra a Rússia: o que será da Europa?
Segundo Cauti, que é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), os respeitados e invejados Estados de bem-estar social europeus foram construídos graças à economia com defesa, custeada em grande parte pelos EUA, desde a Guerra Fria.

"A Europa basicamente confiou na segurança fornecida pelos americanos, principalmente no guarda-chuva americano, por uma questão de oportunismo, porque isso obviamente permitiu à Europa, aos países europeus, reduzir os gastos de defesa para níveis ínfimos do PIB."

A atual gestão de Donald Trump, afirmou Cauti, foi um despertador para os europeus, que se perceberam completamente desarmados e incapazes:

"Trump é a expressão do problema dos Estados Unidos, que não querem mais pagar e morrer também, porque, obviamente, não é só questão de custos, é questão de mandar tropas em defesa da Europa. [Os europeus] Vão ter que virar adultos e começar a pensar na sua própria defesa, como todo e qualquer país normal do planeta Terra."

Aleksandr Grushko, vice-chanceler russo  - Sputnik Brasil, 1920, 11.06.2025
Panorama internacional
Rearmamento dos países da OTAN tem como razão 'a suposta ameaça russa', afirma vice-chanceler
A ausência eventual do respaldo logístico, de inteligência e nuclear dos Estados Unidos é um desafio bastante complexo, acrescentou Caichiolo, que é docente no curso de relações internacionais do Ibmec Brasília.

"A Alemanha também tem passado por uma reorientação na política de defesa. Tem buscado aumentar também suas contribuições para um fundo especial para a modernização das suas Forças Armadas. Mas a dependência […] com relação aos Estados Unidos em termos de defesa aérea, mísseis e controle é substancial", disse.

Já para Paz, que é pesquisador da FGV, a Europa ainda tem autonomia e indústria bélica sofisticada e o aparente abandono dos EUA é mais uma narrativa de Trump do que uma possibilidade concreta.
Entretanto ele concorda com o colega da FGV sobre a chegada de Trump ter sido um alerta para que os europeus começassem a aumentar a autonomia militar.

"É um cenário que ninguém considera efetivo, […] mas, sim, começa-se a imaginar que é necessária uma complementaridade europeia — a França, neste momento, do ponto de vista nuclear, seria o mais bem posicionado, e, do ponto de vista financeiro, a Alemanha também estaria neste momento mais bem posicionada", ponderou Paz.

Aumento de gastos com defesa

Sobre os planos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de reequipar os exércitos dos Estados-membros, aumentar os orçamentos militares e reformar a estrutura de comando, os entrevistados foram uníssonos ao dizer que o momento para investir é pouco propício para a maioria dos países da aliança, que enfrentam crises econômicas e uma população envelhecida.
Caichiolo também avaliou que a alocação de um valor tão grande de recursos financeiros à defesa é uma escolha que se banca em detrimento de várias áreas prioritárias: "É difícil você sustentar tantos gastos militares nesse patamar elevado sem impactar o bem-estar da população".
Cauti argumentou ainda que não basta comprar armamentos se não houver disposição e capacidade da sociedade em torno da defesa de seus países, realidade que, segundo ele, é distante:

"A Europa, mesmo comprando todas as armas do mundo, não seria capaz de se defender hoje, porque falta completamente uma visão, uma pedagogia nacional estratégica, coisa que os russos têm, que os chineses têm, que os coreanos têm, mas que os europeus já não têm desde a Segunda Guerra Mundial."

'Ameaça russa' para quem?

Cauti, que é italiano, também comentou a suposta "ameaça russa", comumente propagada por alguns governos europeus para justificar os gastos com armamento. O analista afirmou que, embora o país seja atualmente o único na região com estrutura industrial capaz de produzir tanques de guerra, aviões de combate, munições e, assim, resistir a um conflito de longa duração, o medo não tem fundamento:
"Eles [russos] só querem garantias de segurança e também que sejam tratados como grande potência."
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