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Especialista: Venezuela pode ajudar a equilibrar preços do petróleo em cenário de crise global

© AP Photo / Fernando LlanoPoço de petróleo na Venezuela (foto de arquivo)
Poço de petróleo na Venezuela (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 18.06.2025
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Embora o conflito entre Israel e o Irã não dê sinais de arrefecimento, os mercados de energia e os países produtores de petróleo começam a se deparar com a crescente preocupação e potenciais consequências de uma escalada regional, especialmente o impacto sobre os preços do petróleo bruto.
Analistas alertam que uma interrupção nas rotas estratégicas de abastecimento pode levar o preço do petróleo a níveis históricos, chegando a US$ 300 (R$ 1.648) o barril, em um cenário de guerra aberta ou de fechamento do estreito de Ormuz.
O envolvimento direto dos EUA no conflito, seja por meio de apoio militar aberto a Israel ou por meio de intervenções secretas em território iraniano, seria percebido por Teerã como uma ameaça existencial à sua soberania.
Isso levaria Teerã a jogar uma de suas cartas estratégicas mais poderosas: o fechamento do estreito, por onde transita aproximadamente 20% do petróleo mundial.
Segundo declarações da mídia regional, o Irã considera essa ação uma consequência direta do apoio ocidental a Tel Aviv, considerando que um aumento da agressão militar ultrapassaria um limite para sua segurança nacional. Nesse cenário, o impacto seria imediato.
Roberto González Cárdenas, especialista em segurança nacional e defesa, explica à Sputnik que "a implantação de minas navais, baterias de mísseis Raad costeiros e enxames de drones Shahed-136 poderia interromper entre 20% e 30% do fornecimento global de petróleo bruto em apenas 72 horas, elevando os preços à vista para mais de US$ 200 [R$ 1.098] o barril".
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O especialista enfatiza que o Irã não agiria de forma gratuita, mas sim como uma resposta tática a uma escalada militar que comprometa sua integridade territorial e suas linhas estratégicas de defesa.
Para González Cárdenas, o impacto geopolítico seria devastador com o cancelamento do seguro de energia, aumento dos prêmios de risco e um choque na logística marítima global.

"Se o conflito se espalhar para todo o Oriente Médio e afetar outros campos de produção na Arábia Saudita ou nos Emirados Árabes Unidos, o preço projetado, considerando uma perda acumulada de 30% da oferta global, seria de US$ 315 [R$ 1.730] por barril. Trata-se de um cenário de pressão prolongada capaz de sobrecarregar a capacidade de resposta dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE]", argumenta.

Oportunidade ou vulnerabilidade estrutural?

Neste complexo cenário energético, a Venezuela pode se tornar um ator importante. Com reservas comprovadas de petróleo entre as maiores do planeta e uma localização geográfica privilegiada, o país sul-americano estaria bem posicionado para capitalizar a alta. Mas o especialista alerta que a realidade é mais complexa.

"Mesmo com preços acima de US$ 200, as graves limitações técnicas, financeiras e políticas enfrentadas pela [estatal de petróleo da Venezuela] PDVSA, resultado de dez anos de medidas coercitivas unilaterais, impedem uma resposta rápida. A infraestrutura está se deteriorando, o investimento é mínimo e as sanções continuam a limitar a capacidade de exportação e o acesso a financiamento externo", aponta González Cárdenas.

Atualmente, a produção venezuelana oscila entre 800 mil e um milhão de barris por dia, bem abaixo de sua capacidade instalada de 3,5 milhões.
"O aumento da arrecadação poderia melhorar a balança de pagamentos e aliviar as tensões cambiais, mas também há um alto risco inflacionário se não for acompanhado por políticas macroeconômicas coerentes e reinvestimento real no setor", enfatiza González Cárdenas.
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No entanto, um aspecto crucial para o especialista tem a ver com a política externa dos EUA. A escalada entre Irã e Israel, aliada a uma crise energética global, poderia forçar Washington a reavaliar sua estratégia em relação à Venezuela especialmente pela proximidade geográfica e qualidade do petróleo bruto.

Na opinião do especialista, há uma pressão crescente do setor energético norte-americano para reativar as operações na Venezuela. "Um alívio condicional das sanções poderia abrir canais de comercialização limitados, mas sem o reconhecimento político do governo venezuelano", afirma.

O dilema está aqui. Um conflito no golfo Pérsico tem o potencial de remodelar o sistema energético global e restaurar a proeminência perdida da Venezuela, com o preço do petróleo mais uma vez determinando seu destino.

"Estamos diante de uma janela de oportunidade estratégica, mas altamente contingente. Se o bloqueio financeiro não for levantado e investimentos urgentes não forem feitos, o país não poderá aproveitar o boom energético. É uma corrida contra o tempo", concluiu González Cárdenas.

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