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Não é multilateralismo que impede desenvolvimento, mas o hegemonismo, diz Dilma à Sputnik

© Sputnik / Alexander VilfPresidente do Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco dos BRICS, durante sessão plenária do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Rússia, 19 de junho de 2025
Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco dos BRICS, durante sessão plenária do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Rússia, 19 de junho de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 21.06.2025
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A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, a convidada de destaque do presidente russo Vladimir Putin no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), deu uma entrevista exclusiva à Sputnik debatendo a situação atual da economia mundial e a importância do BRICS e do NDB na cooperação internacional.
Nesta quinta-feira (19), a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, participou da cerimônia de abertura do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo. A participação de Rousseff se deu após encontro bilateral com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na quarta-feira (18).
Respondendo à questão sobre a arquitetura econômica mundial que temos atualmente, a presidente do NDB disse que o momento em que vivemos é complexo e marcado por crises e tensões geopolíticas criadas por restrições unilaterais.
"Vivemos em um momento muito complexo devido à ocorrência de crises simultâneas. Em primeiro lugar, temos uma guerra comercial de tarifas, que leva à destruição das cadeias de comércio e mesmo de cadeias produtivas, criando riscos de inflação e diminuição da taxa de crescimento econômico dos países. Em segundo lugar, uma série de tensões geopolíticas produzidas por sanções unilaterais e bloqueios tecnológicos, resultando também em ruptura das atividades produtivas, porque impede o livre comércio, principalmente entre produtos tecnológicos. E, em terceiro lugar, vivemos também desastres naturais contínuos, devido ao problema da crise climática. O resultado é uma situação que gera dois efeitos dramáticos: desconfiança e incerteza. Além disso, vivemos o desequilíbrio que consiste em não reconhecer a importância crescente das economias emergentes e dos países em desenvolvimento, na arena econômica e política global", disse Rousseff.
Em relação ao BRICS, segundo ela, a agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento prevê que, em 2030, o BRICS responderá por 43% de toda a produção, do PIB global, e já ultrapassaram o G7 economicamente.

Importância do SPIEF

Rousseff destaca que o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês) é de grande importância, já que fala da relevância dos valores para se construir a prosperidade e um mundo mais cooperativo.

"Quais são esses valores? O primeiro é o valor do multilateralismo, que é o fato de você reconhecer em todos os países o direito de cada um ter a sua posição, ter o seu projeto de desenvolvimento, ter sua estratégia de desenvolvimento, o que, na verdade, é o reconhecimento da soberania dos países. O segundo valor diz respeito à questão da cooperação. A cooperação é muito mais importante do que todas as políticas que implicam na interrupção de cadeias comerciais [...]. A cooperação leva também à construção de novos caminhos. Entre eles, por exemplo, plataformas como os BRICS e bancos como o NDB, o New Development Bank", disse ela.

Porque as plataformas como o BRICS e o NBD são importantes?

"Porque criam-se oportunidades de interação, contribuindo por meio da cooperação para se transferir conhecimento, para se transferir tecnologia. [...] A palavra desenvolvimento, que está dentro, por exemplo, do banco do qual eu sou presidente, diz respeito ao fato de que é importante que países tenham capacidade de se desenvolver. Desenvolver hoje significa 'tecnologia'", observou Rousseff.
Em relação à construção de uma nova ordem financeira, a presidente do NBD disse que isso não significa ir contra algumas moedas fortes, como o euro ou o dólar, significa acrescentar.

"O que significa acrescentar neste caso? Significa valorizar as moedas locais. As nossas moedas locais podem ser objeto do uso que já é crescente, por exemplo, em trocas comerciais", notou ela.

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Importância do NBD para as economias emergentes

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) respeita a soberania dos diferentes países que integram o banco, isso significa que os projetos, as prioridades e os planejamentos que os países fazem são respeitados.

"O que nós queremos é poder contribuir de fato com os países em desenvolvimento e as economias emergentes, que hoje são cada vez mais importantes. É fundamental dar a esses países condições para que a população de cada um tenha melhores condições de vida e supere as profundas desigualdades", frisou Rousseff.

Ela disse por fim que "as forças do unilateralismo bloqueiam o desenvolvimento, mas as forças da cooperação podem romper o bloqueio. Não é o multilateralismo que impede o desenvolvimento harmônico e compartilhado, mas o hegemonismo e a imposição unilateral de modelos".
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