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Reconfiguração global: como distanciamento dos EUA abre caminho para avanço econômico da China
Reconfiguração global: como distanciamento dos EUA abre caminho para avanço econômico da China
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Apesar das sanções comerciais e da crescente pressão diplomática imposta pelos Estados Unidos, a China tem mantido seu ritmo de crescimento e fortalecido sua... 23.07.2025, Sputnik Brasil
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A guerra comercial iniciada por Donald Trump, com tarifas impostas a parceiros estratégicos, acabou provocando um movimento inesperado: o realinhamento econômico global em direção a Pequim.O afastamento dos EUA de tradicionais aliados abre espaço para a consolidação da China como o principal motor das relações comerciais no século XXI.Enquanto os Estados Unidos reforçam barreiras comerciais e endurecem as relações com antigos aliados, a China avança. A avaliação é do professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Bruno Hendler. A esta agência, ele afirmou que o afastamento de Washington de vários países abre espaço para Pequim se fortalecer — inclusive com o Brasil.Segundo Hendler, a tentativa de Donald Trump de conter a expansão chinesa com tarifas e medidas protecionistas teve efeito contrário. "Esses benefícios [para a China] vão muito além do comércio", afirmou.Para Alana, o novo cenário pode facilitar a entrada de investimentos chineses em países do Sul Global, além de permitir uma maior integração com cadeias produtivas asiáticas, em franca expansão. Ela destaca também a possibilidade de cooperação ampliada em áreas estratégicas, como a da tecnologia.Brasil diante de um novo eixoNo caso brasileiro, a reorientação de parte das exportações para a China é considerada viável, especialmente porque o país asiático já ocupa o posto de principal parceiro comercial. No entanto, Alana alerta que apostar exclusivamente na China também envolve riscos: "É fundamental que o Brasil busque diversificar suas parcerias comerciais para além da China, a fim de contrabalancear potenciais perdas em relação aos Estados Unidos".A demanda chinesa por commodities agrícolas e minerais segue alta, mas o Brasil precisa ir além do papel de mero exportador de matérias-primas.O distanciamento dos EUA pode representar uma oportunidade, mas com limites, segundo Hendler. Ele avalia que não é possível simplesmente trocar os Estados Unidos pela China como destino das exportações brasileiras, porque os produtos vendidos a cada país são diferentes. "Não é inevitável essa transição para a China da nossa pauta exportadora", afirmou. "Os EUA compram aviões, máquinas e eletrônicos simples. Já a China importa mais commodities. Não casa 100%."Para a pesquisadora, o atual momento pode ser um catalisador do desenvolvimento industrial e tecnológico nacional. Do ponto de vista das importações, há oportunidades para substituir produtos norte-americanos por equivalentes chineses, sobretudo em áreas como as de veículos elétricos, insumos químicos e tecnologia de ponta.Outro desdobramento possível dessa reconfiguração comercial é o fortalecimento do yuan no comércio internacional. A China vem promovendo sua moeda como alternativa ao dólar em acordos bilaterais, especialmente no pagamento de commodities. "A intensificação dos laços comerciais com a China pode de fato impulsionar o uso do yuan no comércio internacional", acredita Alana.Para Hendler, o dólar ainda não deve perder sua posição, uma vez que é uma moeda mais usada para reservas e poupanças, além das transações entre países. Embora a China esteja tentando internacionalizar sua moeda, esse processo será lento e gradual. "É um cenário de mudança, mas que pode levar uma ou duas décadas", afirmou.
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Reconfiguração global: como distanciamento dos EUA abre caminho para avanço econômico da China
17:50 23.07.2025 (atualizado: 22:00 23.07.2025) Especiais
Apesar das sanções comerciais e da crescente pressão diplomática imposta pelos Estados Unidos, a China tem mantido seu ritmo de crescimento e fortalecido sua posição como protagonista do comércio internacional.
A
guerra comercial iniciada por Donald Trump, com tarifas impostas a parceiros estratégicos, acabou provocando um movimento inesperado: o realinhamento econômico global em direção a Pequim.
O afastamento dos EUA de tradicionais aliados abre espaço para a consolidação da China como o principal motor das relações comerciais no século XXI.
"Países que buscam reduzir sua dependência de Washington podem se beneficiar de acordos bilaterais ou multilaterais com a China, especialmente dentro da Iniciativa Cinturão e Rota, que tem o potencial de ser ampliada", analisa Alana Camoça, professora de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisadora do Laboratório de Estudos da Ásia (LabÁsia), em entrevista à Sputnik Brasil.
Enquanto os Estados Unidos reforçam barreiras comerciais e endurecem as relações com antigos aliados, a China avança. A avaliação é do professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Bruno Hendler. A esta agência, ele afirmou que o afastamento de Washington de vários países abre espaço para Pequim se fortalecer — inclusive com o Brasil.
Segundo Hendler, a tentativa de Donald Trump de conter a expansão chinesa com tarifas e medidas protecionistas teve efeito contrário. "Esses benefícios [para a China] vão muito além do comércio", afirmou.
"Há transferência de fábricas para países onde antes a mão de obra era explorada por empresas americanas, além de empréstimos, doações e até perdão de dívidas. A China tem ocupado espaços deixados pelos Estados Unidos", explicou.
Para Alana, o novo cenário pode facilitar a entrada de investimentos chineses em países do Sul Global, além de permitir uma maior integração com cadeias produtivas asiáticas, em franca expansão. Ela destaca também a possibilidade de cooperação ampliada em áreas estratégicas, como a da tecnologia.
Brasil diante de um novo eixo
No caso brasileiro, a reorientação de parte das exportações para a China é considerada viável, especialmente porque o país asiático já ocupa o posto de principal parceiro comercial. No entanto, Alana alerta que apostar exclusivamente na China também envolve riscos: "É fundamental que o Brasil busque diversificar suas parcerias comerciais para além da China, a fim de contrabalancear potenciais perdas em relação aos Estados Unidos".
A demanda chinesa por commodities agrícolas e minerais segue alta, mas o Brasil precisa ir além do papel de mero exportador de matérias-primas.
O distanciamento dos EUA pode representar uma oportunidade, mas com limites, segundo Hendler. Ele avalia que não é possível simplesmente trocar os Estados Unidos pela China como destino das exportações brasileiras, porque os produtos vendidos a cada país são diferentes.
"Não é inevitável essa transição para a China da nossa pauta exportadora", afirmou. "Os EUA compram aviões, máquinas e eletrônicos simples. Já a China importa mais commodities. Não casa 100%."
Para a pesquisadora, o atual momento pode ser um catalisador do desenvolvimento industrial e tecnológico nacional. Do ponto de vista das importações, há oportunidades para substituir produtos norte-americanos por equivalentes chineses, sobretudo em áreas como as de veículos elétricos, insumos químicos e tecnologia de ponta.
Apesar de ainda existir algum preconceito sobre a qualidade dos produtos chineses, a especialista em Ásia aponta que essa visão está defasada: "Empresas chinesas investem pesadamente em inovação, controle de qualidade e competitividade global".
Outro desdobramento possível dessa reconfiguração comercial é o
fortalecimento do yuan no comércio internacional. A China vem promovendo sua moeda como alternativa ao dólar em acordos bilaterais, especialmente no pagamento de commodities. "A intensificação dos laços comerciais com
a China pode de fato impulsionar o uso do yuan no comércio internacional", acredita Alana.
Para Hendler, o dólar ainda não deve perder sua posição, uma vez que é uma moeda mais usada para reservas e poupanças, além das transações entre países. Embora a China esteja tentando internacionalizar sua moeda, esse processo será lento e gradual. "É um cenário de mudança, mas que pode levar uma ou duas décadas", afirmou.
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