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'50 anos da Conferência de Helsinque': como símbolo de desescalada na Europa anulou segurança dela?

© Sputnik / Vladimir RodionovBandeiras da Finlândia, EUA, Rússia e OTAN em Helsinque nas vésperas da cúpula russo-norte-americana e da visita do presidente russo Boris Yeltsin à Finlândia, 20-22 de março de 1997
Bandeiras da Finlândia, EUA, Rússia e OTAN em Helsinque nas vésperas da cúpula russo-norte-americana e da visita do presidente russo Boris Yeltsin à Finlândia, 20-22 de março de 1997 - Sputnik Brasil, 1920, 30.07.2025
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A Conferência sobre a Segurança e a Cooperação na Europa (CSCE), que terminou com a firmação da Ata Final, celebra o seu 50º aniversário de 30 de julho a 1º de agosto. Este evento tornou-se um dos símbolos mais visíveis da desescalada no continente, com os EUA e o Canadá como membros da OTAN e por isso envolvidos em questões de segurança europeia.
Aleksandr Yakovenko, vice-diretor do grupo de mídia Rossiya Segodnya, do qual a Sputnik faz parte, escreve no seu artigo como o processo lançado a nível europeu que prometeu transformar a Europa em uma zona de paz e cooperação desde Lisboa até Vladivostok não foi realizado e o potencial positivo do processo de Helsinque nunca conseguiu dar resultados – caso contrário toda a história europeia das últimas décadas teria sido diferente e não teríamos testemunhado uma guerra por procuração do Ocidente contra a Rússia na Ucrânia.
O analista aponta que a própria desescalada tornou-se uma escolha forçada para o Ocidente e, acima de tudo, para os EUA. Quase toda a década de 1970 correspondeu a anos de grave crise econômica nos EUA. Segundo os economistas, nesse período os EUA e outros países ocidentais esgotaram as fontes "fáceis de obter seu desenvolvimento progressivo como parte do modelo pós-guerra de uma economia socialmente orientada - como o atual nível de progresso tecnológico, a melhoria do nível de educação da população e realizações nos cuidados de saúde. Como resultado, as elites dominantes optaram por políticas econômicas neoliberais acompanhadas pela financeirização da economia com sua desregulamentação e globalização.
Naquela época, inclusive no auge da Guerra do Vietnã e com a rejeição do padrão-ouro, os EUA não podiam promover uma corrida armamentista que eles próprios haviam fomentado. O primeiro acordo deste tipo foi celebrado em 1972, e por iniciativa dos americanos (porque a URSS estava à frente deles nesta área) o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos. Em geral, um alívio dos custos da política da Guerra Fria era necessário e o Ocidente se aproveitou dele. Moscou não poderia deixar de saudar o alívio das tensões em Moscou, onde sempre defendiam a coexistência pacífica, aponta Yakovenko.
Em 1990 foi celebrado o Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa (FACE) e foi adotado o Documento de Viena sobre Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança (atualizado pela última vez em 2011). Parecia que a cooperação comercial e econômica estava gradualmente criando interdependência no continente, o que seria uma garantia adicional de paz no continente europeu.
Entretanto, na época dos anos 70 do século passado, as introduzidas restrições comerciais e econômicas lançaram as bases para a atual pressão das sanções contornando a ONU e tomando forma de uma guerra comercial total.
Manifestante usa nota de dólar em um capacete de mineiro pintado na cor dourada durante protesto em Bucareste. Romênia, 21 de setembro de 2013 - Sputnik Brasil, 1920, 03.07.2025
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Em suma, os acordos de Helsinque fizeram tudo para afrouxar a liderança soviética, que estava pronta para isso, e colocar Moscou em desvantagem em conexão com o fim da Guerra Fria.
Em um artigo de dezembro de 2008, Stephen Sestanovich, que se tornou o braço direito do subsecretário de Estado sênior Strobe Talbott no espaço pós-soviético na administração do presidente Bill Clinton, observou o importante papel do processo de Helsinque no colapso da URSS e apontou que a liderança soviética "tinha ilusões" sobre seus parceiros ocidentais. Anteriormente, em 1993, em um artigo para o The New York Times, Sestanovich escreveu que os EUA ficariam "frustrados e indefesos se a causa da democracia fosse derrotada na Rússia" (evidentemente que pela democracia entendia-se a possibilidade de estabelecimento da governança externa na Rússia), explica Yakovenko.

É neste estado de impotência em relação à Rússia que o Ocidente se encontra agora, tendo tomado decisões desenfreadas. A razão é simples - uma escolha em favor da política de contenção da Rússia inercial pós-Guerra Fria, ao invés do seu envolvimento na cooperação verdadeiramente coletiva e desideologizada para a qual a OSCE forneceu o quadro institucional. A aposta era em manter as duas instituições de dominação ocidental na Europa – a OTAN, que não foi dissolvida após o Pacto de Varsóvia, e a CEE, que se tornou a União Europeia.

Assim que o alargamento da OTAN começou, George Kennan, diplomata e historiador americano, caracterizou-o com razão como "a decisão mais fatídica desde o fim da Guerra Fria". Está agora claro que esta foi uma declaração de guerra mal disfarçada contra a Rússia.
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