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Fim da moratória russa sobre mísseis é resposta clara à postura ocidental, diz especialista

© AP Photo / Serviço de imprensa do Ministério da Defesa da RússiaMíssil lançado de um sistema como parte de um teste de míssil balístico intercontinental baseado em terra lançado da instalação de Plesetsk, no noroeste da Rússia, em 9 de dezembro de 2020
Míssil lançado de um sistema como parte de um teste de míssil balístico intercontinental baseado em terra lançado da instalação de Plesetsk, no noroeste da Rússia, em 9 de dezembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 05.08.2025
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Em uma ação sem precedentes no século, os EUA planejam instalar mísseis Typhon e Dark Eagle, cujo alcance pode superar 3 mil km em território alemão a partir de 2026. Paralelamente, a OTAN sinaliza a intenção de expandir efetivos militares a níveis comparáveis aos de tempos de guerra. Confira o que quer dizer a resposta russa.
A semana começou com a decisão da Rússia de encerrar a moratória unilateral que impedia o lançamento de mísseis balísticos com alcance entre 500 km e 5.500 km, em resposta às contínuas ações desestabilizadoras do Ocidente que colocam em risco a segurança do país.
Entre tantas medidas, estão o posicionamento de caças norte-americanos de quinta geração na Europa e o desenvolvimento conjunto por Alemanha e Reino Unido de mísseis de longo alcance, que podem alcançar alvos para além de 2.500 km de distância.
Mesmo após os Estados Unidos deixarem, em 2019, o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), que impedia o uso desse tipo de recurso militar desde 1987, a Rússia ainda mantinha o compromisso por conta própria. Isso até recentemente, quando mudou seu posicionamento em meio às contínuas políticas hostis — em especial, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

"A Rússia já não se considera limitada por nada. Consequentemente, considera-se autorizada, se necessário, a tomar as medidas apropriadas e a dar os passos correspondentes", justificou nesta terça-feira (5) o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

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À Sputnik Brasil, o doutorando em relações internacionais pelo Instituto San Tiago Dantas e pesquisador do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE) Guilherme Conceição afirma que a declaração de Peskov é um aviso claro, feito ao mesmo tempo em que a Rússia sinaliza que não deseja qualquer confronto.

"Sergei Lavrov [chanceler da Rússia] tem criticado o que chama de 'ações desestabilizadoras do Ocidente', mas evitado também a retórica bélica direta, principalmente em relação aos EUA nesse contexto em que o presidente Donald Trump assumiu o governo", enfatiza.

Aliado a isso, o especialista pontua que Moscou também tem investido continuamente em cautela em relação a eventuais retóricas nucleares, inclusive com o recente episódio em que os Estados Unidos posicionaram dois submarinos nucleares em "regiões apropriadas", conforme afirmou Trump.
"Tanto o Peskov quanto o Lavrov têm repetido inteiramente que todos devem evitar a escalada verbal e que os submarinos americanos não representam uma novidade operacional", argumenta, ao lembrar que a Rússia enfatizou que os equipamentos militares estadunidenses já estavam de prontidão e o "reposicionamento deles foi mais simbólico do que operacional."

"Então, ao tratar esse episódio com reserva e evitar também inflamar ainda mais o debate, a Rússia sinaliza que não deseja um confronto, como vem demonstrando desde o início das operações na Ucrânia", acrescenta.

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Mísseis russos apenas 'se necessário'

Na declaração, Peskov enfatizou que a instalação dos mísseis de curto e médio alcance só vai ocorrer se necessário. Esses mísseis possuem carga útil com veículos de reentrada de alvos múltiplos e independentes, praticamente impossíveis de interceptar.
Segundo o especialista, esses equipamentos possuem alcance regional direto e, com isso, dificultam uma reação rápida.

"A presença deles por perto de qualquer fronteira aumenta a sensação de perigo imediato e acaba por reduzir a janela de resposta, o que elimina também o espaço para prudência em crises."

Para o especialista, as ameaças ocidentais com os sistemas Typhon e Dark Eagle, desenvolvidos pelos Estados Unidos após saírem do Tratado INF, abrem caminho "para um retorno ao pior cenário da Guerra Fria".

Sanções contra países que cooperam com a Rússia

Para além das questões militares, há em curso uma tentativa dos Estados Unidos de pressionarem países que possuem ampla relação comercial com a Rússia, a exemplo da Índia, em que Trump afirmou poder aumentar "substancialmente" a tarifa de 25%, em resposta à importação de petróleo russo.

"O governo Trump voltou a ameaçar países como Índia, mas também como China, por cooperarem com a Rússia comercialmente. E, claro, Moscou já criticou essas tentativas como ilegítimas tentativas de forçar a ruptura das relações comerciais, algo que o Trump vem pondo em prática desde o início da sua política tarifária, e que, claro, demonstra também uma estratégia dos Estados Unidos de pressão indireta", afirma o especialista.

Para Conceição, há continuidade da política de sanções intensificada em governos norte-americanos anteriores, agora com o objetivo claro de também atingir o multilateralismo, tanto defendido pela Rússia como por parceiros do BRICS.
"Isso é parte de uma estratégia mais ampla de forçar a Rússia na mesa de negociação para pôr fim ao conflito na Ucrânia, até porque o Trump fez dessa uma das suas promessas de campanha no período eleitoral estadunidense em 2024. Então acredito que é parte dessa lógica de continuidade de sanções, mas agora sob uma nova roupagem", conclui.
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