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Operações do negócio das drogas entram em nova fase: o que e quem está por trás dos ataques na Colômbia?
Operações do negócio das drogas entram em nova fase: o que e quem está por trás dos ataques na Colômbia?
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O presidente colombiano Gustavo Petro denunciou como responsável pelos ataques a junta do narcotráfico, uma organização que, segundo ele, atua... 27.08.2025, Sputnik Brasil
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Na semana passada, um caminhão explodiu em frente à escola de aviação militar em Cali, a terceira cidade mais populosa do país, e um helicóptero da polícia em Amalfi foi abatido matando um total de 19 pessoas e ferindo mais de 60 pessoas, segundo as autoridades.Petro classificou os ataques de "atos de terrorismo e crimes contra a humanidade", atribuídos a estruturas que já não operam sob ideologias guerrilheiras, mas sob o comando de uma poderosa junta criminosa de alcance global. Além disso, o presidente indicou que essa estrutura — herdeira do Bloco Capital dos Paramilitares — controla territorialmente as dissidências de Iván Mordisco, a Segunda Marquetalia e o Clã do Golfo. No início do mês, o senador colombiano e candidato à presidência Miguel Uribe morreu, após ser baleado na cabeça em evento de campanha, em junho passado. Após nove semanas internado, o político não resistiu.Para entender melhor a nova onda de violência na Colômbia, a Sputnik conversou com Wilfredo Canizares, ativista colombiano de direitos humanos, especialista em dinâmicas de fronteira e cultura de paz, que analisou o alcance dessa poderosa rede transnacional e alertou para suas implicações políticas, econômicas e militares.A 'junta do narcotráfico': uma nova fase do crime globalPara Wilfredo Canizares, o que foi revelado por Petro não é uma simples hipótese. Segundo ele, trata-se de "uma nova fase das operações do negócio das drogas". Essa evolução, explicou o especialista, responde à própria lógica da globalização.O narcotráfico nunca foi um fenômeno marginal, afirmou ele, pois não se trata de uma dinâmica isolada ou de uma situação independente de outras forças econômicas e políticas.Dos cartéis locais a uma junta globalEm contraste com os cartéis de Medellín ou Cali dos anos 1990, o especialista destacou que o que existe hoje é uma estrutura internacionalizada, que reúne máfias, narcotraficantes de muitos países, além de grandes empresários dedicados à lavagem de dinheiro, e operadores logísticos importantes em portos e aeroportos, como ocorre na Espanha, Bélgica, Amsterdã, Portugal e, na América Latina, nos portos do Caribe colombiano e do Pacífico, apontou Canizares.Nessa cadeia global, uns compram a pasta base em países produtores, outros realizam o processo de transformação em laboratórios, outros cuidam do transporte, e outros ainda recebem e distribuem. Trump e a narrativa da 'guerra contra o narcotráfico'O especialista colombiano também refletiu sobre as denúncias de Petro e a nova ofensiva dos Estados Unidos, que aprovou o uso da força militar para supostamente combater o narcotráfico na América do Sul. Para Canizares, trata-se apenas de uma manobra discursiva.Segundo ele, se o governo dos EUA realmente desejasse acabar com o atual esquema de narcotráfico o faria com facilidade, pois em seu território estão os narcotraficantes mais poderosos e as grandes redes de distribuição e de lavagem de dinheiro. "Grande parte do dinheiro gerado pelo narcotráfico internacional entra na economia dos Estados Unidos', frisou. Canizares ainda considerou que qualquer ação unilateral contra a Venezuela violaria a soberania regional e que a ideia de uma intervenção seria devastadora. O especialista explicou que, dadas as condições particulares da fronteira colombo-venezuelana, uma aventura militar por parte dos Estados Unidos — sob qualquer pretexto — poderia inclusive terminar em uma derrota para Washington.
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Operações do negócio das drogas entram em nova fase: o que e quem está por trás dos ataques na Colômbia?
03:06 27.08.2025 (atualizado: 09:51 27.08.2025) O presidente colombiano Gustavo Petro denunciou como responsável pelos ataques a junta do narcotráfico, uma organização que, segundo ele, atua internacionalmente como uma confederação de máfias.
Na semana passada, um caminhão explodiu em frente à escola de aviação militar em Cali, a terceira cidade mais populosa do país, e um helicóptero da polícia em Amalfi foi abatido matando um total de 19 pessoas e ferindo mais de 60 pessoas, segundo as autoridades.
Petro classificou os ataques de "atos de terrorismo e crimes contra a humanidade", atribuídos a estruturas que já não operam sob ideologias guerrilheiras, mas sob o comando de uma poderosa junta criminosa de alcance global.
Além disso, o presidente indicou que essa estrutura — herdeira do Bloco Capital dos Paramilitares — controla territorialmente as dissidências de Iván Mordisco, a Segunda Marquetalia e o Clã do Golfo.
No início do mês, o
senador colombiano e candidato à presidência Miguel Uribe morreu, após ser baleado na cabeça em evento de campanha, em junho passado. Após nove semanas internado, o político não resistiu.
Para entender melhor a nova onda de violência na Colômbia, a Sputnik conversou com Wilfredo Canizares, ativista colombiano de direitos humanos, especialista em dinâmicas de fronteira e cultura de paz, que analisou o alcance dessa poderosa rede transnacional e alertou para suas implicações políticas, econômicas e militares.
A 'junta do narcotráfico': uma nova fase do crime global
Para Wilfredo Canizares, o que foi revelado por Petro não é uma simples hipótese. Segundo ele, trata-se de "uma nova fase das operações do negócio das drogas". Essa evolução, explicou o especialista, responde à própria lógica da globalização.
"Assim como o narcotráfico sempre esteve ligado a grandes interesses econômicos e políticos no mundo, e às dinâmicas econômicas que ocorreram — a expansão dos mercados, a eliminação de fronteiras, o intercâmbio internacional de mercadorias — o narcotráfico sobreviveu nesse contexto e, muitas vezes, até impulsionou esses negócios internacionais", detalhou.
O narcotráfico nunca foi um fenômeno marginal, afirmou ele, pois não se trata de uma dinâmica isolada ou de uma situação independente de outras forças econômicas e políticas.
"O narcotráfico está inserido nas dinâmicas econômicas e políticas internacionais", afirmou.
Dos cartéis locais a uma junta global
Em contraste com os cartéis de Medellín ou Cali dos anos 1990, o especialista destacou que o que existe hoje é uma estrutura internacionalizada, que reúne máfias, narcotraficantes de muitos países, além de grandes empresários dedicados à lavagem de dinheiro, e operadores logísticos importantes em portos e aeroportos, como ocorre na Espanha, Bélgica, Amsterdã, Portugal e, na América Latina, nos portos do Caribe colombiano e do Pacífico, apontou Canizares.
Nessa cadeia global, uns compram a pasta base em países produtores, outros realizam o processo de transformação em laboratórios, outros cuidam do transporte, e outros ainda recebem e distribuem.
"Essa junta diretiva reúne todo o negócio do narcotráfico, mas não mais para desenvolvê-lo em um único país, e sim em escala internacional, controlando toda a cadeia do narcotráfico. É uma organização extremamente poderosa, com enorme capacidade de desestabilização — muito poderosa econômica, financeira e politicamente", explicou.
Trump e a narrativa da 'guerra contra o narcotráfico'
O especialista colombiano também refletiu sobre as denúncias de Petro e a nova ofensiva dos Estados Unidos, que aprovou o uso da força militar para supostamente combater o narcotráfico na América do Sul. Para Canizares, trata-se apenas de uma manobra discursiva.
"O tema dessa suposta operação contra o narcotráfico não me parece ter outro objetivo senão vender a ideia de que os países latino-americanos são os responsáveis pela tragédia vivida pelos Estados Unidos. Assim como nos anos 60 usaram a luta contra o comunismo, nas últimas décadas a luta contra o narcotráfico tem sido o pretexto para intervir e justificar desastres humanitários em diversos países", acusou.
Segundo ele, se o governo dos
EUA realmente desejasse acabar com o atual esquema de narcotráfico o faria com facilidade, pois em seu território estão os
narcotraficantes mais poderosos e as grandes redes de distribuição e de lavagem de dinheiro. "Grande parte do dinheiro gerado pelo narcotráfico internacional entra na economia dos Estados Unidos', frisou.
Canizares ainda considerou que qualquer
ação unilateral contra a Venezuela violaria a soberania regional e que a ideia de uma intervenção seria devastadora. O especialista explicou que, dadas as condições particulares da fronteira colombo-venezuelana, uma aventura militar por parte dos Estados Unidos — sob qualquer pretexto —
poderia inclusive terminar em uma derrota para Washington.
"Para a Colômbia, seria extremamente grave nos âmbitos militar, político interno e humanitário. O impacto em toda a América Latina e no Caribe seria catastrófico. Seria iniciar um conflito cujo começo os Estados Unidos poderiam controlar, mas não o fim. A América Latina já demonstrou que sabe resistir e que sabe se reerguer. Muitos países jamais aceitariam uma intervenção militar na Venezuela", afirmou.
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